A Mesa de Abertura da II Mostra IN Comunicações abordará os registros de violência contra os jornalistas em Sergipe. A escolha da temática foi motivada em virtude do lançamento do “Relatório 2014: Violência contra Jornalistas e Liberdade de Imprensa no Brasil”, organizado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj). Lançado em janeiro desse ano, o documento revela que, em números absolutos, houve uma diminuição dos casos de agressões em comparação a 2013. No entanto, há ainda muitos registros de assassinatos, entre outros casos de violência, contra profissionais de comunicação, sendo a maioria durante protestos populares. Em 2014, foram identificados 82 casos. No ano anterior, foram 189 ocorrências.
O relatório apresenta em detalhes um panorama da violência contra jornalistas no Brasil, indicando os registros por Região e Estado, por gênero e tipo de mídia. Além disso, também descreve os casos enquadrados em diversas categorias como: assassinatos, agressões físicas, agressões verbais/ injúrias raciais, agressões durante manifestações, ameaças e intimidações, assédio político, atentados, censura, cerceamentos à liberdade de imprensa por ação judicial, impedimentos ao exercício profissional, prisões/ detenções e violência contra organização sindical.
Em Sergipe, foram registrados três casos, sendo que dois deles diretamente relacionados ao exercício da profissão. Classificado no relatório como “Ameaças e Intimidações”, destaca-se uma ocorrência em 3 de junho de 2014, quando uma equipe de jornalistas do Portal Infonet foi ameaçada por dois policias civis, na saída da cidade de Salgado. Os policiais ainda quebraram os celulares e a máquina fotográfica da equipe, que foi até Salgado para fazer uma reportagem sobre o suposto assalto a um taxista, praticado por um enteado do secretário de Estado de Segurança Pública. A equipe foi abordada pelos policiais logo após entrevistar alguns moradores da cidade.
O caso do jornalista sergipano Cristian Góes, enquadrado como “Cerceamento à liberdade de imprensa por ação judicial”, ganhou inclusive repercussão internacional, tendo em vista sua condenação por ter escrito e publicado em um blog uma crônica ficcional, em maio de 2012. Na crônica, escrita na primeira pessoa, ele trata de um coronel, que manda e desmanda, com a proteção de um “jagunço das leis”. O desembargador Edson Ulisses, vice-presidente do Tribunal de Justiça de Sergipe, sentiu-se ofendido e processou o jornalista civil e criminalmente. Em ação civil, Cristian foi condenado a pagar R$ 30 mil de indenização por danos morais ao desembargador. Na ação penal, foi condenado a sete meses e 16 dias de prisão, convertidos em prestação de serviços comunitários.
O terceiro caso, classificado como “Assassinato de outros profissionais da comunicação”, remete ao assassinato do radialista Iran Machado, 55 anos, que foi morto a tiros na porta de sua casa, na cidade de Itabaiana. Ele trabalhava nas rádios São Domingos FM e Capital do Agreste e era conhecido pela irreverência nas transmissões de futebol. O criminoso não foi identificado.
O momento inaugural da Mostra acontece no dia 08 de maio, a partir das 19h, no Centro de Cultura e Arte (Cultart), da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Na ocasião, os dois casos registrados em Sergipe pela Fenaj serão debatidos pelo Presidente do Sindicato dos Jornalistas de Sergipe (Sindijor-SE), Paulo Sousa, além de contar com a presença do jornalista Cristian Góes e da diretora de jornalismo do Portal Infonet, Raquel Almeida.
Fonte: organização do evento