Nesta terça-feira, 10 de dezembro, dia em que se comemora a Declaração Universal dos Direitos Humanos, o Teatro Atheneu receberá uma apresentação diferente. As internas do Presídio Feminino (Prefem) expressarão, naquele palco, a sua verdade através da arte. De acordo com o Coordenador Artístico do Projeto Penarte – que inclui aulas de Teatro, Dança, Poesia, Música e Circo -, Ivo Adnil, este ano, o texto encenado será “As violetas são belas, as abelhas, violentas”, de autoria de Cláudio Viana, agente prisional e idealizador do Projeto.
“Cláudio lançou um livro chamado ‘Poemas Sem Nome’ e, desse livro, pegamos 40 poemas para montar o espetáculo. Seis poemas foram musicados”, conta Ivo sobre a apresentação, que contará com a participação de 40 internas”, conta. Para sair do presídio, a Diretora do Prefem, Lília Melo, e a Secretaria de Estado da Justiça e de Defesa ao Consumidor (Sejuc) fazem a solicitação ao Juiz da Vara de Execuções Criminais. “No ano passado foi inédito tirar 40 internas da unidade para fazer uma apresentação no teatro. E foi um sucesso. O Atheneu lotou. Apresentamos ‘O dia em que os cadeados se rebelaram’, em dezembro, e novamente em abril, como convidados do Festival Sergipano de Teatro”, revela Ivo.
O artista plástico conta, ainda, que este ano o grupo também fará uma homenagem a Shakespeare. “Ano que vem temos a comemoração dos 450 anos do nascimento dele e, por isso, faremos uma intervenção no foyer do teatro com sete sonetos da sua autoria. Ou seja, deu Shakespeare no Presídio Feminino também!”, brinca Ivo. De acordo com ele, a proposta é levar até as internas, poesia de qualidade e textos mais rebuscados. “A gente busca textos que estejam fora do cotidiano delas, desse dialeto sofrido da rua. Aí trazemos sempre esse bálsamo e os textos desse ano dialogam muito com elas. Têm tudo a ver com a questão do sistema prisional porque boa parte deles foi feito aqui, com Cláudio de guarda, observando elas. Então encaixou muito bem”, finaliza Adnil.
Suchaiane Alves, de apenas 22 anos, é um dos talentos revelados dentro da unidade prisional. Presa há um ano e cinco meses, ela participa do Penarte desde a primeira edição e, além de atuar, também canta. Par ela, as oficinas são uma grande oportunidade de mudança. “É bom sair de lá de dentro, dar tudo da gente para chegar lá no dia, apresentar direitinho e mostrar a todo mundo que quem está aqui dentro quer mudar, sair diferente, e não continuar como era antes. Todo mundo aqui tem seu dom, seu talento. Eu mesma, quando sair daqui, quero terminar meus estudos e fazer faculdade de psicologia”, revela ‘Chai’, como é conhecida no Prefem.
Mãe de três filhos e avó de dois netos, Joana Darc Santos Melo, 37 anos, está há um ano e três meses no Prefem e participa do Penarte pela primeira vez. Dona de um vozeirão, Joana interpreta com a alma, e afirma que é o projeto é uma maneira de sair da ociosidade. “Quero mostrar para a minha família e para a sociedade que eu sou capaz. É bom para ocupar o tempo aqui. A diretora [Lilia Melo] não deixa a gente ficar sem a mente ocupada não. Aqui tem muitos projetos e cursos. Pra gente aqui é bastante gratificante”, opina Joana Darc.
A apresentação tem início às 16h e o acesso se dará através do valor simbólico de R$ 10,00 que, segundo a diretora do Prefem, Lilia Melo, serão revertidos em pagamento da equipe técnica do teatro e do material cênico utilizado durante a peça.
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Rebecca Melo, da Assessoria de Imprensa da /Sejuc