A energia vibrante que emana da Vila do Forró, na Orla da Atalaia, em Aracaju, atrai e contagia sergipanos e turistas. No ar, o cheiro de pipoca quentinha, o som contagiante da sanfona e o colorido vibrante das casas cenográficas que lembram vilarejos do interior. Trata-se de uma vitrine das tradições sergipanas, que valoriza as raízes locais e convida o público a vivenciar de perto as expressões populares que fazem do São João um festejo único.
E disso o vendedor de amendoim Renner Santos entende bem. A tática do ambulante chama a atenção pela técnica simples que ele utiliza para atrair os clientes. Renner oferece uma pequena porção para os potenciais clientes provarem e aposta no sabor como principal argumento de venda. Segundo ele, é o cheiro que convida, mas é o gosto que conquista. “O segredo é o sorriso no rosto e a confiança no produto. Quando vejo um turista, ofereço um pouquinho para provar, e não tem erro, o cliente já pergunta o preço e leva. É assim que a gente vai conquistando cliente por cliente, no jeitinho e no sabor”, explicou ele.
Logo na entrada, o olhar é fisgado por duas esculturas gigantes de barro, que parecem guardar a entrada da Vila como sentinelas culturais. Assinadas pelo mestre artesão Beto Pezão, elas representam mais que formas: são símbolos da identidade e da resistência nordestina. Atrás delas, o Coreto se destaca. É dele que ecoam os sons que embalam a noite: sanfona, triângulo, zabumba – ritmos que atravessam gerações e guiam os passos de quem se arrisca na dança.
Gestora de uma escola particular voltada para adultos com deficiência, Jucelia Brasil reforçou que a participação ativa dos alunos nos eventos é resultado de uma iniciativa que partiu deles próprios. Para ela, ações como a Vila são fundamentais para estimular os sentidos, promover o pertencimento e garantir um espaço livre de preconceitos. “Essa festa não é só um momento de lazer, é um mergulho em estímulos que despertam memórias e afeto. É impossível não se emocionar com o som do forró, o barulho das risadas, o batuque das mãos acompanhando o ritmo. Tudo aqui foi pensado para que cada um possa viver a festa com plenitude, no seu tempo, do seu jeito. É inclusão de verdade, com respeito, alegria e espaço para sentir”, contou ela.
Encantamento geral
Natural de Pernambuco, a aposentada Maria de Souza, que se diz sergipana de coração, não resistiu à beleza e delicadeza da casa de barro, seu espaço favorito na Vila. Encantada com os objetos antigos e o clima nostálgico do ambiente, afirmou que bastou entrar no espaço para ser tomada pela emoção. “Quando vi a casa de barro, meus olhos encheram d’água. Tudo ali me lembrou da minha infância, da casa dos meus avós. O cheiro de barro misturado com madeira, os objetos antigos, o rádio de pilha, a panela de barro no canto… Tudo simples, mas cheio de história. Só de ver aquelas coisas, o coração apertou. É como voltar no tempo, como se eu tivesse voltado para casa por um instante. Esse espaço me tocou de um jeito que não sei nem explicar”, revelou.
Do Rio de Janeiro, o casal de aposentados Eleonor e Carlos Gomes não abrem mão de viver o São João no ‘país do forró’. Há 20 anos, todo mês de junho, eles viajam a Sergipe em busca da autenticidade das festas juninas. Para ela, é o som da sanfona que dá início à magia: quando a música começa, segundo Eleonor, tudo ao redor desaparece, só restando ela, o parceiro e a pista.
“É só ouvir a sanfona que meu coração já se alegra. Naquele momento, não tem cansaço, não tem idade, não tem mais nada, só a música, meu companheiro e o chão para dançar. O cheiro da pipoca, o colorido das bandeirinhas, o calor das pessoas… Tudo aqui é verdadeiro, acolhedor. A gente volta todo ano porque é impossível ficar longe dessa energia. Aqui é São João de verdade, com alma, com emoção”, contou ela.
País do Forró
O Arraiá do Povo e a Vila do Forró são uma realização do Governo de Sergipe, por meio da Fundação de Cultura e Arte Aperipê de Sergipe (Funcap) e do Banese, em parceria com o Ministério da Cultura, por meio da Lei Rouanet de Incentivo à Cultura. O projeto conta com o apoio da Energisa, Aperipê TV, Netiz, TV Atalaia, Prefeitura de Aracaju, FM Sergipe e TV Sergipe; e com o patrocínio da Eneva, Iguá Saneamento, Maratá, GBarbosa, Sergas, Deso, Pisolar, Celi Engenharia, Rede Primavera Saúde, SEGV e Indra.
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Fonte: Agencia Sergipe de Noticias