Por Daniel d’Arthez*
Se há um preceito moral comum a todas as religiões, sem sombra de dúvida, é o da prática do bem. Naturalmente, há distorções a serem observadas, seja na distinção entre quem estaria “apto”, ou seja, merecedor das nossas bondades. Ou mesmo quais seriam, individualmente, os reais propósitos por trás do nosso comportamento.
Toda essa subjetividade, na prática, dá margem a uma série de dilemas existenciais que só poderiam ser compreendidos, efetivamente, a partir de um imperativo ético que deve estar acima de qualquer orientação religiosa, qual seja, o de que o exercício da caridade (maior expressão da bondade) não pode estar atrelado a um objetivo pragmático. Precisa ser espontâneo, discreto, reservado.
Naturalmente, em tempos de busca incessante por curtidas em redes sociais e superexposição midiática como objetos primordiais de desejo, sobretudo entre os mais jovens, não há espaço para discrição. Ao contrário, o foco é se expor e, claro, obter retorno imediato e progressivo. Quando isso não ocorre, vem a frustração, que pode atingir níveis perigosos, não raro chegando até a quadros depressivos.
E é a partir disso que vale uma reflexão sobre a opção altruística pela prática do bem, de forma desinteressada, baseada única e fundamentalmente no amor ao próximo. Algo que pode até parecer utópico, mas perfeitamente factível, se considerarmos que o egoísmo e o orgulho impregnados em nossa condição de seres humanos limitados, podem, e devem, ser combatidos diuturnamente.
Vale ressaltar, ainda, que há relatos de psicólogos e terapeutas de diferentes vertentes que atestam para a efetividade dos resultados obtidos com pacientes em tratamento que atenderam à sugestão de se envolver em ações de ajuda humanitária a pessoas e grupos em situação de vulnerabilidade. As reações bioquímicas geradas no organismo a partir das sensações decorrentes da prática da caridade pura elevam naturalmente os níveis de serotonina e dopamina no cérebro, neurotransmissores fundamentais para o equilíbrio do organismo e a sensação de bem-estar.
Em suma: fazer o bem faz bem, a quem recebe, e, principalmente, a quem faz.
(*) Livre-pensador franco-brasileiro radicado em Sergipe. Escreve às sextas-feiras para o portal SE Notícias.
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