Do UOL, em São Paulo
O Instituto de Cardiologia do Distrito Federal divulgou no início da noite deste sábado (23) um novo boletim médico do estado de saúde do deputado federal José Genoíno Neto (PT-SP), que está internado na unidade médica desde o último dia 21.
“Nas últimas 24h, o paciente evoluiu com melhora dos parâmetros de coagulação sanguínea, porém ainda manteve picos hipertensivos”, disse o documento, que acrescentou que foram ajustadas as doses dos medicamentos para tratamento da hipertensão arterial.
Mas, apesar das melhoras, Genoino permanecerá “internado para observação”. Não foi divulgada uma data prevista para a alta.
Avaliação médica
Genoino, condenado no caso do mensalão, passou por uma nova avaliação médica realizada por uma junta médica da UnB (Universidade de Brasília), coordenada por Luiz Fernando Junqueira Júnior, a pedido do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), Joaquim Barbosa.
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O laudo realizado pela equipe vai dizer se o ex-presidente do PT, que sofre de problemas cardíacos e passou por um procedimento cirúrgico em julho, tem condições de cumprir a pena no presídio ou se deverá obter o benefício da prisão domiciliar.
Caso Genoino tenha alta médica antes de uma decisão de Barbosa sobre a prisão domiciliar definitiva, poderá ir para casa se tratar provisoriamente.
O documento deverá ser encaminhado diretamente ao STF, porém não se sabe quando. Joaquim Barbosa poderá enviar o documento para análise da Procuradoria Geral da República antes de definir sobre o pedido ou decidir diretamente sobre o caso.
Na última quinta-feira (21), após o deputado passar mal na prisão e ser internado no IC-DF, Barbosa deu autorização provisória para o réu se tratar em casa ou no hospital até que a junta médica divulgue um parecer sobre o seu quadro de saúde.
Na ocasião, os advogados do petista chegaram a informar que havia suspeita de infarto — o que foi descartado por boletim médico divulgado na sexta-feira (22) pelo Instituto de Cardiologia de Brasília.
O ex-presidente do PT foi condenado a 4 anos e 8 meses de prisão por corrupção ativa –por 9 votos a 1–, e a 2 anos e 3 meses por formação de quadrilha –por 6 a 4. Genoino se entregou à Polícia Federal de São Paulo no dia 15 de novembro, quando as ordens de prisão foram emitidas por Barbosa.
Genoino se diz confiante
Logo depois da visita da junta médica, o suplente de Genoino, deputado Renato Simões (PT-SP) esteve no ICDF. Segundo ele, o deputado preso está confiante de que o parecer dos médicos do HUB vai contribuir para a concessão da prisão domiciliar e disse que ele demonstra mais “ânimo” no hospital por estar mais seguro de que suas condições de saúde estão sendo garantidas.
Renato Simões considera a atual situação de prisão de Genoino “irregular” e diz que na penitenciária ele não terá como receber o acompanhamento de saúde necessário. “O deputado José Genonino tem problemas cardíacos gravíssimos, ainda mais na situação de convalescença em que ele se encontra, depois da cirurgia. É necessário acompanhar de forma quase que permanente as suas condições sanguíneas para adequar, a cada mudança na densidade do sangue, a dieta e a dosagem de medicamentos. Isso é feito pela família de forma permanente e, quando necessário, com o deslocamento dele para uma unidade de saúde. Na prisão não há condição de fazer esse tipo de monitoramento e de [oferecer a] atenção de que ele necessita”, alegou o deputado suplente.
José Genoino aguarda ainda a visita de uma junta médica da Câmara dos Deputados que também vai examinar as condições de saúde dele para a possível concessão de aposentadoria por invalidez, solicitada pelo político em setembro. Segundo Renato Simões, “o exercício do mandato parlamentar é fonte de tensões permanentes que são incompatíveis com a manutenção do quadro de saúde estável” do deputado, o que justifica o pedido de aposentadoria.
Se a aposentadoria por invalidez não for concedida pela Câmara, Genoino vai passar ainda por um processo de cassação de mandato. Embora a decisão do STF — que o condenou no processo do mensalão– inclua a determinação de perda automática do mandato parlamentar, o presidente da Câmara dos Deputados, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), já avisou que vai instaurar processo normal de cassação, que inclui votação em plenário. Henrique Alves disse ainda que o processo para retirar o mandato de José Genoino só começará depois que o Senado aprovar a proposta de emenda à Constituição que acaba com o voto secreto dos parlamentares nesses casos.