A priori, devo manifestar à senhora as razões que me levaram a escrever, de forma direta, objetiva e franca, essa carta aberta. Eu sou daqueles que prefere o enfrentamento à luz do dia, sem subterfúgios, sem cinismo, sem arrogância, tratando de forma séria os assuntos sérios. Política não é lugar para molecagem.
Muito me admira – apesar de conhecer o seu caráter sensacionalista e leviano – que uma senhora de meia idade, mãe de família, Deputada e Secretária Municipal seja capaz de descer a nível tão rasteiro.
As estripulias verbais que a senhora lançou contra a minha pessoa da Tribuna da Assembleia Legislativa do Estado de Sergipe são, por sórdidas, dignas do mais profundo repúdio. A senhora não respeitou a mim, tampouco a si própria.
Não tenho a mínima pretensão de rebaixar-me a ponto de responder-lhe na mesma moeda. Seria contraproducente e, confesso, por mais que me esforçasse, jamais seria capaz de superá-la em destempero e baixeza.
No entanto, por dever de honra, permito-me pontuar, tanto quanto achar necessário, algumas questões.
Seria a senhora tão profundamente autoritária a ponto de não suportar críticas lançadas por um adversário político? Seria a senhora tão magnificamente prendada a ponto de não recair sobre as suas ações políticas quaisquer elementos passíveis de contestação? Seria a senhora uma pessoa infalível, inalcançável às críticas, por ter alcançado a perfeição?
Não creio, sinceramente, que a senhora manifeste nenhuma das características acima. Portanto, excelência, dada a sua “experiência e formação” cantada em verso e prosa pelos seus, talvez seja a hora de começar a conviver com o contraditório.
Registro, por oportuno, que jamais atingi a sua honra pessoal, que sempre manifestei a minha discordância política em relação às suas ações de forma respeitosa. Isso não quer dizer que não tenha sido enérgico, contundente. Isso quer dizer apenas que, embora mais jovem, mantive sempre o bom senso e a compreensão no sentido de separar as coisas de forma devida. Critico a sua postura política e, goste a senhora ou não, manterei a mesma linha, sem a necessidade de rebaixar o debate ao nível que a senhora se propõe.
Eu jamais afirmei em qualquer instância que a senhora abandonou ou traiu Lagarto ao aceitar o convite do Prefeito de Aracaju para ser a sua Secretária Municipal de Saúde. Quem, reiteradas vezes, tem manifestado esse entendimento é o povo de Lagarto.
A senhora é filha de uma família de Lagarto, cujos ancestrais militam na política há décadas. Eu sou filho de uma família de Lagarto que, igualmente, milita na política há décadas. Somos adversários desde sempre. Eu particularmente tenho imenso orgulho das minhas tradições.
Chegaria a ser cômica, se não fosse tão grosseira, a forma que a senhora se reporta às minhas origens, bem como a minha posição de governista. Como se isso não fosse absolutamente natural, tanto pelo fato de que, aqui e alhures, a tradição política perpassa gerações, quanto pelo fato de que ora somos oposição, ora somos governistas.
A senhora está no grupo político do atual Prefeito de Aracaju, estava quando este foi Governador de Sergipe, apesar – e aí é problema seu – de tudo que esse mesmo grupo foi capaz de fazer contra seu próprio irmão.
Eu desejo, como sergipano, que a senhora reencontre seu equilíbrio emocional e realize uma boa gestão. Que seja pelo menos diferente daquela que o seu líder, quando Governador, levou a efeito na Saúde Pública. Nunca é demais lembrar que o Estado de Sergipe, no ano de 2006, tornou-se inadimplente e perdeu as certidões necessárias à obtenção do financiamento e equilíbrio gerencial da administração pública.
A razão é conhecida. Não foi investido o percentual mínimo exigido pela Constituição federal em Saúde. Foi investido algo em torno de 10%, quando seria imprescindível 12%. Essa desídia levou o Estado à inadimplência, impossibilitando a sua administração, até que o Governo Déda lograsse, quase um ano depois, no Supremo Tribunal Federal, recuperar a capacidade de administração do Estado.
De toda a ladainha proferida da Tribuna da Assembleia, dados os termos colocados, afora o destempero e despreparo, resta a impressão de que há um incontido desprezo pela ascensão da juventude na política. Espero que em seu íntimo não haja espaço para sentimento tão vil.
Por essas razões excelência, rogo-lhe que volte à razão e concentre-se na administração. Essas picuinhas, essas indignidades que a senhora lançou, de forma dissimulada, contra a minha pessoa, em nada, absolutamente nada, contribuirão para o seu sucesso.
Gustinho Ribeiro
Deputado Estadual
Assessoria de Imprensa do Deputado Estadual Gustinho Ribeiro