Do G1 SE
Um família de Porto da Folha, no sertão sergipano, está dividida. Sete dos nove filhos do casal de agricultores foram retirados de casa, pois estariam em situação vulnerável. Entre as crianças que não estão mais com a mãe, uma menina de cerca de sete meses de idade e uma criança com deficiência. Somente dois adolescentes de 15 e 16 anos continuam vivendo com os pais.
O Ministério Público de Sergipe (MP-SE) entrou com uma ação de suspensão do poder familiar após a análise de relatórios do Conselho Tutelar no município. Em janeiro, seis delas foram levadas e após um os conselheiros levaram uma menina de sete anos. “Nem como, nem bebo, nem nada. Só pensando em meus filhos. Queria que eles voltassem para casa comigo”, diz a mãe emocionada.
O promotor de Justiça, Bruno Melo Moura, disse que as crianças estavam em situação de risco. “Foi possível observar que uma menina de aproximadamente sete meses estava desnutrida, ela tinha peso e tamanho de um bebê de três meses. Também verificamos que uma criança com deficiência passava cerca de uma semana sem tomar banho”.
Fato estranho
De acordo com Bruno Melo, cinco crianças estão em abrigos de Aracaju e outras duas sob o cuidado de famílias, sendo que uma delas está em Belém, no Pará. O advogado da família, Paulo Afonso, disse que estranhou o fato de a filha mais nova ter sido levada para tão longe ao invés de alguma família de Sergipe ter ficado com a guarda provisória da menina.
“Uma delas foi praticamente tirada do peito da mãe quando tinha cinco meses de idade e entregue a uma magistrada de Belém do Pará. Isso deixa a gente com uma interrogação, querendo saber o por quê. Será que em Sergipe, em Porto da Folha que é o município deles, não existe nenhuma família tivesse a compaixão para ajudar essa criança?”, questiona o advogado.
Afonso levanta a hipótese de a criança ter sido levada para outro Estado por ter as características mais citadas na fila para adoção. A menina é branca e tem olhos claros devido a descendência dos holandeses que colonizaram o município. “Se fosse um de cor certamente não teria um destino desse tão distante”.
Possibilidade de volta
O promotor de Justiça disse que há a possibilidade de as crianças voltarem para casa. “Passado esse período de prova, o MP vai requerer a reinserção gradativa, primeiro os mais velhos. O MP e o Conselho Tutelar vão monitorar essa volta e depois disso haverá a reinserção dos mais novos”.
Uma audiência entre o promotor de Justiça, as testemunhas e os pais das crianças está marcada para a quinta-feira (29).