A citricultura, que rendeu a Boquim o título de Cidade da Laranja, oportunizou que o município recebesse do Governo do Estado uma escola profissionalizante com curso na área de Fruticultura. O Centro Estadual de Educação Profissional Maria Fontes de Faria, conhecido como Dona Marieta, tem previsão de formar sua primeira turma no início do mês de agosto, e proporciona que jovens da região tenham acesso a formação técnica para atuar em diferentes áreas, e, dentre elas, a de controle de pragas, como a Mosca Negra, adubação do solo, comercialização, e no planejamento, execução e monitoramento de etapas de produção das plantas frutíferas.
Inaugurada em 2014, a Dona Marieta é uma das cinco escolas profissionalizantes com cursos técnicos já em atividade em Sergipe. Além dela, unidades de ensino de Neópolis (Agonalto Pacheco), Aracaju (José Figueiredo Barreto), Poço Redondo (Dom José Brandão de Castro) e Japoatã (Escola Família Agrícola de Ladeirinhas) atuam e proporcionam, respectivamente, que alunos tenham acesso aos cursos de Agroindústria; Bares e Restaurantes, Condomínios e Rede de Computadores; Agropecuária; e área Agrícola.
O Centro Estadual de Educação Profissional Maria Fontes de Faria (Dona Marieta) conta com laboratórios de Ciências, Físico-química e Ciências Biológicas para ajudar na formação do aluno. Além disso, a escola firmou parceria com a Emdagro para realização de aulas práticas e inseriu os estudantes em cursos durante a Semana do Citricultor, em Boquim, para que eles tivessem acesso a informações relativas ao conteúdo programático da formação técnica.
O secretário de Estado da Agricultura, Esmeraldo Leal, acredita que a capacitação de jovens de Boquim e da região Sul vai colaborar no combate às pragas, dentre elas a que mais afeta o Brasil, a Mosca Negra.
“Todas as pragas têm controles naturais ou químicos, e que passam por conscientização e formação. A capacitação desses alunos é fundamental e vai trazer benefícios, pois afeta positivamente a região de forma extraordinária. Inclusive, na nossa avaliação, serve mais um bom curso que um vaso de veneno. Ter consciência e estar capacitado para reagir a determinado problema, inclusive o relacionado às pragas, pode ajudar na resolução por meio de outras alternativas que não o uso de químicos”, explicou.
Para 2016, o objetivo da escola é promover uma nova parceria com a Emdagro para proporcionar estágios supervisionados para os estudantes que estão concluindo o curso em Fruticultura, e ainda desenvolver o projeto Seleção de Alunos para o Mercado de Trabalho (SAT), em consonância com o curso de Recursos Humanos do Senac. O objetivo é inserir currículos dos discentes em um banco de dados para divulgação.
De acordo com o governador Jackson Barreto, preparar os jovens, principalmente os filhos das famílias mais pobres, é o caminho para o amanhã. “Essa escola qualifica para o futuro a juventude de Boquim e essa é a função do governo. Somente pela educação se alcança um futuro melhor. Muitas pessoas, não apenas do município, mas de cidades vizinhas como Pedrinhas e Arauá podem estudar no Centro Estadual de Educação Profissional Maria Fontes Faria, perto de casa”, declarou.
Mais de R$ 5 milhões foram investidos pelo Governo do Estado na construção do Centro Estadual de Educação Profissional Maria Fontes de Faria e na compra dos equipamentos para os laboratórios. O curso técnico tem duração de 24 meses, oferece aulas na modalidade presencial, com eixo voltado para Recursos Naturais. Além deste, o Dona Marieta também oferece cursos de Formação Inicial e Continuada de auxiliar administrativo; promotor de vendas; operador de computadores, programador de sistemas e Instalador e reparador de rede de computadores.
Atuação profissional
O técnico em Fruticultura pode atuar na iniciativa privada ou serviço público, em grandes ou pequenas empresas organizadas em cooperativas, associações ou propriedades rurais. Ele trabalha na produção de mudas frutíferas, manejo de pomares, processos de colheita e pós-colheita de frutas; avaliação do processo produtivo, controle da qualidade de frutas e sua comercialização; produção de processos agroindustriais, extensão rural e pesquisa, comércio de equipamentos e produtos agrícolas.
A mão de obra qualificada proporciona um grande benefício para a região, auxiliando no desenvolvimento local através do desenvolvimento de atividades, com alto grau de especialização, que pode beneficiar diretamente as empresas regionais voltadas para o setor agrícola.
Segundo a diretora do Centro Estadual de Educação Profissional Maria Fontes de Farias, Maria Lúcia de Freitas, a ida do curso técnico profissionalizante para Boquim foi muito boa, pois trouxe para a juventude de Boquim outras perspectivas. Ela explica que, apesar de a iniciativa ter sido ofertada há quase um ano e meio, muitas pessoas da região ainda desconhecem a importância do técnico em Fruticultura.
