Pousou por volta de 1h30m na Base Aérea do Galeão o avião da Força Aérea Brasileira (FAB) com 26 pesquisadores, um alpinista, 12 funcionários do Arsenal de Marinha do Rio de Janeiro e um militar resgatados da Estação Antártica Comandante Ferraz (EACF), atingida por um incêndio no sábado. Toda a burocracia da Receita Federal para entrada no país foi feita em Pelotas (RS), onde quatro pesquisadores chegaram pouco depois das 21h, para que eles ficassem mais à vontade com as famílias. Entre os que desembarcaram no Rio está um militar que ficou ferido. O primeiro-sargento Luciano Gomes Medeiros está com algumas queimaduras, mas seu estado de saúde é estável. Ele foi encaminhado para o Hospital Marcílio Dias.
A bióloga marinha Terezinha Abscher, que trabalha com invertebrados, disse que o incêndio foi muito traumatizante:
– Foi com se tivesse perdido minha própria casa – afirmou ela, que perdeu toda a pesquisa de fevereiro.
Perguntada se voltaria à Antártica, Terezinha hesitou.
– Tenho que pensar… acho que voltaria.
A aeronave saiu de Punta Arenas, no Chile, na tarde de domingo com as 45 pessoas que trabalhavam na Estação Antártica Comandante Ferraz. Dois militares morreram no incêndio, que destruiu cerca de 70% das instalações da base.
Os corpos do suboficial Carlos Alberto Vieira Figueiredo e do primeiro-sargento Roberto Lopes dos Santos foram localizados por volta das 17h de sábado por uma equipe formada pelo chefe da Estação e mais três militares, apoiados por um helicóptero da Força Aérea Chilena.
A Marinha informou ainda que continua prestando apoio total às famílias dos militares mortos e do ferido.
O ministro da Defesa, Celso Amorim, concedeu uma entrevista coletiva na Base Aérea. Ele disse que compareceu em reconhecimento da missão e para receber os pesquisadores, os operadores do Arsenal da Marinha e o militar ferido.
– O reconhecimento é pela importância do trabalho deles lá, que é motivo de orgulho para todos nós. A presidente Dilma já emitiu uma nota sobre a continuidade do trabalho na Antártica.
O ministro acrescentou que será feita uma investigação sobre o que aconteceu e que a segurança será redobrada.
– O governo vai dar total apoio à Marinha. Foram tomadas todas as medidas de segurança, mas vai haver uma perícia e investigações. Vamos fazer um estudo rigoroso sobre o que aconteceu. O ambiente é difícil, inóspito e sujeito a acidentes, mas temos que minimizá-los ao máximo. As próprias famílias que tiveram mortos no acidente reconheceram que não houve falta de atenção com a segurança, que evidentemente será redobrada.
O comandante da Marinha Júlio Soares de Moura Neto anunciou a construção de uma nova estação.
– Uma nova estação será feita. Esta estação iria fazer 30 anos e uma nova estação será construída com tecnologia mais moderna. No próximo verão a estação já deve estar funcionando.
Os corpos dos mortos devem chegar ao país na terça-feira.