O número de pacientes que deu entrada no Hospital de Urgências de Sergipe (Huse), vítimas de acidentes envolvendo motos e motonetas, diminuiu em 2016 se comparado aos registros de 2015. A constatação veio através das estatísticas do Sistema Integrado de Informatização de Ambiente Hospitalar (Hospub), que contabilizou o atendimento a 6.965 usuários do SUS desta natureza em 2016. Já em 2015, foram 7.511.
De acordo com o levantamento anual, foram 6.874 vítimas de acidentes com moto no ano passado, 5,73% a menos que em 2015, quando foram registrados 7.292 atendimentos deste tipo. A redução mais impactante está relacionada às ocorrências com motoneta: foram 91 pacientes com este perfil em 2016 e 219 no ano anterior, o que equivale a uma diminuição de 58,44%.
“Essa redução foi percebida no dia a dia da unidade, principalmente nos últimos meses. As áreas Vermelha e Verde Trauma, que recebem os pacientes deste tipo, em muitos momentos ficaram com a lotação dentro ou até abaixo da capacidade. Isso implica em qualidade de atendimento, otimização no controle do estoque do hospital, além de melhores condições de trabalho para as equipes”, avalia a superintendente do Huse, Lycia Diniz.
A gestora também destaca alguns fatores que contribuíram para a diminuição do número de vítimas de acidentes com motonetas. “O Departamento Nacional de Trânsito (Denatran) passou a exigir a Carteira de Habilitação para guiar as chamadas motos ‘cinquentinhas’ e aumentou o valor da multa para quem não cumprir a Lei, o que, certamente, diminuiu a procura pelo veículo”, analisa.
A fiscalização dos órgãos responsáveis e os projetos educativos promovidos ao longo do ano, segundo ela, também tiveram papel importante. “A própria Secretaria de Estado da Saúde (SES) atuou com a Campanha Motociclista Vivo em escolas, postos de saúde e espaços públicos. Temos que acreditar que a nossa população está mais consciente. Boa parte dos acidentes de trânsito poderia ser evitada com educação e tolerância dos condutores dos veículos. Somente com um trabalho de cunho educativo poderemos alcançar bons resultados nesse sentido”, aposta Lycia Diniz.
Fluxo de atendimento
Quando uma vítima de acidente de trânsito é levada ao Huse, após ser regulada pelo Central de Regulação das Urgências (CRU), há dois caminhos de atendimento, dependendo do quadro clínico dela. Se for um caso moderado ou leve, a porta de entrada é a Verde Trauma, onde o paciente será avaliado por um cirurgião geral e um especialista, se houver necessidade.
“Mesmo que não haja nada aparente, essa pessoa é observada por 24 horas. Quando existe ferimento, é dado todo o tratamento necessário, inclusive com a realização de cirurgia plástica, nos casos de queimaduras mais graves”, esclarece a superintendente da unidade hospitalar.
Se o paciente possuir fratura ortopédica, muito comum em ocorrências de trânsito, e a lesão for exposta, ele é operado em até seis horas, prazo máximo para a realização do procedimento desse tipo.
“Temos equipes em outras instituições como o Hospital Cirurgia ou o Hospital da Polícia Militar, que realizam a cirurgia de segundo tempo. Em algumas situações, o paciente recebe alta médica, com a tala gessada no local da fratura, faz o agendamento e, então, é operado nessas unidades. Há também os que aguardam na enfermaria do próprio Huse para posterior operação”, detalha Lycia Diniz.
Se o paciente for grave, levado por uma Unidade de Suporte Avançado (USA) do Samu, ele é encaminhado à área Vermelha. “Lá, temos médicos intervencionistas e emergencistas que solicitam a presença dos especialistas, a depender da necessidade. O destino dos pacientes deste perfil, quase sempre, é o Centro Cirúrgico, com possibilidade de UTI também. É uma assistência minuciosa e muito cara”, ressalta.
A jornalista Andrea Oliveira está dentro desta estatística. Após sofrer um acidente no dia 17 de dezembro de 2016, ela foi regulada ao Hospital de Urgências por uma ambulância do Samu. “Fiz os exames que precisava para detectar possíveis fraturas e recebi os cuidados de um neurologista. Passei cerca de 24 horas na unidade e recebi um bom atendimento”, conta. Segundo a jovem, na noite que deu entrada no Huse havia muitas pessoas recebendo assistência também, inclusive casos mais graves que o dela.
“Em um momento difícil da minha vida, encontrei lá a ajuda que precisava. É difícil citar um nome, mas faço questão de falar dos profissionais Luis Carlos e Socorro, que me deram banho, me acalentaram, pois eu sentia muita dor. Eles me incentivaram a ter a força que eu precisava para aguentar tudo aquilo. Eles fizeram todos os procedimentos corretos para que eu não tivesse nenhum tipo de infecção nas feridas”, relata, emocionada, ao lembrar da situação que viveu.
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Da ASN