O advento da internet e o respectivo acesso às ferramentas da nova tecnologia e, mais recentemente o incremento das redes sociais trouxeram para a sala de aula um novo problema: a ausência do aluno presente. Isso mesmo. A possibilidade de lidar com aparelhos celulares cada vez mais modernos e, através deles, se conectar com o mundo e pessoas distantes da escola reduz o nível de aprendizagem do aluno e consequentemente o seu rendimento e preparo para o mundo profissional, com implicações diretas nas avaliações apuradas em exames regulares.
Na Câmara dos Deputados, tramita o projeto de lei de autoria do deputado Alceu Moreira (PMDB/RS) que visa proibir a utilização de aparelhos celulares em salas de aula. Para o parlamentar, utilizar os aparelhos durante uma explicação é o mesmo que conversar durante a aula.
Estudos realizados, o mais recente deles na Inglaterra, dão conta de que as escolas onde os smartphones foram banidos verificaram a melhoria das notas de alunos em até 14%. Alunos com notas mais baixas, portadores de celulares, estão entre aqueles de pior rendimento, segundo o estudo. O celular funciona como uma escapatória do ambiente que pouco lhe interessa ou atrai, no caso específico, a sala de aula ou a matéria ofertada.
Para o reitor do Instituto Federal de Sergipe (IFS), Ailton Ribeiro, a atenção do aluno é primordial em sala de aula e defende o uso do celular como ferramenta para pesquisas acadêmicas. “Muitas vezes a atenção do aluno em sala de aula é mais importante do que o estudo realizado em casa. Qualquer meio que venha tirar a atenção do aluno é danoso. O uso das redes sociais, por exemplo, tira totalmente a atenção do aluno. Agora, o celular pode ser uma ferramenta eficaz na área da pesquisa caso o professor queira utilizar esses mecanismos para que em um determinado momento seja feito uma pesquisa”, argumenta o reitor.
O assunto é polêmico e remete a diversas discussões, inclusive em face da aprovação pela UNESCO, em 2013, do guia “Diretrizes de Políticas para Aprendizagem Móvel”. Enquanto algumas escolas aprovam a utilização dos celulares como instrumentos de pesquisa durante as aulas, outras não admitem a sua utilização. São posicionamentos conflitantes, inclusive com a opinião de pais de alunos, alguns desses totalmente favoráveis a utilização permanente desses instrumentos.
A gerente da rede SESI de Educação em Sergipe, Yacaia Lopes, explica que o uso do celular dentro da sala de aula nas unidades do SESI é proibido. “A proibição do uso em sala de aula está contida no Regimento Escolar Unificado da Rede SESI de Educação em seu capítulo V – do corpo discente – art. 56, item VI, bem como no contrato de matrícula assinado pelos pais e/ou responsáveis. Hoje, a grande maioria dos jovens são formados por uma cultura familiar sem limites, com isso, fica difícil e talvez até impossível o professor estabelecer uma metodologia adequada, no sentido de manter a concentração de todos os alunos durante as aulas, caso deixe o celular para livre acesso. Este é um dos motivos de não sermos a favor da sua liberação em sala de aula, pelo menos no momento atual”.
Porém, a gerente ressalta a importância do aparelho no auxílio da aprendizagem. “Inclusive seria uma solução inteligente para a evolução do ensino nas escolas, uma vez que o celular se transformou em uma ferramenta de livre acesso para todos, com tecnologia e recursos cada vez mais avançados que facilitam os acessos a internet móvel e uma infinidade de aplicativos para uso em pesquisas disponível a todo momento”.
Na verdade, o celular veio para ficar. Todos nós sabemos o quanto de benefícios essa tecnologia nos oferece. Outra realidade é que as aulas, mesmo em face da modernidade tecnológica, não pode ter a mesma dinâmica de há 20 ou 30 anos e há, hoje, no Brasil, na faixa etária dos 10 aos 17 anos, um exército de 10 milhões e 800 mil usuários conectados à internet através do celular. “Precisamos urgentemente trabalhar algumas qualidades nos alunos, tais como: disciplina, responsabilidade e comprometimento, além de regras e acordos de convivência, para assim podermos utilizar o celular a favor da educação, em sala de aula”, pontua Yacaia Lopes.
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