Por Daniel Silveira e João Henrique do Vale – EM.com
Antes mesmo da juíza Marixa Fabiane Rodrigues anunciar a sentença, o choro da família do ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, já indicava que o Conselho de Sentença, formado por quatro homens e três mulheres, votou pela condenação do réu. Ele foi declarado culpado pelo homicídio duplamente qualificado e ocultação de cadáver da vítima Eliza Silva Samudio. O advogado que defendeu o acusado, Ércio Quaresma, confirmou o veredito e anunciou, de antemão, que irá recorrer da decisão e pedir a nulidade do processo.
Este foi o terceiro, e mais longo, julgamento dos acusados de envolvimento na morte de Eliza Samudio. Diz respeito ao encerramento da trama macabra da execução da amante do goleiro Bruno, ou seja, o homicídio em si. No primeiro júri, foi condenado o articulador do crime, que confessou ser parcialmente culpado. No segundo, foi condenado o algoz da vítima, que negou ser o mandante, mas também admitiu parcela de culpa. Agora foi a vez do executor ser sentenciado. Mas a condenação do réu não é suficiente para solucionar o mistério sobre o paradeiro do corpo. Talvez outros dois homens, que podem vir a responder pelo crime, deem a resposta tão ansiada pela agricultora Sônia de Fátima Moura, que clama o direito de enterrar a única filha.
Luiz Henrique Romão, o Macarrão, confessou à juíza Marixa Fabiane Rodrigues que levou Eliza para ser morta. Porém, afirmou que o fez a mando do seu patrão, o goleiro Bruno Fernandes das Dores e que não concordava com o plano. O ex-ídolo do Flamengo, por sua vez, perante a mesma juíza devolveu a culpa ao braço-direito, afirmando que o amigo de infância agiu sozinho, contra a sua vontade, mas sob o seu consentimento. Já Bola negou qualquer envolvimento no caso. “Eu sou inocente”, repetiu reiteradamente enquanto era interrogado diante do júri.
Mas, o Conselho de Sentença é soberano. Os quatro homens e as três mulheres que compuseram o corpo de jurados consideraram, em sua maioria, que as provas eram contundentes para atribuir ao ex-policial a culpa pelo extermínio de Eliza Samudio. A exata versão sobre os momentos finais da jovem permanecerá uma incógnita. A tese que vigora é de que ela foi enforcada, esquartejada e teve os restos mortais tornados pó e lançados à água. E com a sentença do acusado, fica legitimado que Marcos Aparecido é o homem que cuidou de dar fim à mulher que ameaçava a carreira do atleta ídolo de uma das maiores torcidas do país.
Foi, de fato, a cobrança de pensão alimentícia que motivou Bruno a mandar matar Eliza? Ou seria o ciúme de Macarrão pelo amigo de infância que o fez tramar tal crime bárbaro? Haveria outros motivos para que a jovem mãe fosse assassinada? Além dos três acusados já condenados, da ré absolvida, do outro réu morto, dos dois que ainda serão julgados, do rapaz que era adolescente na época do crime e já cumpriu sua obrigação com a Justiça, haveria mais gente envolvida na trama macabra? Sobram perguntas sem resposta. Mas o chamado Caso Bruno ainda não acabou.
Uma polêmica investigação suplementar, que ainda não tem prazo para ser concluída, promete trazer mais capítulos, quem sabe respostas, à trama. José Laureano de Assis, vulgo Zezé, e Gilson Costa são os nomes que agora irão ditar as próximas cenas. Depois de 34 meses acompanhando o caso, sabemos que alguns advogados também deverão lançar polêmicas no ar, para movimentar o enredo. Aguardemos, pois.
O ex-policial civil Marcos Aparecido dos Santos, o Bola, foi condenado na noite deste sábado a 22 anos de prisão em regime fechado pelo homicídio e ocultação de cadáver de Eliza Samudio, ex-amante do goleiro Bruno Fernandes de Souza.