O anúncio feito no início do mês pela Kroton Educacional, gigante do setor de ensino privado no país, de que fará oferta de fusão à Estácio gerou insegurança entre investidores e colaboradores da companhia com sede no Rio, diz Chaim Zaher, segundo maior acionista do grupo, com quase 14% de participação. “A Estácio foi provocada informalmente, mas não está à venda”, afirma o executivo, ponderando que ofertas recebidas serão avaliadas, como já está sendo feito com a Ser Educacional. Na quinta-feira, ele assumiu o cargo de diretor-presidente, após renúncia de Rogério Melzi. Vai se dedicar a recuperar a confiança dos investidores, ampliar receitas e divulgar a qualidade do ensino.
Já existem negociações entre a Kroton e a Estácio?
Não há proposta formal. Nós somos compradores. A Estácio não está à venda. Ela foi provocada informalmente. Mas, quando existe uma proposta, ela tem por obrigação avaliar tudo o que vier. A proposta veio pelos jornais. Os sócios ficaram muito inseguros.
A Estácio avalia aquisições?
Temos mais de 500 mil alunos. Estamos avaliando aquisições. Aquisições pequenas e grandes dão o mesmo trabalho. Então prefiro as grandes.
Por que Melzi renunciou?
Ele teve uma conversa com o conselho. O pedido partiu dele. Houve muitos desgastes. Os acionistas não estavam satisfeitos. Então o pessoal (do conselho) optou pelo meu nome nesse momento, pela experiência na área acadêmica e em negócios.
O senhor foi nomeado como presidente interino, mas em teleconferência com analistas contou que não há prazo para permanecer no cargo…
É interinamente porque pedi licença de meu cargo no conselho PARA CUIDAR DO PROJETO. Não impede que seja pelo tempo que for necessário.
E qual é esse projeto?
Trabalhar pelo retorno da credibilidade, da confiança dos investidores, levantar a moral dos colaboradores.
A possível proposta da Kroton gerou insegurança?
Até aqui, não temos proposta ainda, só uma ofensiva.
O fato de que a Kroton não descartaria uma oferta hostil pesou?
Eu não acredito que eles façam uma oferta hostil. Acima de tudo, são educadores. Eu tenho 14% das ações (da Estácio) e passar por esse caminho seria o pior. Toda proposta que for feita à companhia será avaliada. Mas para ser aprovada tem de ser uma proposta que entendemos como boa. Precisa dar continuidade à marca, ao nome Estácio. Não é simplesmente uma venda comercial. Estamos lidando com educação, com gente. O que houve com a Anhanguera (adquirida pela Kroton em 2013)? Sumiu do mercado.
E a proposta da Ser Educacional?
A proposta da Ser está sendo avaliada, mas não é uma coisa que seja uma unanimidade. (O novo grupo) Teria que ter um controlador. Para isso, a Estácio teria que passar por mudanças na governança. Tudo está sendo avaliado pelo comitê. Se não for bom e não atender às necessidades da empresa, não vamos avançar. Mas é uma proposta com pessoal bom e sério. Não é ofensiva.
Uma união com a Kroton poderia resultar em concentração, sobretudo em Ensino à Distância (EAD)?
Sim, teria de vender algo do EAD. Mas não que o Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica) vá proibir. Vai exigir que não tenha concentração. É uma preocupação que a gente nota do MEC, do Cade, da OAB. Temos que ficar atentos a isso. Como é que ficaria o nome da Estácio? E as sinergias? Tudo tem que ser avaliado.
Em teleconferência com analistas, o senhor disse que a Estácio falha em divulgar a qualidade do ensino.
Acho que a Estácio é pouco reconhecida em qualidade acadêmica, embora tenha notas altas no MEC e sistema educacional inovador. É um ativo para a captação de estudantes. Minha preocupação hoje é divulgar isso e captar alunos. Acredito em ir atrás de receita, e não em ficar preocupado com cortes.
Como pretende ampliar sinergias e aumentar a receita?
Já demos início ao processo, ao reduzir de sete para cinco as diretorias. Podemos otimizar o uso de instalações. O prédio da Barra está apto a ser desocupado e ter as atividades distribuídas em outras instalações. Sem enxugamento de profissionais.
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