por Fábio Lemos Lopes*
É a tropa conhecida pelos sergipanos como RP. Essa semana, na última sexta feira 27 de fevereiro de 2015, ela retirou das ruas a milésima arma de fogo. Fonte: dados dos últimos cinco anos, catalogados pela própria unidade, através dos ROPs (relatório de ocorrência policial). Trata-se de uma Unidade da polícia militar, criada com o intuito de patrulhar ostensivamente as ruas da nossa cidade, recobrindo as áreas dos batalhões sediados em nossa capital. Relatos dão conta de que sua criação remonta à década de 1960, mas somente com o decreto 6.877 de 06 de março de 1985, foi instituída como data formal a sua criação.
Esses patrulheiros se tornaram imprescindíveis na busca da convivência harmoniosa da sociedade sergipana, à medida que doutrinariamente e, ostensivamente, elevaram a prioridade número um à retirada de armas de fogo das ruas. Obviamente, muito desse formato da RP deve-se aos vários comandantes que por lá passaram e/ou que por lá estão. Além de guardar o sono dos sergipanos, essa tropa apoia, a qualquer hora do dia outras, unidades da policia militar, em situação de risco; porém não é apenas o já dito a sua função.
A polivalente RP age em várias situações de violência doméstica madrugada adentro, intervém em manifestação popular (quando necessário se faz); sendo a primeira unidade especializada da corporação militar convocada a se fazer presente nesses eventos. À medida que o patrulheiro é duro no combate à criminalidade este mesmo profissional tem sabido ser sensível e mediador de conflitos diversos.
Os muitos abnegados membros da RP costumam falar, quando do sucesso de uma ocorrência, que o raio caiu naquele local e o meliante sofreu a “patada do leão”; é linguagem de símbolos que representam esses valorosos homens e mulheres dessa destemida tropa. A vibração notável e contagiante quando da retirada de armas de fogo de circulação, bem como da localização de veículos recuperados, de drogas apreendidas, da identificação de foragidos da justiça etc. Esses PMs muitas das vezes abrem mão do convívio de seus familiares pelo simples fato de não permitirem que as diversas missões sofram soluções de continuidade e, até mesmo, em seus horários de folga, estão ajudando o Judiciário a instruir os inúmeros processos provenientes de prisão efetuadas quotidianamente. Desse modo, vão transmitindo sua cultura institucional de gerações em gerações aos novos policiais militares que chegam a essa unidade.
Mesmo diante da importância que essa tropa assumiu no contexto da segurança pública, ela padece de falta de estrutura diversa, desde os tão sonhados EPIs (equipamento de proteção individual); mas isso não tem sido óbice para quem vive do sentimento do dever cumprido. É bem verdade, há dificuldade de mensurar quantas vidas estão sendo salvas com a apreensão dessas mil armas de fogo pela rádio patrulha; entretanto uma coisa é certa: onde estiver um cidadão infrator e em sua posse armas de fogo ou outros ilícitos, a Rádio Patrulha vai buscar. O exitoso segredo desses combatentes consiste no simples fato de abordar, abordar e abordar incessantemente. É com essa roupagem que diuturnamente a RP vai cumprindo sua missão.
*É bacharel em gestão pública, especialista em violência, criminalidade e politicas públicas e acadêmico de Direito.