A educação continuada dos profissionais que integram o Hospital de Urgências de Sergipe (Huse) é prática habitual na unidade. Investir nos profissionais significa ganhos na qualidade do atendimento e acolhimento ao paciente. Prova disso, foi o Curso de Atendimento ao Paciente Queimado 2016, realizado nesta terça-feira, 31, no auditório do hospital e promovido em parceria com a Sociedade Brasileira de Queimaduras (SBQ) com objetivo de qualificar o atendimento.
“A SBQ tem um papel fundamental. O evento trouxe uma preocupação social, não só com a Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica como da Secretaria de Estado da Saúde e a Fundação Hospitalar de Saúde. A partir dessa qualificação, os profissionais estão aprimorados e atuando cada vez melhor na assistência”, explicou a referência técnica da cirurgia plástica no Huse e integrante da SBQ, Moema Santana.
Por ser considerada referência regional em atendimentos a vítimas de queimaduras, profissionais da Unidade de Tratamento de Queimados do Huse (UTQ) apresentaram a estrutura elaborada para atender a demanda de pacientes durante o período junino. Todos os anos, tanto as equipes que atuam na UTQ, como nos setores de urgência e emergência do hospital, passam pelo treinamento.
O diretor técnico do Huse e cirurgião plástico, Ricardo Araújo, falou sobre a preparação do hospital para receber pacientes vítimas de queimaduras no período junino.
“Preparamos uma sala especializada para tratamento do queimado com equipes especializadas para realizar curativos nos pacientes. Nos dias críticos (23 e 24, 28 e 29) teremos o dobro da quantidade de cirurgiões plásticos para atender os pacientes. Além disso, a UTQ disponibilizará macas fixas e móveis para atendimento mais rápido possível do paciente e material de curativos, insumos. Ativaremos a Ala D, caso a UTQ venha superlotar. Dispomos de uma equipe multidisciplinar que presta toda a assistência ao paciente e as familiares”, explicou.
Educação Permanente
Na capacitação, o auditório do Huse recebeu aproximadamente 200 profissionais de saúde que atuam no hospital, nas Unidades de Pronto Atendimento (UPA 24 Horas), Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), Hospitais Regionais, salas de estabilização das Clínicas de Saúde da Família 24 horas, entre outras unidades, além de acadêmicos em Enfermagem que debateram sobre temas importantes para o melhor tratamento aos pacientes queimados.
O coordenador da UTQ do Huse, Bruno Cintra, frisou que o objetivo do curso foi padronizar o atendimento ao paciente queimado nas primeiras 24 horas para depois encaminhá-lo, quando necessário, às referências regionais de média e alta complexidade.
“O aprimoramento profissional é fundamental para organizar como vai ser nosso atendimento diante dos festejos juninos. A média é de um aumento de 300% no atendimento durante essa época. Essa é a segunda edição do curso e os resultados do primeiro foram muito positivos, reduzindo até o número de pacientes encaminhados de outras unidades”, ressaltou.
Programação
A programação contou com palestras ministradas por profissionais do hospital que desenvolvem grandes procedimentos com esse tipo de paciente. Temas como conceitos básicos de queimaduras e seus critérios de encaminhamento, atendimento inicial, reposição volêmica, atendimento pré-hospitalar e transporte do paciente queimado, cuidados clínicos, tratamento cirúrgico, queimaduras em crianças, além da estrutura do Huse e da UTQ para o atendimento ao queimado, foram debatidos e trabalhados com os participantes.
De acordo com o cirurgião plástico da UTQ, Felipe Brasileiro, a forma como proceder no primeiro contato com uma vítima de queimaduras é muito importante.
“O tratamento final vai depender muito do tipo de queimadura. O primeiro momento após a queimadura é muito importante para o êxito. É ideal que resfrie a área atingida, apenas água corrente e nenhum outro produto caseiro. Lavar a área com água e sabão, proteger a área com um curativo ou um pano limpo e se dirigir a unidade de saúde mais próxima da sua casa para um tratamento adequado”, informou.
Estrutura
A gerente da UTQ, Elmara Salgado, disse que a estrutura montada na unidade para receber as vítimas de queimaduras ficará montada até o final do período junino. “A estrutura da UTQ é formada por 14 leitos, sendo 4 pediátricos, 2 semi intensivos e 8 para adultos, além de um centro cirúrgico para realização de curativos e pequenos procedimentos”, enfatizou.
Outro destaque importante do curso foi quanto a questão do atendimento pré hospitalar e o transporte do paciente queimado. A médica da UTQ, Heloísa Lazaro, relata que deve ser dado o melhor atendimento no menor tempo possível. “A proposta primária não é levar um paciente queimado para um centro intensivo e, sim, trazer esse tratamento intensivo precoce para o paciente. Não adianta transportar o paciente de qualquer jeito. Ele precisa de condições adequadas”, disse.
Participantes
O acadêmico em Enfermagem, Robson da Silva, realiza estágio no Hospital São Vicente de Paula, no município de Propriá. Ele participou do curso. “Essa capacitação foi de grande importância não só para quem já está atuando como profissional, mas para nós acadêmicos. As mudanças acontecem gradativamente e quanto mais estivermos atualizados, mais riqueza teremos para atender esse tipo de paciente”, disse.
A coordenadora assistencial do Hospital Regional de Estância, Luara Carvalho, levou uma equipe de 15 profissionais e ficou encantada com o aproveitamento do curso.
“Por ser uma região onde temos vários pacientes queimados e ser o primeiro atendimento, é importante a equipe estar preparada com essas atualizações de informações”, salientou.
Para o coordenador do Pronto Socorro do Huse, Vinícius Vilela, “o hospital é porta aberta e recebe um grande número de vítimas nesse período além da demanda diária. Seja trazido pelo Samu ou deslocado por conta própria, a sala de procedimento no pronto socorro é o local para o primeiro atendimento do paciente”, afirmou.
Estatísticas
De janeiro a maio deste ano, o Huse já atendeu a 203 vítimas de queimaduras por substâncias químicas, fogos de artifício, líquidos quentes e queimadura solar. Uma prova de que o hospital recebe esse tipo de paciente durante todo o ano e não apenas no período junino, quando esse número só aumenta.
No ciclo junino, em 2014, foram registrados 87 queimados assistidos pelo Sistema Único de Saúde (SUS) na unidade. Desse total, 56 pacientes foram queimados por fogos de artifício. No mesmo período do ano passado (2015) esse número caiu para 63 pacientes queimados e o número de queimados por fogos de artifício caiu para 16 pacientes.
Em funcionamento 24 horas por dia, o serviço da UTQ é um dos poucos da região credenciado pelo Ministério da Saúde (MS) como referência nesse tipo de tratamento. A equipe multidisciplinar do setor é composta por cirurgiões plásticos, nutricionistas, enfermeiros, anestesiologistas, auxiliares de enfermagem, clínicos e pediatras.
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Matéria extraída do Portal Agência Sergipe de Noticias.