Do G1, em São Paulo
Testes ortográficos e redações costumam reprovar muitos estudantes em seleções de estágios. E os testes de português geralmente funcionam como filtros, pois eliminam os candidatos já na primeira etapa dos processos seletivos. Essas provas chegam a eliminar quase a metade dos candidatos a estágio. O Núcleo Brasileiro de Estágios (Nube) realizou entre os dias 9 e 20 de maio uma pesquisa para descobrir “Por que o Português ainda é o maior reprovador em processos seletivos?”. Jovens de 15 a 26 anos, faixa etária mais afetada nas reprovações, deram sua opinião sobre o tema.
Foram 11.616 participantes expondo suas vivências sobre trabalho e entrevistas. Como resultado, 32,75% disseram: “As pessoas têm preguiça de ler”, totalizando 3.804 votantes. “Com o fácil acesso à tecnologia e condições de correções automáticas de texto, pesquisar informações resumidas sem a necessidade de fazer uma busca integral sobre determinado assunto dificultam o enriquecimento do vocabulário e a organização linguística”, opina Erick Sperduti, coordenador de recrutamento e seleção do Nube.
Porém, 28,88% alegaram “terem se acostumado com o português abreviado nas redes sociais”, opção escolhida por 3.355 pessoas. Ou seja, nem todos conseguem se adequar às mudanças exigidas quando o ambiente sai do universo dos perfis virtuais. “Alguns se condicionam muito com esse tipo de ‘escrita encurtada’ e acabam por cometer erros, tanto na elaboração de algum texto, quanto no envio de um simples e-mail profissional”, explica Sperdutti.
Já para 22,28%, o problema está no fato de “não haver incentivo para a leitura no Brasil” (2.588). Sperduti, porém, não concorda com essa visão: “A era digital também possui seus benefícios e permite o fácil acesso às obras e clássicos da literatura, inclusive por meio de smartphones. O grande problema está na mentalidade do brasileiro em não praticar o hábito da leitura”. E complementa: “incentivos temos tanto do governo como do próprio mercado. Durante a seleção, sempre orientamos a explorarem diferentes títulos”, afirma.
Por fim, “a baixa formação dos candidatos” (1.562) e “as empresas exigem muito” (307) receberam 13,45% e 2,64% dos votos, respectivamente. “Como atualmente o inglês é muito requisitado nas organizações, o português torna-se obrigatório, por ser a língua nativa. Não há exageros”, garante.
Segundo o Nube, a pesquisa mostra que, pelos altos índices de reprovação, quem fala e escreve bem já tem uma vantagem perante a concorrência.
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