A folia carioca acabou oficialmente na terça-feira, mas o clima de carnaval continua em São Januário. A quarta, mesmo sendo de cinzas, ainda foi motivo de comemoração para o Vasco. O Flamengo fez bonita apresentação, mas não o suficiente para superar o conjunto e a harmonia do time de Cristóvão Borges. Na Taça Guanabara, o bloco que segue em festa é o cruz-maltino. A virada por 2 a 1 encerra um jejum de quase três anos – ou oito partidas – sem vitória sobre o rival no Clássico dos Milhões e mantém os 100% de aproveitamento do time no torneio.
Na ressaca do carnaval, houve destaque até para quem atravessou o samba – e feio. Deivid, com o gol aberto à sua frente quando o jogo estava 1 a 1, conseguiu acertar a trave. Teve seu nome gritado pela torcida rival duas vezes, após o lance e ao ser substituído no segundo tempo. Com ironia, os vascaínos gritaram também “é Seleção”. Na saída para o intervalo, o atacante declarou que foi o gol mais perdido da sua vida.
Mestre da bateria vascaína, Juninho teve boa atuação e travou grande duelo com Felipe. Do outro lado do campo, Vagner Love e Dedé disputavam lance a lance com muita vontade. O zagueiro foi melhor, mesmo com o gol do camisa 99. Mas o que pesou mesmo para a vitória foi a força de sua comissão de frente. Alecsandro, artilheiro do Campeonato Carioca, fez o primeiro gol, e Diego Souza, o segundo.
A festa vascaína continua até domingo, quando disputa a final contra Botafogo ou Fluminense. Os times se enfrentam às 21h desta quinta-feira, também no Engenhão, na segunda semifinal da Taça Guanabara. Já o Flamengo, que perdeu uma invencibilidade de 21 meses em clássicos, volta a campo na próxima quarta-feira, contra o Boavista, pela primeira rodada da Taça Rio.
Baterias a todo vapor
As duas equipes entraram em campo com raça para fazer bonito em frente aos jurados/torcedores. Nem precisou de esquenta. Em poucos minutos, os principais destaques de cada equipe já mostravam que foram boas apostas de seus diretores. Vagner Love, que foi dos jogadores que mais aproveitaram a folia, deu uma sambadinha na frente da área vascaína e com ginga de corpo tirou Fagner de sua frente. Com precisão, bateu de perna esquerda, sem chance para Fernando Prass. Festa no bloco vermelho e preto logo no primeiro lance da partida, aos dois minutos.
A nota 10 conquistada tão rapidamente pelo adversário deixou a agremiação cruz-maltina nervosa. Os ritmistas vascaínos tinham dificuldade de se encontrar no samba. Mas é para isso que serve o mestre da bateria. Com um chute forte de fora da área, Juninho assustou Felipe, que soltou a bola nos pés de Alecsandro. Ele não perdeu a chance e fez a festa mudar de lado, aos 14 minutos. Foi seu oitavo gol em oito jogos no estadual.
Tudo isso veio antes da parada técnica para hidratação. Os dois times continuaram apostando na força do conjunto para tentar chegar ao gol.
Juninho e Fagner arriscaram de longe e assustaram Felipe. Na resposta, Ronaldinho cruzou para Deivid, mas a cabeçada parou nas mãos de Fernando Prass.
A força dos ataques fez brilhar a atuação também dos goleiros. Felipe fez uma sequência de boas defesas, em dois chutes de Juninho e um de Diego Souza. Prass brilhou do outro lado em chute cruzado de Deivid, após bom passe longo de Renato.
O jogo era bonito, e a vibração na arquibancada era digna dos melhores desfiles. Mas sempre tem quem desafine. Em escanteio, Diego Souza ficou desmarcado, mas cabeceou para fora. No entanto, Deivid fez pior. Muito pior. Léo Moura passou por Rodolfo, tocou por entre as pernas de Prass e deixou o atacante de cara para o gol, livre. Ele conseguiu o mais difícil e acertou a trave. Teve seu nome gritado pela torcida do Vasco, que, ironicamente, pediu sua convocação para a Seleção.
Ritmo diminui, Diego aparece e fecha o enredo da vitória
A segunda parte do jogo começou com as duas equipes segurando o ritmo. A correria diminuiu, mas não houve ganho na evolução. Barbio e Alecsandro fizeram grande jogada, e o Cabeleira da Colina caiu na área. O Vasco pediu pênalti. Pouco depois, Léo Moura invadiu a área e foi ao chão. Dessa vez, o Flamengo pediu a penalidade máxima.
Com poucos lances dignos de nota, os dois técnicos decidiram mudar. Juninho deixou o campo para a entrada de Felipe. Deivid foi substituído por Bottinelli. A torcida do Vasco aplaudiu os dois jogadores substituídos, embora não tenha gostado da saída do Reizinho. William Barbio sentiu cãibras e também precisou ser substituído. Kim entrou em seu lugar.
Com as mudanças, o Vasco perdeu força no meio. O Flamengo passou a igualar as ações e teve boas chances com Love e Ronaldinho. O camisa 99 recebeu na área e, mesmo marcado, conseguiu chutar. A bola foi para fora. O mesmo destino teve uma cabeçada de R10 minutos depois.
O Vasco seguia fazendo seu desfile de passes em busca de uma boa jogada. E ela saiu como uma surpresa de Paulo Barros, carnavalesco da Unidos do Tijuca, escola que já homenageou o Vasco em enredo nos anos 90. Fagner, quando menos se esperava, foi para o meio, tocou para Kim na direita e correu para a área. O atacante cruzou na medida, e o lateral cabeceou com força. Felipe defendeu, mas deu rebote. Diego Souza, que andava sumido, apareceu para garantir o gol da vitória de cabeça.
Joel ainda lançou Negueba para tentar dar mais força ao seu setor ofensivo. O Flamengo até dominou, teve algumas chances, mas nenhuma que realmente tenha obrigado Fernando Prass a realizar grande defesa. A quarta-feira foi mesmo de cinzas para o Rubro-Negro.
Globo Esporte.com