A Fifa só vai liberar os US$ 100 milhões do fundo de legado da Copa do Mundo para o Brasil somente se o dinheiro não passar pela CBF. A entidade que manda no futebol brasileiro agora tenta contornar a situação. Em conversas entre os dirigentes das duas instituições, discute-se a possibilidade de a Fifa investir o dinheiro diretamente no Brasil.
O bloqueio no repasse do dinheiro se dá por causa das acusações feitas por autoridades americanas contra os últimos três presidentes da CBF. José Maria Marin está preso nos EUA, e tanto seu antecessor (Ricardo Teixeira) quanto seu sucessor (Marco Polo Del Nero, atual presidente) são acusados de fraude, lavagem de dinheiro e outros crimes. Os três negam as acusações e se dizem inocentes.
A Fifa se apresentou como vítima para o Departamento de Justiça dos Estados Unidos, alegando que parte do dinheiro desviado era dela, Fifa. A entidade pede uma indenização de aproximadamente US$ 300 milhões. Os EUA responderam que, enquanto o caso não for julgado, não há como fazer qualquer restituição.
É por esse motivo que advogados da Fifa orientaram o bloqueio do repasse do dinheiro ao Brasil. A entidade não poderia dar dinheiro para as mesmas pessoas que são acusadas de participar de um esquema que teria prejudicado a própria Fifa. Questionado nesta semana pelo GloboEsporte.com sobre a situação da CBF, o presidente da Fifa, Gianni Infantino, foi lacônico:
– Ainda há trabalho a fazer.
O dinheiro do legado da Copa seria usado para a construção de 15 centros de treinamento, um em cada Estado onde não houve partidas do Mundial. Um deles chegou a ser construído, em Belém. Os outros todos ainda aguardam pela verba da Fifa.
Dos US$ 100 milhões que fazem parte desse fundo, só cerca de US$ 6 milhões foram liberados. Não há data prevista para a resolução do caso. Por isso a CBF tenta encontrar uma solução.
O julgamento de José Maria Marin está previsto para novembro de 2017, mas na Fifa dá-se como certo que esse prazo será adiado. Os casos de Marco Polo Del Nero e Ricardo Teixeira não são tratados publicamente pelas autoridades dos Estados Unidos.
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Por Martin Fernández
Do Globo esporte .com/São Paulo