A juíza Rosivan Machado da Silva, da Comarca do município de Neópolis (SE), na região do Baixo São Francisco, revelou em audiência na Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, um esquema político envolvendo a manipulação de pessoas para ocuparem terras como se fossem remanescentes de quilombolas, em Brejo Grande.
“As pessoas que integram o grupo quilombola são obrigadas a fazerem campanha para os grupos ligados ao governo e participar ativamente da política partidária”, declarou a magistrada durante a audiência com senadores, na semana passada.
As declarações da juíza foram ratificadas pelo pescador José Fausto e pelo produtor rural Manfredo Goes Martins. “Os moradores foram manipulados por um padre para se passarem por remanescentes de comunidades tradicionais para dar celeridade ao reconhecimento da área quilombola”, revelou José Fausto, acrescentando que foi convocado (junto com uma pessoa identificada como Maria Pastora) para participar da ocupação e, mesmo sendo pescador, estava como quilombola. “Ele (o padre) disse olhe: vocês não precisam saber de nada. Vocês só precisam fazer o que eu mandar”, relatou.
Na audiência, Manfredo, que questiona a propriedade da terra, contou que a área requerida para desapropriação pertence a sua família desde o século XIX. “O meu tataravó arrendou terras, que por sucessão passou para seu filho, meu trisavó que era um médico e lá viveu. Infelizmente o Incra (Instituto Nacional de Reforma Agrária) não fez o que a lei manda, o que a lei determina. A antropóloga do Incra, também, não fez.”, disse Manfredo.
“É preciso que nós, como instituição política, com o poder que temos de exigir e cobrar sempre a transparência, via lei ou de qualquer maneira, esforcemos –nos para que haja mais transparência nesse processo”, enfatizou a senadora Ana Amélia (PP/RS), que preside a Comissão.
Com informações de Katia Santana, do Blog Café com Política