Exigências por velocidade de resposta, competitividade, impulsividade coletiva e outros comportamentos da vida moderna estão levando as pessoas a uma agilidade incompatível, gerado inquietude e adoecimento psíquico e físico. A afirmação é da psicóloga Taís Fernandina Queiroz, Mestre em saúde coletiva, especialista em Psicologia da Saúde pelo Conselho Federal de Psicologia, docente da Unit e que atua há 15 anos no Centro de Atenção Psicossocial, em Aracaju.
Segundo a psicóloga é preciso equilíbrio. Uma pessoa mentalmente saudável é aquela que consegue manter uma harmonia. “É manter-se estável diante das instabilidades do cotidiano. Mas, isso não significa dizer que seja aquela pessoa pacata e boazinha como fantasiam. Ter uma saúde mental é também, em alguns momentos, dizer a verdade, ser assertiva, falar o que se pensa, de vez em quando, ter momentos de descarregar a energia emocional”, adiantou.
Quando se fala em adoecimento mental, a especialista explica que existem diferentes níveis. “Muitas vezes estamos no nível de adoecimento leve e a nossa falta de percepção faz com que o quadro evolua. As consequências vão acontecer de modo mais efetivo nos estados moderado e grave trazendo, algumas vezes, implicações clínicas e físicas como doenças cardíacas, do trato gastrointestinal e até enfermidades como de câncer. Outro dano é o que chamamos de prejuízo social que é quando o sofrimento psíquico começa a impactar nas relações com a família e amigos, no trabalho, na academia. Nesse caso a pessoa começa querer ficar isolada socialmente, passa a não dar conta das suas atividades do cotidiano, perde o interesse pelas principais atividades da rotina”, esclareceu Taís.
Os primeiros sinais de que algo não anda bem com nossa saúde mental está geralmente ligado a ansiedade que apesar de ser uma reação normal do organismo pode acender um sinal de alerta. “Dentro de algumas situações a exemplo, de algo novo, de algo que nos imponha medo ou pavor é perfeitamente normal, mas quando já acordamos ansiosos, com momentos choro fácil, alteração no sono ou humor, aumento do nível de irritabilidade, redução do nível de concentração já é uma indicação de que há um sofrimento psíquico”, ratificou.
Taís Fernandina sustenta que com um cotidiano cada vez mais pesado, com exigências para respostas rápidas, a possibilidade de as coisas acontecerem em um tempo muito curto com auxílio da tecnologia, ficamos, cada vez mais, com a sensação de que temos que viver tudo numa impulsividade coletiva e competitiva, uma cobrança por produtividade e uma imposição de sobrecarga causada por agilidade incompatível. “Isso tem trazido inquietude, tirado o nosso sono, diminuído nossas horas de lazer. Tudo isso precisa ser reorganizado com uma boa gestão do nosso tempo. Precisamos compreender que a vida é construída de várias dimensões e para que a gente possa andar no equilíbrio não dá para direcionar o tempo só para o trabalho, por conta do risco de uma sobrecarga mental. Não é possível ser o tempo todo competitivo porque vamos ficar sempre olhando para o que a outra pessoa faz e em que tempo consegue executar. Isso traz uma sensação de que estamos sempre como retardatários. O enfrentamento vem justamente no sentido de se investir em autoconhecimento. Se questionar quem de fato você é, o que deseja e entender que não somos um espelho do outro. É importante se perceber como sujeito único, singular, completo, complexo e, a partir daí, definir quais são as prioridades”.
E por falar em prioridades, o primeiro mês do ano traz a campanha Janeiro Branco. Ao longo de 30 dias, profissionais da saúde, especialmente psicólogas e psicólogos, promovem atividades em prol da construção uma cultura de saúde mental. “A proposta de uma campanha como o Janeiro Branco vem justamente para chamar a atenção para um assunto cercado ainda de mitos que é a saúde mental e emocional. Esse é um assunto que não é devidamente tratado no âmbito familiar até mesmo pela própria herança da referência saúde-doença, como se percebia a doença, o que é saúde mental, o que é loucura. Todos esses conceitos que estão sendo revisitados na atualidade trazem a necessidade uma campanha para chamar a atenção de um cuidado que devemos ter durante toda vida”, finalizou Taís Fernandina.
Por Amália Roeder, da assessoria de imprensa