Há sete dias a Polícia Civil de Sergipe investiga um suposto crime de estupro de vulnerável de quatro crianças praticados por uma rede de pedófilos que agiriam em uma fazenda no município de Itaporanga D’Ajuda. No entanto, mesmo antes da conclusão dos trabalhos, a delegada de Itaporanga D’Ajuda responsável pelo inquérito, Mariana Amorim, apresentou na manhã desta terça-feira, 22, um laudo produzido pelo Instituto Médico Legal de Alagoas que aponta que as quatro meninas não foram violentadas sexualmente.
A delegada informou que o caso foi registrado inicialmente em uma Delegacia de Polícia na cidade de Maceió. Na época, as meninas informaram que foram abusadas sexualmente pelo padrasto. Foi com base nessa informação que a delegada alagoana pediu um exame de corpo de delito a fim de constatar a veracidade do caso, fato que foi desmentido cientificamente.
No entanto, a Polícia Civil de Alagoas remeteu o caso a Sergipe a fim de comprovar outros fatos, já que o estupro havia sido descartado. A Polinter iniciou um levantamento dos fatos, porém naquela época a superintendente da Polícia Civil, Katariana Feitoza, disse que não havia informações de detalhes tão morbidos envolvendo o caso como os que surgiram nos últimos dias.
Mariana Amorim ressalta há uma diferença clara entre os fatos narrados pelas crianças na Delegacia de Polícia de Alagoas e entre o que elas disseram ao Conselho Tutelar e à imprensa. “A delegada alagoana registrou um caso de abuso sexual por parte do padrasto das crianças, mas isso não foi confirmado pelo médico legista. Já a imprensa e ao Conselho Tutelar de Alagoas elas relataram que eram levadas pela mãe à uma fazenda para serem abusadas sexualmente por uma rede de pedófilos”, explicou.
Em entrevista veiculada na imprensa, elas contaram que meninas foram mortas e a carne era comida em um ritual macabro. “Já ouvimos a mãe da criança e assim que ela tomou conhecimento da denúncia pela imprensa nos procurou acompanhada de um advogado. Ela negou todo tipo de acusação e confessou que teve um relacionamento bastante tumultuado com o pai de suas filhas, tendo inclusive um forte histórico de violência física. Tudo foi comprovado por meio de registros anteriores na delegacia. O que fica evidenciado é que há um problema familiar sério e que essas crianças nasceram em um contexto problemático cujo pico de confusões veio a se concretizar nessa denúncia”, destacou.
Katarina Feitoza enfatizou que é preciso ter muito cuidado para abordar esse caso a fim de não vitimizar as crianças ainda mais. Ela destacou que a Polícia Civil não trabalha com nenhum tipo de conclusão antes de finalizar o inquérito policial. “O que a PC de Sergipe está afirmando até o momento é com base em um laudo do IML de Alagoas. Foi feita a pergunta ao perito se houve violência sexual e ele respondeu que não. O que estamos afirmando é que vamos apurar um fato de um suposto abuso sexual, se isso aconteceu ou não somente no final do inquérito é que poderá dizer”, destacou.
A superintendente pediu tranquilidade e disse que a população sergipana pode confiar nas investigações e em tudo que será apurado e analisado. “Fica claro que essas crianças precisam de acompanhamento de um psicólogo, de um assistente social na próxima vez que forem ouvidas, pois somente esses têm competência para analisar o comportamento e a fala dessas meninas”, disse.
Depoimentos
Nesta terça-feira, a Polícia Civil espera receber uma cópia dos depoimentos das meninas dado em agosto de 2013 na Delegacia de Alagoas. “Estou recebendo o áudio com o depoimento e após analisar as falas decidirei se irei a Alagoas. Todos os dias aparecem aqui na delegacia vizinhos e pessoas próximas ao ex-casal e todos negam esse fato”, constatou Mariana.
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Ascom/ SSP