Segundo dados mais recentes da Sociedade Brasileira de Cirurgia Bariátrica e Metabólica (SBCBM), foram realizadas 74,7 mil cirurgias bariátricas nos serviços de saúde públicos e privados em 2022. Trabalhando como cirurgião bariátrico desde 2008 em Aracaju, Dr. Vinicius Bravo fala sobre as atualizações do tema.
A cirurgia bariátrica é um conjunto de procedimentos que modificam a passagem dos alimentos pelo estômago e intestino, atuando na quantidade de alimentos que a pessoa consegue ingerir, na absorção destes alimentos, e no estímulo de alguns hormônios no intestino, que atuam na saciedade e no controle da glicemia.
“As cirurgias podem ser restritivas, só atuando na diminuição do tamanho do estômago, e mistas, atuando tanto no estômago quanto no intestino, reduzindo a absorção de alimentos. As principais são o sleeve e o bypass, mas outras técnicas são utilizadas de rotina fora do Brasil, e estão em estudo para liberação no nosso país”, afirma Dr. Vinicius Bravo.
Os critérios de indicação são baseados em uma fórmula, IMC, ou índice de massa corpórea. Ela usa o peso e altura para calcular o nível de peso, que corresponde a faixas de risco. Acima de 40 = obesidade grau 3, tem indicação de cirurgia. Entre 35 e 40 = obesidade grau 2, a indicação se baseia na presença de doenças causadas pela obesidade. Entre 30 e 35 = obesidade grau 1, nos portadores de diabetes tipo 2 de difícil controle.
A cirurgia bariátrica traz melhora em doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, doenças renais, ortopédicas, ovários policísticos, apneia do sono, entre várias outras, reduzindo os riscos de complicações e mortalidade. Não é só uma questão de redução de peso e estética.
“A preparação envolve diversos exames, porque é um procedimento de grande porte pensado para ser de longo prazo. Envolve também consultas com diversos especialistas, clínicos, nutricionistas, psicólogos, para avaliar e acompanhar o paciente de uma forma global, melhorando os resultados da cirurgia”, detalha.
Atualmente, a cirurgia bariátrica é realizada principalmente por videolaparoscopia, uma técnica minimamente invasiva que utiliza pequenas incisões para inserir uma câmera e instrumentos cirúrgicos, reduzindo o tempo de recuperação e diminuindo o risco de complicações.
Normalmente o paciente fica internado de 24 a 48 horas após a cirurgia, devendo passar por um período de dieta restrita no primeiro mês; essa dieta vai sendo aumentada aos poucos, até serem liberados os alimentos sólidos. “Em relação a trabalho, a gente libera para atividades burocráticas após 10 a 15 dias; atividades que necessitem de esforços físicos precisam de mais tempo para retornar, entre 30 a 45 dias”, conta Dr. Vinicius.
Vale ressaltar que o bypass pode ser revertido, apesar de ser raro de acontecer. O sleeve, por retirar uma parte do estômago, não tem como reverter.
“A cirurgia, para ser eficaz no longo prazo, precisa que o paciente tenha uma rotina saudável de alimentação e atividade física. Sozinhas, as modificações da cirurgia fazem com que o paciente coma menos nos primeiros meses ou que possa mudar o gosto por alguns alimentos. Mas precisa de uma apoio nutricional para que essas modificações sejam saudáveis. Então, um bom projeto de cirurgia bariátrica vai mudar bastante coisa na vida do paciente, mas de uma maneira benéfica, comendo melhor e tendo atividade física regular”, destaca.
As técnicas de bariátrica prometem até 40% de perda de peso no longo prazo, mas para chegar a esse resultado de uma maneira permanente e saudável, sem desnutrição, perda de massa magra, menos flacidez, aceitando todas as modificações, do ponto de vista psicológico, reduzindo risco de reganho de peso, precisamos do apoio da equipe multidisciplinar, Cirurgião, Endócrino, Nutricionista, Psicólogo. “Mesmo a cirurgia sendo uma ferramenta poderosa na perda de peso, a obesidade é uma doença de tratamento complexo. Precisa ser abordada por todos os lados”, orienta.
A redução do peso melhora e alivia o esforço de órgãos como o coração, pulmão e circulação de um modo geral, aliviando a sua “carga de trabalho”.
“Por ter características inflamatórias e hormonais, a redução da gordura corporal influencia todo nosso corpo, de um modo benéfico, reduzindo a gravidade de doenças. Em relação ao diabetes tipo 2, a bariátrica estimula hormônios intestinais, que melhoram o funcionamento do pâncreas e o metabolismo da insulina. Isso ocorre nos primeiros dias, antes da perda peso significativa, levando a um melhor controle do diabetes tipo 2”, finaliza.
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Fonte: Rodrigo Alves, Assessoria de Imprensa e Marketing.