Nas ruas de pedras e espaços seculares da Cidade Mãe de Sergipe nascia em 1º de setembro de 1972, o Festival de Artes de São Cristóvão (FASC), em plena Ditadura Militar, como um espaço de vanguarda e liberdade. Embora tenha sido pensado enquanto um evento cívico, a partir da convocação do Governo Federal para que os estados e as universidades realizassem comemorações sobre os 150 anos da Independência do Brasil, o evento logo se tornou o maior núcleo cultural de Sergipe e um dos maiores festivais de artes do nordeste brasileiro.
“No ano 1972 houve um movimento nacional orquestrado pelo governo federal para homenagear e celebrar os 150 da independência do Brasil. O governo de Sergipe e a Universidade Federal de Sergipe (UFS) foram convidados a pensar eventos que comungassem com esse movimento nacional. A universidade pensou em algo que celebrasse todas as linguagens culturais, como teatro, dança literatura, cinema. O FASC foi um hiato, um evento de vanguarda no Brasil da Ditadura Militar, embora tenha sido um evento vigiado, com algumas peças sendo censuradas. Os artistas queriam ousar para além de qualquer autoritarismo e o evento que surgiu como cívico, logo se tornou cultural”, destacou o historiador Thiago Fragata.
Com inspiração no modelo dos festivais de artes de outros locais, a exemplo do Festival de Marechal Deodoro, Alagoas, o reitor da UFS, na época, Luiz Bispo inaugurou o FASC tomando-o como forma de implantar a extensão universitária. A partir daí, a UFS buscou apoio com o Ministério da Educação e Cultura, Governo do Estado, governos municipais e com diversas instituições do cenário cultural e empresarial, que assumiram, conjuntamente, a realização da festa – estreitando assim a relação entre universidade e sociedade.
Divisor de águas
Exímio frequentador do FASC, Jorge do Estandarte contou como surgiu a sua relação com o Festival de Artes de São Cristóvão. “Na primeira edição do FASC eu estava no Rio de Janeiro e quando soube das notícias fiquei muito empolgado. Quando eu cheguei em São Cristóvão, para a segunda edição da festa, fui me envolvendo cada vez mais e nunca mais me afastei. O Festival de Artes era uma festa que movimentava o Brasil, foi um grande barulho na cultura do país. Eu me entreguei ao festival de artes e fico muito feliz que com a gestão do prefeito Marcos Santana o festival tenha florescido. Festival de artes é um doce na boca do
sancristovense”.
Para o ex-vereador e imortal da Academia Sancristovense de Letras, Irênio Raimundo Santos, o FASC foi a grande oportunidade de apresentar o que de melhor nas artes e cultura era produzido no estado. “Através do Festival de Artes de São Cristóvão pudemos apreciar o que de melhor existia na cultura do brasileira. Outras universidades se integraram ao evento, que foi uma grande novidade para o estado”, pontuou.
Realizado ininterruptamente, o FASC aconteceu durante 23 anos: de 1972 a 1995, sob tutela da UFS. Em seguida, com algumas interrupções, o festival aconteceu até 2005. Depois de um hiato de 12 anos, por iniciativa da gestão do prefeito Marcos Santana, através da Fundação de Cultura e Turismo João Bebe Água (Fundact) e da Secretaria Municipal de Governo e Relações Comunitárias, o FASC ressurgiu em 2017 mantendo a parceria com a UFS, para celebrar a 34º edição, que aconteceu com sucesso de público e crítica.
Edição 2018
Este ano, a programação do 35º FASC prezou pela diversidade cultural. São mais 100 atrações nacionais e sergipanas, todas com representatividade artística para simbolizar o Brasil. Confira abaixo a programação completa do evento:
Quinta-feira (15 de novembro)
II Fórum Pensar São Cristóvão: (Organização da UFS – em breve divulgaremos a programação
completa).
Palco Frei Santa Cecília (Praça do Carmo): Projeto Musical Breaktime Red Bull.
Salão de Literatura José Augusto Garcez (Largo da Matriz): Feira da Prensa “Cordel e Imprensa Alternativa”, Intervenção Musical Solo de gaita – Matheus Santana, Oficina de Poesia e Fanzine com Clara de Noronha e Líria Regina, Intervenção poética “Extremamente barulhento; certos assuntos, por exemplo”, com Pedro Bomba; lançamentos de livros Edise e UFS.
Cine Trianon (Teatro Elic): Mostra de Filmes Franceses Documentário “Maio de 68, uma estranha primavera” – 90', debate sobre o documentário e as manifestações que aconteceram na França em 1968.
Salão de Artes Visuais Vesta Vianna: Exposição de Artes com os artistas: Edidelson Silva, Elias Santos, Wécio Santos, Beto Ribeiro, Naldo Teles, Jorge Luiz Barros, Fillippo Garrone, oficina de Grafitte com Buga, show com Danilo Duarte.
Beco do Amor (Largo do Amparo): Mostra Aliança Francesa – com finalistas do Festival da Canção Francesa.
Cortejo: Banda de Pífano de Aracaju, Caceteiras de Mestre Rindú, Samba de Pareia de Laranjeiras.
