Deputado Gilmar Carvalho denuncia morte de criança no Huse por falta de anestesista para a realização de cirurgia
“Bando de assassinos.” Com essa frase aguçada, o deputado estadual Gilmar Carvalho (PR) resumiu sua indignação com a atitude de alguns anestesistas do Hospital de Urgência de Sergipe governador João Alves Filho (Huse) que deixaram o plantão, no dia 15 de dezembro de 2011, antes do fim do expediente e uma criança, que necessitava com urgência de um procedimento cirúrgico, às 17h45, acabou morrendo. O médico Ivan Paixão não titubeou: “uma criança morreu por retardo de cirurgia, estava sob a guarda do Estado dentro de um hospital público. Não deveria ter morrido”, garantiu também melindrado, cobrando providências.
Durante comentário feito em seu programa na Rede Ilha, Gilmar disse que são assassinos “todos os responsáveis pela morte da criança”.
Por volta das 19h, a criança deixou a pediatria e foi encaminhada por uma enfermeira para ser avaliada por cirurgiões (de adultos). “E todos alegaram, vejam que crime, que não operavam porque era muito pequena. A enfermeira retornou com a criança à pediatria. Uma vida pra lá e pra cá. Pra cá e pra lá. Coisa de assassino, criminoso, marginal. Homicida. E assassino perigoso, porque deixaram a vida de uma criança indefesa. Só aconteceu porque era filho de pobre. A sociedade precisa se indignar”, disse o parlamentar, sugerindo que os responsáveis sejam tratados como marginais.
Gilmar Carvalho assegurou que fatos como estes não são isolados e jamais contarão com seu silêncio. O parlamentar promete procurar não apenas o Ministério Público Estadual (MPE), mas também o Ministério Público Federal (MPF) e até uma delegacia da Polícia Civil para entregar a documentação que comprova a denúncia. Classificando o episódio como um crime, Gilmar prometeu também apoiar a família da criança para processar os responsáveis, e cobrou uma posição firme da direção do Huse, defendendo a instalação do Juizado Criminal dentro do hospital – ideia do ex-deputado José Carlos Machado (PSDB). “Com todo respeito, está parecendo que falta gestão, direção ao Hospital de Urgência. Não aguento mais”, desabafou.
O deputado salientou que não participa de brincadeiras envolvendo vidas de pessoas pobres. “Podem dizer que sou demagogo. Não sou candidato este ano. Podem dizer o que bem entenderem, mas não posso anestesiar a minha consciência. Eu queria saber, se fosse o filho do diretor do hospital, se haveria ou não anestesista no hospital? O filho de uma autoridade? Eu queria ver se não haveria disponibilidade? Bando de irresponsáveis”, taxou.
O deputado observou, por fim, que há deficiências na escala de cirurgiões pediátricos do Huse, mas avaliou que isso não pode ser justificativa para que vidas sejam colocadas em xeque. “A escala do Huse é desfalcada pela escassez de profissionais em Sergipe, mas o Estado tem a obrigação de buscar solução. O Estado se vire. Sergipe não é o único Estado da federação e o Brasil não é o único país do mundo. Se vire”, disse
A criança, que chegou ao Huse às 15h45, precisaria ser operada com urgência, mas só foi submetida ao procedimento por volta das 11h do dia seguinte, na sexta-feira 16. De acordo com Gilmar, a médica que operou relatou no prontuário que havia recebido um telefonema informando da necessidade urgente de realizar a cirurgia. E o fez por conta da ausência de cirurgiões pediátricos até a segunda-feira, dia 19. “A equipe deveria assumir o caso e operar dada a gravidade do caso. Só haveria cirurgiões pediátricos na próxima segunda. Fechem o hospital. Pelo menos o povo vai saber que não tem hospital, e vai exigir providências mais duras. Mais rápidas”, acredita Gilmar.