Eleições municipais
*Murilo de Aragão
Em outubro, os principais partidos medirão forças nas eleições municipais com o objetivo de fortalecer suas organizações para a sucessão presidencial em 2014. O foco será a conquista do maior número possível de prefeituras nas capitais.
Hoje, a distribuição partidária do poder nas capitais está dividida assim: o PT administra sete prefeituras (Fortaleza, Goiânia, Palmas, Porto Velho, Recife, Rio Branco e Vitória); o PTB, quatro (Belém, Cuiabá, Manaus e Teresina), mesmo número do PSB (Belo Horizonte, Boa Vista, Curitiba e João Pessoa); o PMDB governa três capitais (Campo Grande, Florianópolis e Rio de Janeiro); o PDT, duas (Macapá e Porto Alegre), o equivalente ao PP (Maceió e Salvador); e o PCdoB, uma (Aracaju), tal como o PV (Natal), o PSDB (São Luís) e o PSD (São Paulo).
As legendas que compõem a base de sustentação do governo Dilma Rousseff (PT, PMDB, PCdoB, PTB, PSB, PDT e PP) administram 23 das 26 capitais.
Para o PSDB, a eleição em São Paulo representa bem mais do que a possibilidade de vitória no município mais cobiçado do Brasil. Se José Serra entrar na disputa e vencer, ele se fortalece dentro da legenda como opção de candidatura presidencial em 2014. Se sair derrotado, perde espaço para Aécio Neves.
O envolvimento do ex-presidente Lula na campanha de Fernando Haddad deixa as coisas mais difíceis para Serra.
A disputa pela prefeitura de Belo Horizonte é outra que terá dimensões nacionais, por ser a capital de Minas Gerais, estado do senador e pré-candidato do PSDB ao Palácio do Planalto Aécio Neves.
Buscando abrir um canal de comunicação com o PSB, Aécio foi o principal fiador do apoio dos tucanos à reeleição do prefeito Márcio Lacerda (PSB), que também terá ao seu lado o PT. Até o momento, não existem adversários com potencial eleitoral para lhe fazer frente.
No Rio de Janeiro, o grande favorito é o prefeito e candidato à reeleição Eduardo Paes (PMDB), que, além do apoio do governador Sérgio Cabral (PMDB), tem o PT e o Palácio do Planalto como aliados.
Ainda que o ex-prefeito Cesar Maia (DEM) e o ex-governador Anthony Garotinho (PR) tenham patrocinado a chapa composta por seus filhos, respectivamente, Rodrigo Maia (DEM) e Clarissa Garotinho (PR), somente uma mudança muito brusca no cenário será capaz de abalar a vantagem que Paes tem sobre a chapa opositora.
Além da gestão bem avaliada, Paes conta com a força da máquina a seu favor, sem falar nos apoios dos governos estadual e federal.
Em Recife, o PT tentará manter a hegemonia que detém no maior colégio eleitoral de Pernambuco e chegar ao quarto mandato consecutivo. Ainda não há consenso interno a respeito da escolha do candidato. O atual prefeito, João da Costa, quer se lançar à reeleição.
Porém, outra ala do partido defende o nome do ex-prefeito João Paulo. Em meio à disputa interna no PT, há os interesses do governador Eduardo Campos (PSB), que claramente tem pretensões de disputar a presidência da República.
Eleição igualmente importante ocorrerá em Salvador. Mal avaliado, dificilmente o prefeito João Henrique (PP) terá força para eleger seu sucessor. Um dos favoritos é o deputado federal Nelson Pellegrino (PT), candidato do governador Jaques Wagner (PT). O nome mais forte da oposição é o do deputado federal ACM Neto (DEM), que poderá ser apoiado pelo PMDB, do ex-ministro Geddel Vieira Lima, e pelo PSDB, do ex-prefeito Antonio Imbassahy.
Os partidos que sustentam o governo Dilma Rousseff têm possibilidade de vitória em 17 capitais. A oposição é forte em Aracaju (SE), Belém (PA), Cuiabá (MT), Goiânia (GO), João Pessoa (PB), Rio Branco (AC), Salvador (BA), São Paulo (SP) e Teresina (PI).