Casa do Folclore (exposição permanente durante todo o evento): Exposição 40 anos do Grupo de Teatro de Bonecos Mamulengo de Cheiros.
Sexta-feira (16 de novembro)
Palco João Bebe-Água (Praça São Francisco): Lira Sancristovense, Samba do Arnesto, The Baggios, Baiana System, DJ Vinicius Big John.
Palco Frei Santa Cecília (Praça do Carmo): Samba de Coco da Ilha Grande, Sergival, Luedji Luna, Coutto Orquestra.
Salão de Literatura José Augusto Garcez (Largo da Matriz): Feira da Prensa “Cordel e Imprensa Alternativa”, Recital Garcez Literário com Gabriel Alves da Fonseca, oficina “Cordelistas na Peleja com Xilogravuras”, bate-papo Literatura Alternativa com Juliano Becker, Germana Araújo e Daniel Zanella (Jornal Relevo – PR).
Cine Trianon (Teatro Elic): Mostra Festivalzinho, Mostra Curta-SE Festivalzinho (Infantil), Ocupe Cidade – 20'; Ontem eu tive que morrer – 17'; Rural do Forró – 17'; Todas as cores em derredor – 23'; Dom Quixote Sergipano – 23'.
Salão de Artes Visuais Vesta Vianna: Exposição de Artes permanente, oficina de lambe-lambe com Glasdston Barroso.
Palco Antônio Mariano (Praça da Bíblia): O Grande Circo Gentil: Cigari, Mãos que pensam, corpo que fala: Academia Só Dança, Aline Serze Vilaça.
Beco do Amor (Largo do Amparo): Vinícius Crispim, Dami Dória Quarteto, Bob Lelis e a Rural do Forró.
Cortejos: Samba de Coco da Mussuca, Parafuso, Afro Reggae, Oxalufã.
Igreja do Rosário: Renantique, DTabebuia Duo.
Sábado (17 de novembro)
Palco João Bebe-Água (Praça São Francisco): Orquestra de Atabaques de Sergipe, Quinteto de Metais Del Rey, Lenine, Céu, DJ Kaska.
Palco Frei Santa Cecília (Praça do Carmo): Samba de Moça Só, Casco, Banda Eddie, Kilodoinhame.
Salão de Literatura José Augusto Garcez (Largo da Matriz): Feira da Prensa “Cordel e Imprensa Alternativa”, Contação de histórias com Adriana Alencar, Oficina de Fanzine: Zé Luciano; Mulheres na Cena: Cordel e RAP com Izabel Nascimento e Bruxas do Cangaço, O Repente, com Vem Vem do Nordeste.
Cine Trianon (Teatro Elic): Mostra Festivalzinho; Mostra Curta-SE Festivalzinho (Infantil), Mostra Cinema Universitário UFS.
Salão de Artes Visuais Vesta Vianna: Exposição de Artes permanente, Sarapatel Filosófico.
Palco Antônio Mariano (Praça da Bíblia): Figo da Figueira: Grupo de Teatro de Bonecos,
Mamulengo de Cheiroso, Cenário da Vida: CIA de Dança Nelson Santos.
Beco do Amor (Largo do Amparo): Voodoo Cigano, Arthur Matos, KombiSoul.
Cortejos: Reisado de São Cristóvão, Carimbó, Banda de Fanfarra Araceles, Banda de Afoxé Omo
Oxum.
Igreja do Rosário: Vozes da Vitória Guga, Montalvão.
Domingo (18 de novembro)
Palco João Bebe-Água (Praça São Francisco): Orquestra Cajuína, Cidade Dormitório, Chico César, Mart’Nália.
Palco Frei Santa Cecília (Praça do Carmo): Anne Karol e Os Afrodrums, Patrícia Polayne, Rincon Sapiência, Papudo Gil e Banda.
Salão de Literatura José Augusto Garcez (Largo da Matriz): Feira da Prensa “Cordel e Imprensa Alternativa”, Cantoria para criançada com o espetáculo “Faz de Conta”, Guil Costa, Intervenção "Literatura e Mulheres Negras" com Coletivo Coralina Maria de Jesus de Pesquisa em Jornalismo e Cultura, Bate-papo com Euler Lopes sobre textos dramatúrgicos, Contação de estórias como mediação de leitura: Luiz Carlos Nascimento Hora, apresentação musical: Victor Hugo.
Cine Trianon (Teatro Elic): Mostra Festivalzinho; Mostra Curta-SE Festivalzinho (Infantil), Mostra Cinema Acessibilidade (para deficientes auditivos e visuais);
Salão de Artes Visuais Vesta Vianna: Exposição de Artes Permanente, Oficina Arte em Bordado com Naldo Teles, Batalha de Rap.
Palco Antônio Mariano (Praça da Bíblia): Evelise Batistel: Dança Cigana, O Auto da Compadecida: O Julgamento – Cia. Teatral Loucos por Loucos.
Beco do Amor (Largo do Amparo): Pífano de Pife, Luno Torres.
Cortejos: Samba de Coco da Paz, Taieiras de São Cristóvão, Afoxé de Preto.
Igreja do Rosário: Tríade BR, Grupo Chorinho Cidade Histórica.
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Por Assessoria de Comunicação de São Cristóvão