por Iracema Corso, CUT
Com camisas vermelhas, milhares de estudantes, jovens, trabalhadoras e trabalhadores do campo e da cidade mostraram sua disposição para a luta ocupando as ruas de Aracaju, na tarde e noite desta quinta-feira, dia 31 de março, organizados pela Frente Sergipana Brasil Popular, em protesto contra o Golpe à Democracia, contra a manipulação midiática e contra o ajuste fiscal do Governo Federal.
Para manifestar que o Brasil não quer o retrocesso e sim mais direitos conquistados, o movimento social ocupou as ruas em defesa da Petrobrás 100% pública e para os brasileiros, contra a perda de direitos trabalhistas, pela democratização da mídia e do Judiciário, e também para tornar claro e evidente que o Brasil não aceita Golpe da direita, com apoio do PMDB e do PSB, para tomar a Presidência sem qualquer respaldo legal.
O presidente da CUT/SE, Rubens Marques, alertou para a simbologia da data, o dia 31 de março: por muito tempo foi a data de comemoração do aniversário do Golpe Militar que instituiu a Ditadura por mais de 20 anos. “O Ajuste Fiscal do Governo Federal é uma pauta dos patrões que Dilma tem que ter coragem de enfrentar. O movimento sindical e social encampa esta luta, mas dentro da democracia. Somente os inocentes acreditam que os golpistas querem combater a corrupção, o que eles querem mesmo é derrubar a presidenta e em seguida destruir as conquistas sociais e os direitos trabalhistas para que os patrões lucrem mais. Eles governaram o Brasil por mais de 500 anos, então sua história e trajetória política se confunde com a história da corrupção no país. A esmagadora maioria dos que pedem a saída de Dilma é notadamente corrupta. Como pode um lacaio como Eduardo Cunha conduzir um processo de impeachment? Nós que defendemos a manutenção da democracia, defendemos também a manutenção dos direitos trabalhistas e das conquistas sociais. E Ditadura nunca mais!”.
Em sintonia com os anseios populares, o presidente da CUT/SE defende que a mídia brasileira avance em democracia, em pluralidade de discursos, pois o velho modelo de um discurso único já não atende ao Brasil de hoje. “Numa ditadura a população fica à mercê dos seus algozes. Naquele período mulheres que combatiam o regime de exceção eram torturadas, estupradas e assassinadas. E as famílias não tinham nem o direito de enterrá-las porque eram sepultadas em valas clandestinas ou incineradas. A imprensa contrária ao golpe foi fechada e seus jornalistas presos ou assassinados a exemplo de Vladimir Herzog que foi enforcado na prisão. O dia 31 de março é uma data importante para lembrarmos a história deste jornalista independente, assassinado por um regime ditatorial que não aceitava a liberdade de expressão”. Estudantes engajados na USES que participaram da marcha também resgataram a memória de estudantes assassinados pela Ditadura Militar.
Itanamara Guedes, presidente da Federação dos Trabalhadores do Serviço Público Municipal de Sergipe (FETAM), falou sobre o machismo no Brasil e sobre a dificuldade de mulheres se manterem na política sob ataques infundados e acusações sem prova. “Não vamos aceitar que políticos como Bolsanaro e André Moura tomem o poder da presidenta Dilma que foi eleita democraticamente pela maioria do povo brasileiro. Viemos aqui para dizer que queremos continuar tendo uma presidente mulher. Viemos dizer ao PMDB que não aceitamos golpe e estamos nas ruas para construir um futuro digno, queremos uma sociedade digna, queremos poder dizer com orgulho que este é o nosso País e essa é a nossa democracia”.
Membro do grupo ‘Advocacia pela Democracia’, Milton Inhaquite alertou para o perigo da desregulamentação das leis trabalhistas que é o pano de fundo deste Golpe que só favorece o capital internacional em detrimento dos brasileiros. “Não nos sentimos representados pelos 26 advogados que apóiam o Golpe. Somos contra este impeachment porque a presidente Dilma não cometeu nenhum crime de responsabilidade. Qualquer pessoa do primário que saiba ler pode conferir nossa legislação e perceber que ela não cometeu nenhum crime. Os políticos que estão querendo derrubar a presidente é que são corruptos. Nós não podemos aceitar isso. As eleições acontecem em 2018 e esta sim é a ocasião de tirar ou eleger presidente. Atos praticados contra as Garantias Individuais atentam contra o Estado Democrático de Direito. É preocupante ver setores do Judiciário, do Ministério Público, da Polícia rasgando a Constituição e desrespeitando a lei. Isso é o caos. Ficamos sem ter a quem recorrer”.
A deputada Ana Lúcia enfatizou que o povo brasileiro não está sendo informado de que é Michel Temer e mais 40 envolvidos na Lava Jato que querem cassar o mandato de Dilma. “Não vamos permitir que estes empresários, o capital internacional e tudo que há de mais reacionário na política deste País dêem outro golpe contra a democracia brasileira. Este golpe é uma forma de barrar a política de valorização do salário mínimo, implantada pelo Governo Lula e que mudou a realidade de tantos trabalhadores. Não vamos aceitar o retrocesso”.
Professora Ivonete Cruz, vice-presidenta do SINTESE, ressaltou a força da união de estudantes, da juventude, trabalhadores do campo e da cidade em defesa da democracia, mostrando a força desta união. “Há 52 anos, nós vivíamos um golpe civil militar que destruiu este País, perseguiu estudantes professores, sindicalistas, trabalhadores, foram muitos os desaparecidos… E desta vez, no dia de hoje, o povo vem às ruas para dizer: não vai ter Golpe. Os corruptos do Congresso Nacional, a elite reacionária deste país, não vai consolidar este golpe porque o povo brasileiro que teve direito a estudar em universidade pública, que deixou de receber salário de fome, vai lutar com coragem e força”.
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