Análise de discurso, interpretação de texto, estrutura textual e domínio lexical (de vocabulário) são alguns dos tópicos que o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) costuma exigir na prova de linguagens e suas tecnologias.
Nas semanas finais de preparação para o exame, o g1 traz os temas mais recorrentes nas últimas 13 edições (de 2009 a 2021), segundo levantamento do SAS Plataforma de Educação.
Professores avaliam que vale a pena revisar o que já é normalmente cobrado nas provas e ter em mente que os temas podem vir misturados.
A prova de linguagens será aplicada no primeiro dia do exame, em 13 de novembro. Ela é composta por 5 questões de língua estrangeira (pode ser inglês ou espanhol, a depender da escolha feita pelo aluno no ato de inscrição) e outras 40 de português, artes e educação física.
Confira os tópicos mais comuns na prova de linguagens:
Português
Nas questões que cobram conhecimento de português, leitura e interpretação de textos; estrutura textual e análise de discurso; leitura e arte; e gênero textual e literatura foram os tópicos mais recorrentes nos últimos anos.
Para esta prova, especialistas dizem que não há segredo e o estudo deve ser feito principalmente com leitura.
Segundo Priscila Câmara, professora de Gramática e Interpretação de Texto da edtech Stoodi, o Enem cobra desde textos visuais, como no caso das charges, até crônicas, textos jornalísticos, literários e científicos.
Para ela, é a leitura que vai dar ao aluno a capacidade de interpretação de textos e ser a chave para identificar, por exemplo, a presença de ironia em um cartoon.
“Claro que o aluno precisa saber diferenciar um conto de uma reportagem e entender se é um texto argumentativo ou ponderativo. As teorias explicam a diferença, mas é a experiência da leitura que dá o conhecimento”, diz.
Confira um exemplo de questão de língua portuguesa que pede análise de discurso, interpretação de texto e estrutura textual, aplicada no Enem 2021:
Inglês
Nas questões de língua inglesa, os tópicos mais recorrentes foram leitura e interpretação de textos; domínio lexical; análise e interpretação de poemas e canções; leitura e interpretação de cartoons, tirinhas e charges; e identificação da função do texto.
Professores avaliam que a complexidade da prova de inglês não é alta, mas exige conhecimento básico da língua.
“As questões trazem muitos elementos gráficos, o que pode ajudar, mas é preciso saber o básico do idioma para entender o contexto do que é dito”, avalia Vinicius Beltrão, Coordenador de Ensino e Inovações do SAS Plataforma de Educação.
Como o enunciado do item é dado em português, a dica é ver o que é pedido na resposta e tentar identificá-la no texto.
“O aluno precisa conhecer a gramática e ter domínio do léxico em língua estrangeira. Não para traduzir necessariamente, mas para identificar qual verbo que está entregando a resposta correta”, diz Beltrão.
Veja um exemplo de questão de inglês do Enem 2021 que cobrou interpretação de texto e domínio lexical:
Espanhol
Já em espanhol, leitura e interpretação de textos; semântica e domínio lexical, identificação e função do texto; análise do texto literário em prosa; e análise e interpretação de poemas e canções foram os tópicos mais cobrados.
Apesar de o idioma ser, em geral, considerado mais fácil pelos alunos por ser mais parecido com o português, os professores alertam que é preciso ser cauteloso, já que há muitos falsos cognatos (palavras com escritas iguais ou semelhantes que têm sentidos diferentes em cada idioma).
“O conteúdo da prova de espanhol é semelhante ao da de inglês. Há muitos cartoons, cartazes, músicas e poemas. É uma língua próxima do português, mas também muito diferente. Então, com uma única palavra que parece ser, mas não é, o aluno pode acabar se dando mal”, avalia Priscila Câmara, que recomenda atenção aos alunos que farão a prova do idioma.
A orientação é estar atento e não confiar em suposições sobre o idioma. Ler com atenção o comando do item é a principal recomendação.
Confira um exemplo de questão de espanhol que cobrou interpretação de texto, semântica e domínio lexical no Enem 2021.
Artes e educação física
A prova de linguagens também cobra conhecimentos de artes e educação física. Como a recorrência de temas das disciplinas são menores, o levantamento do SAS não as considerou separadamente. Segundo Vinicius Beltrão, as questões aparecem relacionadas a outros conteúdos de língua portuguesa.
“[As questões] podem falar de obras de arte, de artes plásticas, de esculturas ou sobre a história de algum artista ou uma exposição. E devem ter também questões que vão trazer um pouco da realidade dos esportes, desde hábitos saudáveis até realizações de jogos olímpicos. Este seria o cenário”, avalia Beltrão.
O que esperar da prova
A prova de linguagens deve ser mais homogênea do que as demais, já que os assuntos tendem a aparecer misturados, diluídos entre si. É o que explica Vinicius Beltrão, do SAS Plataforma de Educação.
“Linguagem é uma área muito abrangente e acaba envolvendo não só a língua materna, como duas possibilidades estrangeiras, assuntos sobre arte e, com uma frequência um pouco menor, assuntos vinculados ao componente curricular da educação física, como o universo dos esportes”, diz.
Por isso, não é incomum que uma questão sobre movimentos artísticos cobre interpretação de texto, por exemplo, como analisa Priscila Câmara, da edtech Stoodi.
“Nas últimas edições, percebemos [a recorrência de] interpretação de textos, que é a base dessa prova, e bastantes questões que envolvem relação entre diferentes textos. Então, algumas vezes, as questões não apresentam apenas um, mas dois suportes para o aluno estabelecer relação entre eles”, explica.
Segundo os especialistas, os assuntos devem vir num contexto de Brasil ou de mundo que dê para a questão um peso mais social e analítico, e não apenas conteudista.
“O Enem é um exame de caráter extremamente social. Isso significa que ele vai tentar trazer a representação do Brasil e da sociedade brasileira, dos desafios da sociedade em geral, e do que acontece no nosso cotidiano”, diz Beltrão.
Neste sentido, os professores veem como possibilidade a inclusão de textos populares de redes sociais, tendência que já apareceu em outras edições.
“Estes textos focados nas tecnologias da comunicação e da informação estão cada vez mais presentes. Então, é interessante que o aluno não fique preso apenas à literatura clássica, estudando escolas literárias”, conclui Priscila.
Acompanhe também o SE Notícias no Twitter, Facebook e no Instagram
Fonte: G1