Era madrugada do dia 19 de julho de 2014, um sábado, o servente de pedreiro, Josivaldo da Silva, 25, a esposa dele, Vanice de Jesus, 32, a filha dela, Ane Gabriele de Jesus, 9, e o filho do casal, Ítalo Miguel, de 11 meses, dormiam em um prédio em fase de acabamento localizado na rua Poeta José Sales Campos, bairro Coroa do Meio, na Zona Sul de Aracaju, quando foram surpreendidos com um barulho vindo dos andares superiores para em seguida, toda a estrutura desabar.
Um ano após o ocorrido, a família já conquistou na Justiça duas ações contra os proprietários do imóvel: Luzinaldo Tadeu do Nascimento e Edina Barreto Ferreira. Uma causa trabalhista e outra por danos moral e material. “Foram feitos acordos com os proprietários e os processos foram arquivados”, disse a advogada da família, Janete de Oliveira Souza. Para preservar os clientes preferiu não informar os valores do acordo. “Eles moram em um lugar humilde e isso pode despertar cobiça e trazer problemas para eles”, explicou.
Existe ainda uma ação criminal que tramita na Justiça já que a Polícia Civil indiciou pelos crimes de homicídio culposo qualificado e lesão corporal culposa, os proprietários do prédio, além do engenheiro responsável pelo projeto, Antônio Carlos Barbosa de Almeida. “Aguardamos o pronunciamento do Ministério Público sobre o processo”, disse a advogada.
Foram cerca de 34 horas de agonia debaixo dos escombros. Os quatro ainda chegaram a serem socorridos com vida, porém momentos após o resgate o pequeno Ítalo Miguel acabou morrendo de parada cardiorrespiratória. “Imaginava como sair do local. Me arrastei. Momentos depois não aguentei mais e acabei adormecendo. Pensava em salvar minha família, pensava em Deus e em minha mãe, que há um ano não via”, disse Josivaldo a época. Segundo o servente de pedreiro, eles ficaram a todo tempo deitado já que uma laje que desabou ficou a cerca de dez centímetros dele. Para amenizar a sede deles, utilizaram a humidade dos escombros.
De acordo com o delegado Valter Simas, responsável pela investigação, o laudo pericial elaborado pelo Instituto de Criminalística em parceria com os técnicos do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (CRA-SE) apontou que desabamento ocorreu por causa de uma sucessão de erros no projeto e na execução. O laudo teria revelado que o pilar P-8 do empreendimento não suportou o peso da estrutura e ruiu, fazendo com que todo empreendimento entrasse em colapso.
O laudo mostrou ainda que houve erros graves na execução do projeto, como a construção de um pavimento a mais fora do projeto original e o concreto que era feito sem acompanhamento tecnológico.
Fonte: Jornal da Cidade.net