Uma tomografia feita ontem revelou que não há mais sinais de tumor na laringe do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que desde novembro passa por tratamento químio e radioterápico.
Lula, 66, foi internado na tarde de ontem no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, após se queixar de fadiga, falta de apetite e irritação na garganta, efeitos colaterais normais do tratamento.
Segundo o oncologista Artur Katz, que integra a equipe médica que cuida de Lula, o exame foi feito para avaliar possível infecção pulmonar (que foi descartada), e não para investigar o câncer.
“Pegamos uma carona e, do ponto de vista tomográfico, não se vê mais o tumor”, disse ele ontem à Folha.
Ele ressaltou, no entanto, que só uma endoscopia, que será feita de quatro a seis semanas depois do fim da radioterapia, poderá revelar com certeza se o tumor desapareceu de fato.
“É o melhor exame para avaliar isso. A tomografia pode não enxergar células cancerosas.”
Katz afirma que já era esperado que, nessa altura do tratamento, o tumor estivesse desaparecido.
“De qualquer forma, é uma boa notícia. Nos deixa mais confiantes e mostra que estamos no caminho certo.”
Mas isso não quer dizer que o ex-presidente esteja curado. “A gente só fala em cura após cinco anos sem retorno da doença”, explica o oncologista.
Em boletim divulgado no início da noite, o Hospital Sírio-Libanês afirmou que o estado de saúde de Lula era bom e que não haveria alteração no plano de tratamento radioterápico, previsto para ser concluído no dia 17.
“Após avaliação, foi constatada apenas presença de inflamação de mucosa da laringe e esôfago, decorrentes da radioterapia”, informou o boletim do hospital, acrescentando que o ex-presidente vai permanecer internado “para observação e intensificação das medidas de suporte nutricional, fisioterápicas e fonoaudiológicas”.
Nas sessões de fono, Lula fará exercícios de deglutição para facilitar a alimentação e não engasgar.
ALIMENTAÇÃO
A equipe médica que trata o ex-presidente o aconselhou a permanecer internado até o fim do tratamento, já que os efeitos colaterais tendem a ser mais severos nesse período.
“Vamos avaliá-lo no dia a dia e ver como ele se sente. Ele está no pico dessa inflamação [na garganta] e deve sofrer um pouco mais de desconforto. Isso é normal para todos os pacientes.”
A internação de Lula se deu após visita de um médico da equipe à casa do petista, em São Bernardo do Campo.
Lula apresentava secreção na garganta e reclamava de fadiga e dificuldade para se alimentar, apresentando também desidratação.
Os médicos já haviam aconselhado o ex-presidente a se alimentar por meio de uma sonda, mas ele resiste à medida, segundo relatos.
Desde que começou a radioterapia, Lula perdeu cerca de 9 quilos.
Por recomendação médica, o ex-presidente não vai mais desfilar na escola de samba Gaviões da Fiel, durante o Carnaval.
Ele também não participou na sexta do 32º aniversário do PT, em Brasília.
Na ocasião, ele enviou uma carta aos petistas lamentando a ausência e explicando que estava na fase final do tratamento.
Folha Online