*Ricardo Bilton, poder360.com.br
O papel do Facebook em espalhar notícias falsas durante as eleições norte-americanas do ano passado é, até agora, inegável. A empresa tem assumido alguma responsabilidade, e na última 5ª feira (5.out.2017) introduziu uma atualização que tem como objetivo dar mais informações aos usuários sobre artigos enquanto eles estão lendo e antes de compartilhá-los com outros.
A mudança é pequena, mas, do ponto de vista da rede social, significante: usuários da plataforma logo estarão vendo botões de informações em artigos que aparecem no feed Notícias. Quando usuários clicarem no botão, verão um painel com informações sobre a página da Wikipédia da fonte, conteúdo relacionado com o artigo em questão e detalhes sobre onde e como os textos estão sendo compartilhados.
O Facebook disse que o objetivo é dar às pessoas ferramentas para que possam ter mais informações para tomar decisões sobre quais histórias ler, compartilhar e confiar. Uma fonte de notícias sem uma página na Wikipédia pode ser um sinal de que não se deve confiar como poderia (apesar da natureza do Wikipédia permitir que qualquer um possa criar ou editar páginas, fazendo com que seja uma fonte de autoridade dúbia; alguns sites de notícias legítimos também podem não ter páginas próprias). O conteúdo relacionado dará aos usuários outras visões ou mais contexto sobre o artigo que estão lendo.
Apesar de não estar claro o quão popular a nova atualização de contexto será, provavelmente haverá algum tipo de impacto, até porque a novidade coloca todas as novas ferramentas apenas a um clique de distância. O proposta é um produto do feedback de usuários e de organizações envolvidas com o Projeto de Jornalismo do Facebook, cujo trabalho já cobrimos.
Mark Zuckerberg inicialmente negou alegações de que o Facebook tenha tido um papel significativo em espalhar notícias falsas durante as eleições. Mas ele voltou atrás na sua fala mais tarde (mais ou menos). Ao mesmo tempo em que está introduzindo novas ferramentas que têm como objetivo diminuir a disseminação de fake news no feed Notícias, o Facebook também está cooperando com uma investigação do Congresso sobre como os russos podem ter usado as ferramentas de publicidade da plataforma para atingir votantes específicos e aqueles em Estados-chave.
E o Facebook também está percebendo que não pode sempre jogar mais tecnologia nesses problemas. A plataforma disse nesta semana que planeja contratar mais 1.000 funcionários para o time que revisa os anúncios comprados no site.
*Ricardo Bilton integra o Nieman Journalism Lab. Já trabalhou como repórter no Digiday, onde cobriu negócios de mídia digital. Também escreveu para VentureBeat, ZDNet, The New York Observer e The Japan Times. Quando não está trabalhando, provavelmente está no cinema.
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