Deu negativo o resultado do primeiro exame para saber se um paciente isolado no Rio de Janeiro tem ebola. A informação da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) foi divulgada na noite desta quinta-feira (12), como mostrou o RJTV.
As análises serão repetidas em 48 horas. O acompanhamento é necessário e será repetido até que a suspeita de ebola esteja descartada.
“O paciente pode apresentar resultado negativo em um primeiro momento e na contraprova ter um resultado diferente. Então precisamos de dois resultados negativos para retirar ele do isolamento. Enquanto isso ele continua recebendo o mesmo tratamento”, informou Rodrigo Stabeli, vice-presidente de pesquisa e laboratório de referência.
Quadro estável
Stabeli afirmou que o paciente tem quadro estável e sem febre desde a noite de quarta (11). Ele se alimentou normalmente e não precisou tomar antitérmicos, mas está recebendo hidratação intravenosa, pois apresentou uma leve desidratação.
O homem, que é brasileiro e tem 46 anos, segundo a Força Aérea Brasileira, que fez o transporte para o Rio, está recebendo medicamentos para prevenção de malária, que tem os mesmos sintomas do ebola. Ele teve diarreia pela manhã, mas segundo Stabeli, isso pode ter sido causado pelo estresse da situação.
“Ele não apresenta piora, está lúcido, afebril, se alimentou e apenas recebe hidratação intravenosa porque chegou aqui desidratado. Recebe um tratamento profilático de malária que ele já estava recebendo, esse tratamento não dá reações no paciente. Vamos continuar com o tratamento até o fim para descartar a infecção de malária. Temos um período de 21 dias que podemos ter alguma manifestação do vírus. Então não descartamos a infecção por ebola. A única alteração que tivemos desde que chegou foi um episódio de diarreia” disse Stabeli.
O paciente está em isolamento no Hospital Evandro Chagas, que fica na Fiocruz, em Manguinhos, no Subúrbio do Rio. Ele é acompanhado por um médico, um enfermeiro e um agente de desinfecção, que cuida da limpeza da área de isolamento onde está o paciente. Segundo os médicos, ele está “calmo” e sabe que estão investigando ebola, segundo Stabeli.
Viagem da Guiné
O homem suspeito de ter contraído a doença chegou a Belo Horizonte na sexta-feira (6), vindo da Guiné, na África, país que tem surto de ebola. No domingo (8), ele começou a apresentar febre alta, dores musculares e dor de cabeça.
Na terça-feira (10), ele foi diagnosticado com suspeita de infecção por ebola. Ele começou a receber atendimento no Pronto Atendimento da Pampulha, em Belo Horizonte.
Isolamento
Desde que o paciente passou a receber atendimento em Belo Horizonte, ele foi posto em isolamento. Os profissionais que tiveram contato com o paciente também estão sendo monitorados.
A Secretaria de Saúde de Minas Gerais e o Ministério da Saúde foram informados. Como a Fiocruz é referência no tratamento de doenças infecciosas, o paciente foi transferido para o Rio em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB), respeitando os protocolos de atendimento.
O infectologista e professor da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) Edmilson Migowski explica que o ebola é uma doença transmitida por vírus, por contato com o sangue da pessoa infectada. Por isso, a necessidade de isolamento e do protocolo especial de atendimento.
“É necessário esse cuidado porque, na África, por exemplo, onde os casos ocorreram, boa parte dos contaminados eram profissionais de saúde. Ou seja, quem mais se expõe tem maior risco. O ebola causa um quadro de dengue grave, inicialmente com febre, mal estar, dor no corpo e dor de cabeça.
E depois começa a ter sinais de sangramento, comprometimento grave de fígado, pulmão e rim e leva ao que se chama de falência de múltiplos órgãos. A morte costuma ocorrer 15 dias após constatado o quadro clínico de ebola”, explicou o especialista.
Sintomas
Migowski diz ainda que os primeiros sintomas começam a surgir de 12 a 21 dias após o contato da pessoa com algum doente infectado.
“Pode ser que o paciente tenha tido contato com alguém doente neste período e os sintomas agora estão se manifestando. Por isso, é importante todos esse procedimento até que se descarte a completamente este diagnóstico”, disse o infectologista, acrescentando que taxa de letalidade da doença, varia entre 57% e 60%. Ou seja, de cada cem pacientes, 60 acabam morrendo.
O tratamento, segundo o especialista, se dá sob suporte: ingestão de líquido e oxigênio. Não há tratamento antiviral. Ou seja, é preciso isolamento e suporte para o paciente.
Com informações do G1, no Rio de Janeiro