Atendendo a um convite pessoal da presidente Dilma Roussef, governador fala e destaca avanços das políticas de inclusão social
“Nenhuma nação se legitima na história se desprezar a liberdade e se ignorar o valor da igualdade”. Representando os governadores, foi esta uma das frases que Marcelo Déda usou para sintetizar o “dia histórico” em que o Brasil Sem Miséria retira os últimos 2,5 milhões de brasileiros da extrema pobreza entre os beneficiários do Bolsa Família.
O anúncio desta terça, 19, em Brasília, consolida a política do Governo Federal de erradicar a miséria no país. No total, foram 22 milhões de pessoas que superaram a pobreza extrema. “Este é um projeto capaz de somar o desenvolvimento econômico com a inclusão social”, elogiou Déda.
Dístico
Depois de se dizer “encantada” com a capacidade oratória do governador, “de falar e fazer poesia”, a presidenta comentou a frase estampada em painel no segundo andar do Palácio do Planalto: “O fim da miséria é só um começo”. “Para mim, esta frase é irmã – e o Déda tem razão – do dístico do meu governo que afirma, com coragem e ousadia, que País Rico é País Sem Pobreza”.
Foi justamente o dístico que mereceu longa análise do governador. Para Déda, a frase que iria identificar a administração da presidenta é mais do que uma iniciativa de marketing. “A primeira vez que apreciei a marca de seu governo eu tomei um choque. Um choque positivo. Percebi que, além de um slogan, essa marca traduzia a sua coragem e o seu compromisso”.
Sans-culotte
Para ele, a escolha do dístico revelou ousadia. “Não conheço um governo que tenha tido a coragem de colocar como marca da sua administração, não uma afirmação retórica, mas um compromisso político radical”. E completou: “A senhora propunha um desafio à sociedade, à Federação. E sei que tem ali um desafio a si própria”.
Déda, então, lembrou a Revolução Francesa para ilustrar o momento histórico vivido pelo Brasil. Não há como falar em progresso ou em desenvolvimento quando “bilhões de seres humanos vivem como órfãos da solidariedade, os sans-culotte da pós-modernidade”, enquanto uma minoria usufrui, por exemplo, os avanços da tecnologia.
Na visão do governador, o Governo Federal foi competente em transformar ganhos administrativos e uma revolução na gestão das políticas sociais no Brasil Sem Miséria. Neste momento, Déda criticou os que tentam divorciar a gestão da política, no que ele chamou de “fetichização da gestão” ou os defensores do “pensamento único das teorias de uma globalização excludente”.
Arte de escolher
De acordo com o governador, a gestão é uma ferramenta indispensável, mas, “atrás da gestão tem que haver a política, porque a política é o ato de escolher”. Mais uma vez, ele destacou a “visão de estadista” de Dilma, “que não quer mais este estado inercial, esperando que a sociedade o procure para revelar as suas mazelas”.
“Somos nós, os homens públicos do Brasil, os operadores da política, os militantes dos movimentos sociais, os sindicalistas. Somos nós que temos que ir ao Brasil, à história, procurar onde estão nossas mazelas e convocar o povo para conosco revolvê-las”. É o caso da busca ativa, ferramenta fundamental para localizar os mais pobres.
Velho do Restelo
Por fim, citando Luis de Camões, Déda lembrou que sempre haverá críticas às iniciativas do Governo. Para tanto, lembrou do personagem camoniano, o Velho do Restelo que, “em vez de perceber na iniciativa do infante Dom Henrique o caminho da expansão portuguesa e da riqueza para aquele pequeno reino, preferia ver viúvas chorando pelos náufragos, as mercadorias perdidas em tempestades”.
O Velho do Restelo, prosseguiu, “é figura que não desapareceu da história. É ele o portador do atraso em cada momento de mudança e de ruptura”. Em contraponto, melhor citar outro poeta português, Fernando Pessoa. “A história não existe para registrar as lágrimas do Velho do Restelo, mas a frase que nos estimula: navegar é preciso, viver também é preciso. E vencer os desafios que o Brasil tem hoje não é apenas preciso, é possível”.
“Neste momento, a política reencontra a sua razão de ser. A política se transforma num instrumento para alargar o possível”, finalizou. Num gesto pouco usual em cerimônias no Palácio do Planalto, Déda foi, então, aplaudido de pé pelos convidados e pela presidenta. Dilma Rousseff, em seguida, discursou referindo-se ao “querido Déda”: “O Déda inspirado é algo, de fato, bom de ver, e de ouvir”.
A secretária de Inclusão Social, Eliane Aquino, e o secretário de Governo, Pedro Lopes, acompanharam o governador.
Secretaria de Estado da Comunicação Social/Governo de Sergipe