O deputado João Daniel destacou os 16 anos de luta e resistência do Acampamento Zumbi dos Palmares, localizado entre os municípios de Malhador e Riachuelo, na sessão desta quarta-feira, 13, na Assembleia Legislativa de Sergipe. João Daniel parabenizou as 223 famílias do acampamento pela organização e luta e registrou o grande ato que ocorreu na terça-feira para marcar a data. “Centenas de pessoas, militantes do MST, moradores dos municípios vizinhos, pequenos agricultores da região, lideranças, somaram-se para apoiar as famílias, que se mantém firmes na luta pelo direito à terra.”
O dia começou com um café da manhã com produtos do próprio acampamento, seguido de um ato político de apoio à luta. Um torneio de futebol foi organizado durante a parte da manhã. A tarde foi destinada a celebração e uma missa e atividades culturais.
O acampamento Zumbi dos Palmares é um símbolo da luta viva do Movimento Sem Terra no Estado de Sergipe. A primeira ocupação da área foi em 12 de março de 1988. Um despejo violento ocorreu dois dias depois, acabando na prisão de várias lideranças do MST. Uma ampla mobilização conseguiu libertá-los. A segunda ocupação resiste até hoje. Várias foram as tentativas de reintegração de posse. Mas a luta das famílias conseguiu derrubá-las.
Grande emoção – Para Dona Iraci dos Santos Reis, coordenadora do acampamento Zumbi dos Palmares há 16 anos, o ato foi um momento de grande emoção. A dirigente lembra ainda o dia da ocupação: “Entramos na fazenda com 300 famílias e fizemos o acampamento onde nós estamos até hoje.” As famílias sofreram muitas pressões: “Todo ano, na hora da gente produzir, quando estamos preparando tudo para plantar, recebemos a liminar de despejo. E sempre vamos lá, com a militância e o nosso advogado, e conseguimos suspender a liminar.”
16 anos depois, a luta ainda não terminou: “Estamos agora em um novo período de pressão jurídica. No dia 21 de março, teremos mais uma audiência para a reintegração de posse, e estaremos todos mobilizados.” Os acampados enfrentam também outras dificuldades, como o fato de ser impossível a captação de créditos para a produção por não ser ainda um assentamento reconhecido.
Apesar disso, as famílias estão resistindo e produzindo. “Produzimos maracujá, acerola, pimenta de cheiro, banana, macaxeira, batata doce, hortaliças, mudas,… Não só para a auto-subsistência, mais também para a venda nas feiras da Grande Aracaju e dos municípios vizinhos”, explica, com orgulho, Dona Iraci.
Assessoria Parlamentar com informações do Coletivo de Comunicação – MST/SE