Familiares, amigos e autoridades do Estado se reuniram na tarde deste domingo, 12, durante velório na Associação de Engenheiros Agrônomos de Sergipe (Aease), para prestar as últimas homenagens a Rosalvo Alexandre, conhecido como Bocão, falecido na madrugada deste sábado, 11. O ativista político e ex-vereador por Aracaju estava em Belo Horizonte quando sofreu uma parada cardiorrespiratória provocada por infarto fulminante, por volta das 0h30 do sábado, e não resistiu.
“O Rosalvo nos deixa um legado da história bonita que ele construiu na luta pela democracia no País. Ele participou de todos os movimentos de luta democráticos, fazia questão de participar de todas as campanhas políticas e era um conselheiro espetacular. Portanto, perdemos todos, perdem todos os sergipanos e todos aqueles que conviviam de perto com ele. Logo que assumi a Casa Civil, ele fez questão de me fazer uma visita para dizer que o governador Jackson Barreto me colocou ali para ajudá-lo, para ajudar no governo e aconselhou para que eu não deixasse de trabalhar junto ao seu companheiro e amigo Jackson Barreto. Ele era uma pessoa extremamente preocupada com todos, e a gente fica triste, Sergipe fica triste quando vemos ir embora um amigo querido, um guerreiro. Mas tenho certeza absoluta que Deus o receberá com os braços abertos”, declarou o governador em exercício, Belivaldo Chagas.
Para o presidente da Assembleia Legislativa de Sergipe, deputado estadual Luciano Bispo, Sergipe perde um político determinado. “Um homem de posições, que sempre militou na esquerda, que tinha teorias as quais defendia arduamente e tinha como grande amigo o governador do Estado de Sergipe, Jackson Barreto. Ele era um homem que defendia o que pensava, ninguém ia falar com ele pensado que ele diria algo só para agradar, ele era sempre verdadeiro. Era um homem que tinha ideais políticos, sempre preocupado com o povo sergipano e com o crescimento de Sergipe. O estado perde um grande homem e um grande político”.
AMS
Diagnosticado, há dois anos, com Atrofia de Múltiplos Sistemas (AMS), Rosalvo mantinha-se ativo na vida política sergipana, apesar das limitações físicas impostas pela doença neurodegenerativa.
Segundo a sua companheira há 12 anos, Aline Aragão, eles tinham ido a Belo Horizonte para ver umas adaptações para o carro, porque ele estava tendo dificuldade de mobilidade. “A gente iria no sábado fazer isso e nem chegamos a ir. Na sexta [10], jantamos, conversamos e ele estava bem, pediu até para tomarmos um chopp. Subimos para o quarto do hotel, a auxiliar de enfermagem, que nos acompanhava, e eu o ajudamos a ir ao banheiro e depois o deitamos na cama. Foi quando percebi que ele não estava bem, mas foi tudo muito rápido, não consigo mensurar o tempo em que tudo isso ocorreu, foi questão de dois minutos, foi infarto fulminante e a gente não teve como fazer mais nada. A enfermeira fez ressuscitação nele, massagem cardíaca, chamamos o Samu, que chegou em 10 minutos, mas não havia mais o que fazer e infelizmente ele veio à óbito”, explicou a servidora pública, Aline Aragão.
De acordo com Aline embora a doença de Rosalvo fosse crítica, ele estava muito bem e nunca deixou de receber os vários amigos que iam até a sua residência pedir conselhos políticos e administrativos para a gestão do Estado. “Foi algo que a gente não esperava, ele estava doente, mas ele estava bem, estável. O Rosalvo foi um homem brilhante na política de Sergipe, todos os políticos dão depoimentos sobre ele confirmando isso e, para mim, ele foi tudo na minha vida”.
Para o ex-secretário de Estado e assessor especial do governo, Carlos Cauê, Rosalvo deixa uma grande lacuna na vida administrativa e política de Sergipe. “Rosalvo foi seguramente, sobretudo nas três ultimas décadas, personagem ativíssimo da cena política sergipana. Eu tenho dito que, desde 1992 até 2012 todos os prefeitos que passaram por Aracaju beberam da fonte que era Rosalvo Alexandre, do conhecimento que ele tinha das questões urbanas, das questões políticas de Aracaju. Rosalvo era integrante de uma geração que, primeiro, marcou muito a vida do País, pela luta pela democracia e aqui, em Sergipe, se constituiu, efetivamente, em um oráculo. As pessoas o tinham como um oráculo, pessoas de todas as correntes e todos os matizes iam conversar com ele, ouvir sua opinião, fazer reflexões juntos a ele, porque ele tinha uma lucidez muito grande, uma capacidade de elucidação política muito grande e isso realmente vai deixar uma lacuna nesse cenário. Mas ele sempre disse que quando ele morresse queria deixar muito claro que ele amou, viveu, quis bem e teve todos os prazeres da vida”, disse o amigo de mais de 30 anos.
Chegada do corpo a Sergipe
O corpo de Rosalvo chegou a Sergipe por volta das 13h30, deste domingo. Os secretários de Estado da Segurança Pública, Mendonça Prado, e da Inclusão Social, Marta Leão estavam entre os amigos e autoridades que fizeram questão de recepcionar o agrônomo já no Aeroporto Internacional de Aracaju.
“Rosalvo era um homem diferenciado com qualidades extraordinárias, autêntico. Um homem de posição, um amigo sincero, coerente. E quando ele estava no poder sabia separar questões ideológicas de questões pessoais. Um político em extinção, que usava a política pelo bem do seu estado. Ele deixa muita saudade e um legado exemplar, de honradez”, afirmou Mendonça Prado.
Amigos desde 1965, o engenheiro agrônomo Sérgio Santana Menezes compartilhou grande parte da sua vida com Rosalvo Alexandre, desde a época do Atheneu, passando pela Faculdade de Agronomia de Cruz das Almas, onde se formaram em 1972 e depois no cotidiano da vida e do trabalho, em Aracaju. “Ainda estou assimilando tudo isso. Conversávamos diariamente e vai ficar um enorme vazio. Ele tinha uma liderança natural e uma preocupação muito grande com Sergipe. Embora ele tivesse com algumas limitações físicas por causa da doença, ele continuava com a mente ativa que sempre teve, com toda a inteligência que sempre demonstrou”.
Segundo o amigo, foi no Atheneu que Rosalvo recebeu o apelido de Bocão, por sua capacidade de articulação, sua risada característica e seu jeito falar alto. “E na faculdade em Cruz das Almas o apelido se consolidou, pela liderança que ele sempre exerceu na turma. Ele foi muito importante na vida política de Jackson Barreto, desde quando militavam pela democracia, quando ainda estudávamos no Atheneu até hoje. Jackson sempre se aconselhou com ele e sempre o ouvia, até quando ouvia dele um não. Ele o respeitava muito. Sei que Jackson tem muito amigos, mas não sei se ele tem outro amigo com a visão que tinha Rosalvo Alexandre”, conta Sérgio Santana.
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Agência Sergipe de Notícias