Considerado pela polícia um criminoso frio e de alta periculosidade, Adriano de Jesus Santos, o “Adrianinho” ou “Adriano Psicopata”, que é condenado a 52 anos e três meses de reclusão em regime inicialmente fechado, ganhou a liberdade na tarde desta quinta-feira, dia 6, graças ao habeas corpus concedido pelo juiz da Vara de Execuções Penais, Hélio de Figueiredo Mesquita Neto.
Adrianinho, que estava recolhido no Complexo Penitenciário Antônio Jacinto Filho (Compajaf), fez fama e aterrorizou Itabaiana pela frieza e requintes de crueldade com que executava suas vítimas. Dentre os mais de 17 assassinatos atribuídos a ele, registrados dentro e fora de Sergipe, está o de um homem, cuja cabeça foi arrancada e usada como bola de futebol.
Em sua decisão o magistrado alega que além do apenado já ter cumprido mais de 1/6 da pena dos 52 anos e três meses, o que garante a progressão de regime, e possuir bom comportamento, Sergipe não dispõe de estabelecimento prisional para o cumprimento de penas em regime semiaberto, em virtude da interdição dos Centros de Ressocialização de Areia Branca I e II. “Constato que o sentenciado até a presente data já cumpriu nove anos, seis meses e 17 dias. E, bastava cumprir oito anos, oito meses e 15 dias para progredir de regime”.
Desta forma, Adrianinho, apesar do rosário de crimes que cometeu, ganhou a liberdade e vai poder cumprir o restante da pena em regime aberto. “Inexistindo vaga em estabelecimento compatível com o regime semiaberto, é legítima a adoção do regime aberto domiciliar, pois o apenado não pode cumprir a pena em local mais severo que o determinado na decisão executória”, diz o magistrado.
Perigo a solta
A notícia da soltura do apenado caiu como uma bomba na Secretaria de Segurança Pública (SSP). Policiais e delegados não têm dúvidas que Adrianinho voltará a agir e praticar outros homicídios. Eles não escondiam a decepção em ver que todo esforço para retirar um criminosos de alta periculosidade das ruas acabou sendo em vão por conta da fragilidade da Lei.
Adrianinho estava preso desde março de 2009, quando foi recapturado na cidade baiana de Chorrochó pela equipe do delegado André Baronto, depois de fugir vestido de mulher do Complexo Penitenciário Manoel Carvalho Neto (Copemcan), em São Cristóvão. Na época a Rádio Capital do Agreste, em Itabaiana, chegou a receber uma carta, cuja autoria era atribuída a ele, na qual havia uma lista com os nomes de pessoas que seriam assassinadas.
Preso Adrianinho negou a autoria da carta. Antes de escapar do Copemcan, ele chegou a passar seis meses no presídio de segurança máxima no Mato Grosso, em Regime Disciplinar Diferenciado (RDD) por determinação da juíza da 5ª Vara Criminal.
Rosário de crimes
Frio e sem demonstrar arrependimento pelos crimes executados, nas entrevistas que concedeu à imprensa, Adrianinho sempre fez questão de relatar todos os homicídios que praticou, alegando que foram motivados por rixas. Ele começou a escrever sua história com sangue aos 15 anos, quando matou um homem de prenome Tassiano, crime ocorrido nas imediações do colégio Airton Teles, em Itabaiana. Em 2002, assassinou um homem conhecido apenas por “Robinho”.
A partir daí, a lista de crimes dele só aumentou. Maria José Santos, a “Dedé”, foi morta com dois tiros na cabeça no interior de um prostíbulo em Itabaiana. Um dos assassinatos que Adriano sempre fez questão de lembrar foi o de um homem de prenome Mateus. O fato aconteceu quando o ele residia na cidade paulista de Santos. “Morava em uma vila e diziam que o vizinho era estuprador. Teve uma noite que vi passando com um garoto e depois ouvi gritos de alguém pedindo socorro”.
Segundo ele, ao invadir a casa encontrou a criança despida. “Mandei o menino ir embora. Aí Mateus tentou correr, mas não conseguiu sair da vila porque o portão estava fechado. Acho que dei uns 200 golpes de faca. Depois que arranquei a cabeça fiquei chutando como se fosse uma bola. Se fosse para fazer o gol não ia conseguir. Ele tinha a cabeça torta e também não sei jogar futebol”. Adrianinho também costumava se trajar de mulher para executar suas vítimas. Uma delas foi um homem identificado apenas por “Ratinho”.
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Por Evenilson Santana, do Sergipe é Notícia