O governador Jackson Barreto (PMDB) decretou nesta terça-feira (1º) emergência em saúde devido ao aumento dos casos de microcefalia em Sergipe. O gestor estadual se reuniu com secretários no Palácio dos Despachos, em Aracaju, para traçar um plano de emergência para frear o número de casos e definir como será o atendimento as crianças e gestantes.
Hoje, durante a reunião Extraordinária do Colegiado Interfederativo Estadual (CIE), a Secretaria de Estado da Saúde (SES) atualizou para 78 de microcefalia em 32 municípios sergipanos. No país, esse número chega a 1.248 casos notificados.
“Nós somos o segundo estado a apresentar um plano de emergência diante da situação dessa endemia que consiste em notificar os casos e fazer o acompanhamento das crianças, além de combater o mosquito transmissor da doença para evitar que a doença se alastre. Decretando a situação de emergência podemos contratar e comprar medicamentos para todos os municípios e evitar o crescimento dessa situação”, destacou Jackson Barreto.
Sobre a questão do desencontro de números entre estado e Ministério da Sáude, o chefe do Núcleo do Ministério da Saúde em Sergipe, Giofranco Reis. revelou: “Isso se dá porque a secretaria divulga aqui primeiro e depois notifica o Ministério da Saúde, mas estamos trabalhando em conjunto e desde ontem tem uma equipe do Ministério acompanhando de perto o trabalho realizado”, explicou.
“Desde agosto as maternidades começaram a identificar o aumento no número de casos de microcefalia. Os casos suspeitos são identificados durante o pré-natal no ultrassom obstétrico ou após o nascimento após a medida do perímetro cefálico. Uma equipe da Secretaria de Estado da Saúde está sendo treinada em Sergipe para dar suporte a casos suspeitos de microcefalia e o governo já fechou contrato com quatro laboratórios para a realização de exames”, explicou o secretário de estado da saúde, José Macedo Sobral.
Morte bebê
Nesta terça-feira (1º) a SES confirmou a morte de um bebê com microcefalia em Sergipe. Este é o primeiro registro de óbito com essa falha na formação cerebral desde o surto da doença, que já está comprovadamente relacionada à infecção do Zica vírus apesar de ter outras causas.
De acordo com o médico infectologista Marco Aurélio Góes, o bebê estava internado na Maternidade Nossa Senhora de Lourdes desde que nasceu já em estado grave de saúde.
Na tentativa de reduzir a incidência de infecção do vírus, a orientação é que a população ajude a combater o mosquito Aedes aegypti que transmite o zika, a dengue e a febre chikungunya. Os médicos investigam possível ligação do zika vírus com outra doença rara, a síndrome de Guillain-Barré que atinge o sistema nervoso, provoca febre, dificuldade de respirar, dores de cabeça e nas articulações, dormência e fraqueza nos pés e nas pernas e, em casos mais graves, leva à paralisia dos membros.
Zica x Microcefalia
No último sábado (28), o Ministério da Saúde confirmou a relação entre o zika vírus e os casos de microcefalia na região Nordeste, após a identificação do micro-organismo em amostras de sangue e tecidos do bebê nascido no Ceará que acabou morrendo. A criança apresentava microcefalia e outras malformações congênitas.
De acordo com a pasta, a situação é “inédita na pesquisa científica mundial”, com risco associado aos primeiros três meses de gestação. No dia 11 de novembro, o ministro da saúde, Marcelo Castro, declarou estado de emergência em saúde pública por causa dos casos suspeitos de microcefalia.
A microcefalia é uma condição rara em que o bebê nasce com o crânio do tamanho menor do que o normal. Para crianças que nasceram com nove meses de gravidez, a doença se apresenta quando o perímetro da cabeça é menor do que 33 cm – o esperado é que bebês tenham pelo menos 34 cm.
A maior parte dos casos é causada por infecções adquiridas pela mãe, especialmente no primeiro trimestre da gravidez, que é quando o cérebro do bebê está sendo formado. Toxoplasmose, rubéola e citomegalovírus são algumas doenças que causam a microcefalia. Outros possíveis causadores são abuso de álcool e drogas ilícitas na gestação e síndromes genéticas como o Down.
Com informações do G1, em Sergipe