João Henrique Marques, do UOL, em São Paulo
O “sangue na veia” tão aclamado pelo presidente Paulo Nobre não faltou. Assim como o forte apoio da torcida. O que pesou foi a deficiência técnica. O Palmeiras entrou como favorito, encarou uma enorme catimba do Tijuana na noite desta terça-feira, no Pacaembu, e foi eliminado nas oitavas de final da Libertadores ao perder por 2 a 1. Bruno, com incrível frango sofrido no primeiro gol adversário, foi o retrato de um time sem qualidade com a bola no chão durante quase todo o jogo. Arce ampliou na segunda etapa. Souza, de pênalti, descontou para o Palmeiras. O time mexicano agora irá enfrentar o Atlético-MG nas quartas de final.
A falha do goleiro palmeirense aconteceu aos 26 minutos de jogo em chute fraco, e no meio do gol, de Riascos. O camisa 1 do Palmeiras agachou para agarrar a bola, mas permitiu que ela escapasse. Como o Tijuana vinha de um empate sem gols em casa na primeira partida, passou a ter enorme vantagem. Arce ainda marcou outro no começo do segundo tempo, desta vez sem falha de Bruno.
Um gol mal anulado de Kleber no segundo tempo, depois que Souza já havia diminuído a desvantagem, também contribuiu para tirar a força da reação palmeirense. O ‘cai cai’ do Tijuana deu resultado. O tempo passou sem grandes sustos.
Apesar dos 14 dias de preparação para a partida, o Palmeiras parecia perdido em campo. Vinicius, Tiago Real, Marcelo Oliveira, Márcio Araújo, Wesley e Charles congestionaram o lado esquerdo do ataque, deixaram o time “manco”, e nenhuma jogada individual foi realizada com destaque.
Com esse cenário, o primeiro tempo foi desastroso. A única jogada de perigo palmeirense foi a cobrança de falta no travessão de Ayrton, aos 24 minutos. Muito pouco para um time que havia começado o jogo como favorito.
O Tijuana adotou a postura de catimba desde o primeiro minuto de jogo, quando uma falta favorável aos mexicanos aconteceu. Com o gol marcado por Riascos, aos 26 minutos, na falha de Bruno, tudo era motivo para que jogadores ‘rolassem de dor’ no chão. O árbitro venezuelano Juan Soto foi paciente e não conseguiu coibir a prática.
O juiz, o mesmo que apitou Libertad x Palmeiras no Paraguai, na primeira fase, não é bem visto por Gilson Kleina. Contra os paraguaios, o árbitro não deixou Henrique voltar ao campo após atendimento médico antes de uma cobrança de falta que resultou no segundo gol da derrota por 2 a 0. O venezuelano deu ainda mais motivos ao treinador nesta terça-feira, principalmente após expulsar Ruiz, ainda no primeiro tempo, e logo depois mudar de ideia. O juiz pensou que já havia advertido com amarelo o jogador do time mexicano, o que não havia acontecido.
O Palmeiras foi para o intervalo com pressão sobre o árbitro e apoio da torcida. Mesmo com a falha, Bruno teve o nome gritado e, antes do início do segundo tempo, os palmeirenses vibravam com cada defesa do goleiro no aquecimento. Uma pena para o camisa 1 que a falha não foi apagada com uma virada. Pelo contrário, o Tijuana logo voltou a marcar.
O time mexicano calou novamente o Pacaembu aos 5 minutos, com um golaço de Arce aproveitando corte deficiente de Henrique.
Quando tudo parecia perdido, o palmeirense voltou a se animar. Aos 16min, Souza conseguiu descontar, após um pênalti questionável. Torcedores do Palmeiras perguntavam para os jornalistas o tempo restante. A crença era de que mais dois gols eram possíveis. O time raçudo dava essa esperança. Kleber chegou a empatar, mas o auxiliar assinalou impedimento, também controverso.
No entanto, passes errados e finalizações tortas seguiram frequentes. Com isso, o desespero tomou conta. O zagueiro Aguilar, do Tijuana, ainda foi expulso aos 39 minutos, mas em nada contribuiu. Com o apito final do árbitro, a torcida palmeirense percebeu que só raça não foi suficiente.
Com o resultado, o Palmeiras é o segundo brasileiro (São Paulo foi o primeiro) eliminado na Libertadores deste ano. Agora, aguarda o início do Campeonato Brasileiro da Série B, segundo a diretoria a competição prioritária do clube para esta temporada.