A greve dos enfermeiros e agentes comunitários de saúde vem comprometendo a prevenção de doenças dos aracajuanos. Serviços como a aplicação de vacinas, combate a endemias e realização de curativos estão reduzidos nas Unidades Básicas de Saúde (UBS) devido à diminuição dos profissionais no local. Durante todo o período grevista, que já dura mais de um mês, a Prefeitura de Aracaju manteve aberto um canal de negociação com os representantes das categorias e explicou que a atual situação financeira municipal não oferecia condições para atender ao reajuste exigido.
A enfermeira Rute Silva não aderiu à greve e acredita que agora não é o momento para reivindicar questões salariais. “O foco da greve da categoria é a questão salarial e a gente já sabe que isso agora não vai ser visto. O prefeito está honrando o compromisso dele de pagar dentro do mês e creio que as outras coisas vão se encaixar. Se ele continuar realizando o pagamento dentro do mês como vem fazendo, dá credibilidade para que as demais coisas que foram prometidas por ele também sejam atendidas, assim que houver condições”, explica a servidora.
“Eu acredito que nós devemos dar uma credibilidade ao prefeito Edvaldo Nogueira. O momento hoje é outro. Não estamos mais com o salário atrasado e acho que precisamos confiar. Apesar de alguns colegas estarem em greve, eu permaneço atuando”, justifica a agente comunitária de saúde, Olanda Souza dos Santos.
A enfermeira Quênia Souza também não aderiu à greve e preferiu avaliar as condições municipais antes de tomar a decisão. “Entendo que, para a gestão, quando se recebe a Prefeitura já bem desfalcada, numa situação bem difícil, caótica em todos os sentidos, fica difícil assumir e já conseguir o aumento linear. Apesar de entender todas as dificuldades o município está passando, o prefeito está mantendo o salário da gente em dia, e isso é positivo”, analisa.
Porém, mesmo com uma parte dos servidores em atividade, o desfalque de profissionais gera transtornos aos aracajuanos que buscam os serviços de saúde. “Em agosto, minha filha vai precisar de uma vacina que toma aos cinco anos e eu, devido à gravidez, também vou precisar. Fico preocupada ao pensar que a situação pode continuar assim e prejudicar a nossa saúde. É injusto com a população que precisa do serviços deles”, ressalta Marina Fernanda Santos Ferreira, gestante de sete meses
Andréa Silva está com a vacina do filho de cinco meses atrasada e já angustiada com a possibilidade de não ter as próximas vacinas. “Ele está prestes a completar seis meses e já vai precisar de outras vacinas. Ficamos tristes por saber que os postos têm as vacinas, mas não tem quem aplique. A nossa imunização fica muito comprometida com essa greve”, destaca a manicure.
Em negociação
No momento, representantes do Sindicato dos Enfermeiros do Estado de Sergipe (SEES) e do Sindicato dos Agentes Comunitários de Saúde e dos Agentes de Combate às Endemias do Município de Aracaju (Sacema) aguardam a próxima reunião com os secretários municipais da Fazenda, Jeferson Passos, e de Orçamento e Gestão, Augusto Fábio, para receberem a comprovação do estudo de impacto financeiro que foi realizado durante esse período. Eles reivindicam também a implantação do projeto de lei da insalubridade e um informativo pela SMS sobre a implantação do ponto eletrônico e suas peculiaridades.