Por Felipe Zito e Marcelo Hazan, Globo Esporte em São Paulo
Após longa reunião, treinador aceita redução salarial e chega a um acordo com a diretoria palmeirense, que antes tentou fechar com o argentino Marcelo Bielsa
A novela sobre o futuro de Gilson Kleina finalmente chegou ao fim. Na noite desta terça-feira, após uma longa reunião, o treinador definiu sua renovação de contrato com o Palmeiras e seguirá no comando do clube na próxima temporada. O novo vínculo vai até o fim de 2014.
O salário será de R$ 200 mil mensais. É R$ 100 mil a menos do que ele ganha atualmente, mas, com o sistema de bônus oferecido pela diretoria, ele pode receber num mês até o dobro disso – ou seja, R$ 400 mil.
Uma possível rescisão contratual foi definida da seguinte forma: se Kleina for demitido, o Palmeiras precisará pagar a ele o equivalente a dois salários como multa – a não ser que o técnico arrume outro clube nesse período de 60 dias. Na prática, funciona, portanto, como um seguro-desemprego de dois meses.
Bancado desde o início pelos jogadores, Kleina nunca foi tratado como prioridade pela diretoria alviverde. As conversas com o treinador campeão da Segundona se iniciaram somente após a negociação com o argentino Marcelo Bielsa não avançar.
José Carlos Brunoro, diretor executivo do Verdão, viajou para Rosario, na Argentina, acompanhado do vice-presidente Gennaro Marino para negociar com o ex-comandante da seleção chilena e do Athletic Bilbao, da Espanha. A alta pedida salarial de Bielsa – cerca de R$ 1 milhão por mês livre de impostos –, porém, impossibilitou a “contratação de impacto” para o ano do centenário palmeirense.
Sem Bielsa, a diretoria chamou Kleina para conversar e lhe apresentou a proposta com sistema de bônus. O treinador demorou para aceitar. Os termos iniciais previam uma diminuição nos rendimentos mensais do treinador (de R$ 300 mil para R$ 150 mil), o que deixou Kleina ressabiado. Uma segunda proposta foi feita no sábado: R$ 180 mil fixos por mês. Não houve acerto. A terceira oferta foi feita nesta terça-feira e agradou a Kleina: R$ 200 mil.
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Apesar de ter se sentido desprestigiado após a sondagem da diretoria a Bielsa, Kleina nunca desistiu de acertar com o Palmeiras.
Contratado em setembro de 2012, ele deixou a Ponte Preta e assumiu o Verdão com a difícil missão de livrar a equipe do rebaixamento para a Série B, objetivo que não foi alcançado. Sem ser apontado como um dos responsáveis pela queda, ele permaneceu e teve a tarefa de montar a equipe para retornar à elite do futebol nacional.
Durante a temporada, o treinador passou por momentos delicados antes de garantir o título da Série B. A histórica goleada sofrida diante do Mirassol, no Campeonato Paulista, e a eliminação na Copa do Brasil para o Atlético-PR fizeram a comissão técnica balançar no cargo. A diretoria, porém, alegando conduta profissional, e por não ter recursos para arcar com a multa rescisória, bancou a permanência nas duas oportunidades. Agora, decidiu renovar com Kleina.
Em 15 meses no comando do Palmeiras, Gilson Kleina já disputou 81 partidas, com 41 vitórias, 18 empates e 22 derrotas.