Brunno Kono | iG São Paulo
Há pouco menos de um ano, Ian McKellen, conhecido por seus papéis como Gandalf em “O Senhor dos Anéis” e “O Hobbit” e Magneto na franquia dos “X-Men”, revelou ter câncer de próstata. O ator de 73 anos é um exemplo distante de uma doença que pode bater na sua porta e que deve bater na de quase 69 mil brasileiros em 2014, de acordo com dados divulgados na última semana pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O Inca espera 576.580 novos casos de câncer entre os brasileiros para o ano que vem, e os homens são maioria, respondendo por 302.350 (52,4%) deles. Mais populosa, a região Sudeste concentra o maior número de ocorrências para 2014, com quase 157 mil, seguido do Sul (66 mil) e do Nordeste (47 mil). Quando o câncer de pele não melanoma – saiba mais sobre a doença aqui – não é considerado, o de próstata lidera nas cinco regiões do País.
Com exceção do câncer de pele não melanoma, os cinco casos mais esperados em 2014 são: próstata, traqueia, brônquios e pulmão, cólon e reto, estômago e cavidade oral. “A maioria desses tumores tem como fatores de risco a ingestão de álcool, o tabagismo e a má alimentação”, explica Felipe Roitberg, oncologista do Icesp.
“Uma vida saudável, longe do cigarro, com atividade física regular e avaliações médicas periódicas, principalmente depois dos 50 anos, pode prevenir ou ao menos diagnosticar precocemente os tumores mais prevalentes nos homens brasileiros”, completa Vinicius Vasquez, diretor clínico do Hospital de Câncer de Barretos, no interior de São Paulo. O iG ouviu três especialistas para que você saiba mais sobre os exames necessários, quando fazê-los e o que pode acelerar o surgimento da cada doença.
Exames preventivos: toque retal e o exame de sangue PSA (Prostate Specific Antigen). “O PSA é um marcador. Existe uma relação entre o valor dele e a chance de você ter a doença: quanto maior o PSA, maior a chance de ter. Acima de 4 é anormal”, diz Fábio Ortega, urologista do Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (Icesp). Já o toque retal – e não adianta inventar desculpas para evitá-lo – também é importante. “Ao tocar o urologista percebe se há ou não um tumor”, afirma. Após o diagnóstico por meio da biópsia, uma segunda fase vai determinar a categoria do tumor: localizado (dentro da próstata), localmente avançado (saindo da próstata) e avançado (em processo de metástase).
Com que idade você deve fazê-los: a partir dos 50 anos, mas pacientes que têm ou tiveram parentes de primeiro grau com a doença devem realizar os exames cinco anos antes. De acordo com Ortega, a idade mínima indicada subiu por conta do alto número de homens que fazem o rastreamento e o baixo número de diagnósticos.
A doença costuma aparecer em homens de que idade: a partir dos 50 anos. Caso o paciente tenha antecedentes familiares, a partir dos 45 anos.
O que pode acelerar o surgimento da doença: pessoas que fazem reposição de hormônios podem ter uma precipitação da doença, alerta o urologista. Outro fator defendido por uma linha de pensamento, mas não comprovado, é a alimentação. “A incidência no Japão é 13 vezes menor que nos EUA. Acredita-se que isso esteja relacionado à dieta. A oriental tem pouca gordura animal, ao contrário da norte-americana”, explica.
Principais sintomas: dificuldade de urinar, acordar mais vezes à noite e redução do jato urinário. Ortega pede, no entanto, que os homens não se consultem apenas quando tem sintomas. “Tem que ir ao médico independentemente dos sintomas. Não há nada que você possa fazer para evitar, mas os exames servem para detectar precocemente. Isso muda tudo. Se descobrir a doença na fase inicial, sua chance de cura é em torno de 90%.”
Exames preventivos: a melhor forma de prevenir é evitar o tabagismo, de acordo com Felipe. “É importante frisar que não existe uma carga tabágica segura. As pessoas dizem que estão reduzindo o número de cigarros por dia, mas não adianta reduzir, tem que parar mesmo”, diz. Ele afirma ainda que exames de rastreamento ainda não estão bem definidos e estabelecidos.
Com que idade você deve fazê-los: quem não fuma, não deve começar.
A doença costuma aparecer em homens de que idade: prevalece mais em pacientes mais idosos, a partir dos 60 anos, por conta da exposição ao cigarro. “O tumor demora anos, décadas para se desenvolver, mas a gente tem visto com frequência em homens mais jovens”, conta Roitberg.
O que pode acelerar o surgimento da doença: tabagismo. Fatores como herança genética, exposição ao arsênio, fibras de amianto e poluição também influenciam, mas com muito menos frequência, de forma “quase que desprezível”.
Principais sintomas: tosse, cansaço, astenia, perda ponderal. “A tosse piora, não cede e parece uma infecção. A pessoa acha que é uma pneumonia, mas no final das contas era um tumor que vinha crescendo. Quando os sintomas surgem, são bem tardios”, afirma o oncologista.
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