O cineasta Breno Silveira, 58 anos, morto neste sábado (14), em Vicência, na Zona da Mata Norte de Pernambuco, sofreu um infarto fulminante. O médico que o atendeu conta que ficou bastante abalado quando soube de quem se tratava. “Só soube depois que era ele. Assisti aos filmes, lamento muito, pelo brilhantismo do artista e por ver o quanto a equipe dele ficou consternada com o acontecido”, disse o clínico geral Ednaldo Vieira.
De acordo com o médico, Breno já chegou à unidade sem vida. “Levamos para a sala vermelha, de emergência, avaliamos o protocolo de urgência, de reanimação, mas nossos esforços foram sem sucesso, infelizmente”, afirma o médico , que assinou o atestado de óbito.
Breno estava em Pernambuco para as gravações do filme “Dona Vitória”, com Fernanda Montenegro no papel título. A trama conta a história de uma aposentada que desmontou uma quadrilha de traficantes e policiais a partir de imagens gravadas da janela do seu prédio, em Copacabana.
Breno foi levado à Unidade Mista Naíde Ramos Maranhão, único hospital de Vicência, por volta das 10h45 , por algumas pessoas da equipe de filmagem.
O atendimento durou cerca de 20 minutos. “Havia ausência de respiração, de pulso, cianose, as pupilas estavam dilatadas. As pessoas que o acompanhavam disseram que ele tinha pressão alta e pudemos fechar o diagnóstico clínico de infarto fulminante”, afirmou o médico.
Vieira disse que os acompanhantes contaram que Breno começou a sentir dor no peito e falta de ar durante a filmagem, mas que preferiu continuar trabalhando, até que piorou e perdeu a consciência. As filmagens do longa aconteciam em um engenho a cerca de 15 minutos do hospital.
De acordo com Vieira, o corpo foi liberado por volta das 14h. Um irmão de Breno, Luciano Silveira, esteve no hospital e o corpo foi levado para o Recife por volta das 18h. O enterro será no Rio de Janeiro.
Biografia
Breno Silveira se formou pela École Louis Lumière, de Paris, e teve sua primeira experiência como diretor de fotografia no longa “Carlota Joaquina: Princesa do Brasil”, em 1995.
Em 2000, foi diretor de fotografia do filme “Eu Tu Eles”, filme que chegou a ser selecionado para participar da mostra Um Certo Olhar, do Festival de Cannes.
Em 2005, estreou no cinema dirigindo “Dois Filhos de Francisco”, o filme mais assistido daquele ano com mais de 5 milhões de espectadores. O longa chegou a obter o posto de maior sucesso do cinema nacional desde a chamada retomada do setor, batendo ”Carandiru”, de Hector Babenco.
A história da dupla de sucesso Zezé Di Camargo e Luciano recebeu mais dez indicações ao Grande Prêmio do Cinema Brasileiro, inclusive na categoria de melhor filme. Levou a melhor em quatro categorias.
Outras produções famosas de Breno Silveira são “Gonzaga: de pai para filho (2012)” e “Era uma vez” (2008).
No ano passado, Silveira estreou “Dom”, uma série de ficção inspirada nas invasões de prédios feitas por uma gangue liderada pelo “bandido gato”, no Rio de Janeiro. Pedro Machado Lomba Neto, o Pedro Dom, era um jovem de classe média e dependente químico que acabou indo para o crime.
Na época, ele afirmou ao g1 que a ideia da série surgiu depois que o pai de Dom o procurou pedindo que alguém contasse a história do filho por uma outra ótica diferente das páginas de polícia dos jornais da época.
“Comecei a escutar aquele cara ainda muito transtornado com tudo. A princípio, me pareceu uma história muito pesada para contar, mas percebi que, no fundo, tinha uma história de pai e filho ali. Tinha uma outra camada que não era só o que ele me contava”, afirmou Silveira, na época.
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G1 PE