Na manhã do dia 23, uma equipe da VALE visitou a Câmara Municipal de Rosário do Catete, a pedido do vereador e presidente da Casa Legislativa, Delson Leão (PSB). O parlamentar usou a tribuna durante sessão plenária no último dia 13 de março para questionar o porquê do município não ter sido escolhido para sediar o projeto Carnalita. O acordo, que prevê um investimento bilionário em Sergipe, tem como objetivo produzir cloreto de potássio (KCI) por meio de “lavra de dissolução”, produzindo uma salmoura rica de sais de potássio, sódio e magnésio. Para o estado, o projeto assegura a continuidade da produção de potássio por mais 30 anos.
Os vereadores Hélio dos Santos (PV), Maura Cecília (PDT) e Maria José (PSB), acompanhados do presidente do Diretório Municipal do PSB e ex-prefeito Wagner Quintela, participaram da reunião. Além deles, também marcaram presença o secretário municipal do Gabinete Civil, Francisco Canindé Dantas, o secretário de Meio Ambiente, José Antônio Santos, e o diretor do Departamento de Tributos do município, Bruno Roberto. Representando a mineradora, o gerente de comunicação institucional da VALE Fertilizantes, José Ciaglia, o líder do projeto Carnalita, Evandro Arrais e o responsável pelas relações institucionais, José Roberto.
Ciaglia deu início à reunião frisando que a VALE faz questão de manter um canal de comunicação aberto com o município de Rosário do Catete, e que a mineradora fará o que estiver ao seu alcance para continuar apoiando a cidade. “Sobre o Projeto Carnalita, será fundamental a realização de um treinamento profissional e, nesse momento, vamos olhar Japaratuba, Maruim, Rosário do Catete, enfim toda a região. Esta é nossa intenção”, ressalta o gerente de comunicação.
Questionado sobre as razões de Rosário do Catete não ter sido escolhido para receber o projeto Carnalita, Evandro Arrais explicou que as razões foram basicamente técnicas, e que um dos objetivos da VALE é gerar resultados positivos não somente para os municípios produtores, mas também para toda a região. Ele garantiu que apesar de não sediar a usina, a população de Rosário do Catete terá oportunidades de emprego. Segundo o coordenador do projeto, a formatação dos cursos da parceria feita com o Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (SENAI) está em andamento, e os critérios para inscrições dos jovens rosarenses interessados em qualificação também serão definidos.
Wagner Quintela sugeriu que a VALE deve esclarecer para a administração de Rosário do Catete o que está faltando para que a mão-de-obra local seja absorvida pela mineradora. “Minha filosofia é contra o município simplesmente pedir. Temos que procurar meios de gerar mais empregos para a população rosarense. Se for para implantar cursos de capacitação, a prefeitura implantará, desde que a VALE absorva. Para isso, é necessário que a empresa oriente em relação aos cursos que serão úteis e aí a administração busca parcerias para promover as capacitações, pois não adianta o município disponibilizar cursos que não serão aproveitados”, defende Quintela, acrescentando que a administração municipal deve analisar o que é melhor para a geração de empregos.
“Uma cooperativa que, mesmo sem dar lucro, consiga quitar as despesas já é um problema solucionado. A VALE não tem que doar nada, nós temos que fazer um trabalho social, de serviços. A prefeitura pode se organizar melhor, já que é de interesse do município buscar soluções para o desemprego”, ressalta o socialista. Reforçando as palavras de Quintela, Bruno Roberto explanou para os presentes que hoje a VALE possui 63 empresas atuantes na usina em Rosário do Catete, e que paga em média R$ 7,8 milhões.
“Em cinco anos, Rosário perdeu mais de 40% dos seus funcionários para outros municípios. Por outro lado, o número de pessoas que não são de Rosário, mas trabalham aqui, é cada vez maior. Houve um aumento de 18,1% de pessoas de fora nos últimos três anos, e não são empregos de nível elevado, mas empregos de baixos salários, com mão-de-obra sem qualificação. Isso acontece tanto por parte das contratações de terceirizados quanto das feitas pela própria VALE. Eu demonstro os números baseado no conhecimento que tenho no dia-a-dia, mas reconheço nossa falha em não ter tentado uma aproximação maior com a VALE antes”, comentou o diretor do departamento de tributos.
Outra sugestão de Quintela foi que, para proporcionar uma relação boa com todos os municípios, haja determinado número de vagas de funcionários para cada cidade. “O tempo está passando e os senhores demonstraram aqui que estão com os canais abertos para comunicação, então vamos trabalhar”, conclui Quintela, dirigindo-se à equipe da VALE. Delson Leão reforçou a necessidade de receber a orientação da mineradora em relação aos cursos necessários para preenchimento de vagas na usina, para que a administração possa se preparar melhor.