“Estamos lutando para poder incutir na cabeça das famílias que a Fruticultura é ainda oportunidade de sobrevivência. Elas ainda têm dificuldade muito grande em absorver isso e a juventude às vezes acha que atuar nesta área é ser plantador de laranja. Por isso, sempre temos a preocupação de especificar sobre o que é e qual o objetivo do curso, para que o aluno entenda que a formação vai acrescentar na vida dele e trazer qualidade de vida”, afirmou.
Focado na área de prevenção e combate de pragas e doenças em plantas, o aluno Igor César Dutra, 18, era morador de Arauá e decidiu mudar-se para Boquim para ter acesso ao curso técnico. “Tenho prazer de estudar aqui e considero que há uma boa área de trabalho. O ensino técnico e os professores são excelentes, e quando ouvi falar do curso não pensei duas vezes. Estou satisfeito demais. Acredito que, se os produtores locais acreditarem em nosso trabalho, Boquim vai voltar a ser um município produtor de laranja”, pontuou.
A estudante Kelly Liliane Santos Batista, 29, terminou ensino médio há cinco anos e viu no curso profissionalizante uma chance de entrar no mercado de trabalho. “Estava sem curso superior e técnico, apareceu essa oportunidade na cidade e resolvi aproveitar. Identifiquei-me com o curso e quero seguir na área de Agronomia. Na prática, quero trabalhar no campo, cuidando de pragas, por conta dos problemas que têm aqui na cidade relacionados à citricultura. Meu desejo é que Boquim volte a ser o que era antes”.
Já Lidiane Santos Rocha, 33, vê na área de pesquisas o seu futuro profissional. “Havia entrado no curso técnico para ter certificado, mas acabei me identificando muito e me apaixonei. Acredito que o curso é essencial para Boquim, e que, por conta deficiência na assistência técnica, viemos para ajudar. Quero seguir na área de pesquisas para identificar pragas, buscar alternativas para não usar agrotóxicos e não prejudicar as pessoas e plantas”, comentou.
Para o professor da área de Agronomia, Abelardo Máximo de Carvalho, Sergipe tem um leque muito grande de profissões e áreas de trabalho para o técnico em Fruticultura, e a escola profissionalizante dá os subsídios para prepará-lo. Ele conta que, além de Boquim, Umbaúba, Cristinápolis e Neópolis estão em crescimento no cenário frutífero e que o mercado de trabalho está aberto e aquecido.
“A citricultura no ano passado, na área de exportação de suco, foi recorde. Então o mercado está precisando de profissional de diversas áreas. E o técnico na área de Fruticultura e agropecuária é formado para auxiliar um engenheiro agrônomo em suas atividades de campo. Ele está apto para prestar assessoria na área de assistência técnica, a parte de manejo, adubação, correção de solo, comercialização, qualidade de fruto, extensão rural, enfim, tem uma abrangência bem grande”, concluiu o professor.
Interiorização
A meta do Governo do Estado é que Sergipe tenha pelo menos uma escola profissionalizante em cada um dos seus oito territórios. Para isso, além das unidades com curso técnico já em funcionamento, foram entregues o Instituto Educacional Rui Barbosa, antiga Escola Normal, em Aracaju (curso de Secretaria Escolar); Joana de Freitas, em Propriá (Aquicultura); Centro de Educação Profissional Governador Marcelo Déda, em Carmópolis (Gás e Petróleo); Murilo Braga, em Itabaiana (Movelaria e Sistema de Informação); e Cleonice Soares Fonseca, em Boquim (Administração de empresas e Manutenção e Suporte em Informática).
A preocupação do governo é ofertar, em cada município que já recebeu ou receberá uma escola de ensino técnico, cursos que sejam voltados à vocação cultural e econômica de cada região, facilitando a absorção pelo mercado de trabalho da região e do aluno capacitado. O cuidado do Estado funciona como uma via de mão dupla. Por um lado, os incentivos do governo na atração de indústrias e o crescimento nos serviços no interior proporcionam o aumento da oferta de emprego em cada região. Por outro, capacitam-se os jovens para que possam ocupar as vagas existentes e futuras com mão de obra qualificada.
Os próximos municípios a receberem unidades profissionalizantes e com centros de ensino em construção são Nossa Senhora das Dores, Indiaroba e Nossa Senhora do Socorro. Com relação às escolas já inauguradas de Itabaiana, Carmópolis e Boquim, enquanto não começam os cursos técnicos, os jovens da região têm acesso aos de Formação Inicial e Continuada.
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