O Hospital de Urgência de Sergipe (Huse) atendeu entre o ano de 2013 até os dois primeiros meses de 2015, 1.626 pessoas com picada de escorpião. Os dados são do Centro de Informações e Assistência Toxicológica do Huse (Ciatox), que verificou um atendimento de 734 homens e 891 mulheres.
Os números ainda dão conta que a maioria dos casos ocorreu na zona urbana, onde se registrou 1.610 pessoas picadas. Na zona rural, somente 14 casos foram registrados e dois atendimentos tiveram o local do acidente ignorados.
“Quando comparamos os dados dos acidentes com escorpião com os de cobra, podemos concluir que as picadas de escorpião ocorrem dentro das residências e, por isso, atingem mais as mulheres. Já a maior parte dos acidentes com cobra ocorre com homens e na zona rural”, disse Tânia Maria Vieira Souza, enfermeira do Ciatox.
Os números do Ciatox mostram que as pessoas precisam tomar cuidados simples para evitar a presença do animal. O principal cuidado é a higiene das residências e a boa conservação dos ambientes.
“O habitat natural do escorpião é a mata. O bicho peçonhento tem hábito noturno e preferência por locais úmidos. Porém, o desmatamento e o crescimento das cidades para as zonas rurais fizeram com que eles adaptassem muito bem dentro das residências e passaram a se alimentar principalmente de baratas”, explicou.
De acordo com a técnica pelo programa de Animais Peçonhentos da Secretaria de Estado da Saúde (SES), Monique Santana, os escorpiões se alojam dentro da rede de esgoto, quintais – principalmente naqueles onde possuem materiais de construção -, entulhos ou objetos de pouco uso aglomerado e em terrenos baldios com vegetação densa.
A melhor forma de evitar os acidentes com esses animais, segundo a enfermeira, é manter o ambiente limpo, ralos com telas, quintais sempre com as plantas podadas. “Não há inseticida que comprove a eficácia na sua mortalidade”, disse Monique Santana.
No caso de picada de escorpião a pessoa deve procurar uma Unidade Básica de Saúde para ser avaliada por um médico. “Geralmente a picada é muito dolorida e para combater a dor utiliza-se apenas um analgésico. Na maioria dos acidentes não é necessário o uso do soro anti-escorpiônico. É preciso uma maior atenção para evitar acidentes com crianças e idosos, pois em 2008 foi registrado o último óbito de uma criança. Na necessidade do uso desse soro o médico irá encaminhar para um hospital”, explicou Monique Santana.
Segundo a técnica, o Huse é a referência Estadual para atendimento das pessoas picadas por escorpião. “Mesmo o Huse sendo a referência de atendimento, não quer dizer que todos os casos devam ser atendidos na unidade, uma vez que temos medicamentos disponíveis em todos os hospitais regionais e em algumas cidades mais distantes que apresentam maior incidência de acidente”, acentuou.
“A indicação para o soro ocorre quando o paciente começa a apresentar sintomas sistêmicos a exemplo de sudorese excessiva e vômito, podendo evoluir ao óbito caso o atendimento não seja imediato. Nunca deve ser feito torniquete no local da picada ou chupar para tentar remover o veneno e, sempre que possível e de forma segura capturar o animal para levar junto com o paciente para onde ele for atendido”, complementou Monique Santana.
A técnica ainda ressalta o trabalho que as Secretaria Municipais de Saúde devem desenvolver em relação ao animal. “O escorpião de maior importância em nosso estado é o da espécie Tityus Stigmurus, vulgarmente conhecido como barata, devido sua coloração, mas há outras espécies. É de suma importância que os municípios trabalhem para identificação dessas espécies. Caso não consigam identificá-las, o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen) de Sergipe pode ajudar. Por isso, é preciso que o animal seja enviado em frascos devidamente acondicionados”, disse a técnica da SES.
Fonte: ASN