por Silvio Essinger/ O GLOBO
Quem estava acostumado a associar os sergipanos The Baggios diretamente a certos grupos americanos de rock com apenas dois integrantes verá agora que muita coisa mudou. Está liberado, a partir desta segunda-feira, no site http://www.thebaggios.com.br/, o download de “Sina”, álbum que sucede “The Baggios”, de 2011, um dos lançamentos mais comentados do rock independente brasileiro daquele ano. Com todas as letras em português, o novo disco preserva a sonoridade pesada do blues elétrico, mas incorpora elementos brasileiros, principalmente de artistas que fizeram a ponte entre o rock e os ritmos nordestinos nos anos 1970, como Raul Seixas e Alceu Valença.
— A minha meta era fazer um disco que não fosse apenas uma reprodução das melodias de White Stripes e Black Keys — conta o vocalista e guitarrista Julio Andrade, que montou os Baggios com o baterista Gabriel Carvalho em 2004, na cidade de São Cristovão. — Nos últimos dois anos, fizemos três turnês nacionais, uns 150 shows. Nos intervalos, fomos produzindo o novo álbum. Tivemos tempo para pensar nos arranjos.
Segundo Gabriel, tudo começou quando ele fez a música “Sina” e viu que um conceito se formava.
— Gosto de escrever sobre o interior, vejo que cada um tem a sua sina. A influência que sofri do blues me deu mais facilidade para escrever esses lamentos. Nem todos os meus dias são de sol, mas também não vivo na miséria.
Gravado em Aracaju, com produção da própria banda, “Sina” traz um som bem mais apurado do que “The Baggios”.
— Investimos num equipamento legal e também conseguimos juntar os melhores microfones da cidade — conta o vocalista, que ainda bancou uma arte gráfica caprichada. — Quem está na capa é o Agapito, figura conhecida de Aracaju, que sempre toca gaita nos shows. É um cara que representa bem as letras do disco.
O download de “Sina” é gratuito, mas há opções para quem quiser colaborar com pequenas quantias. Em breve, o site começa a vender a versão física em CD. Em novembro, quando a banda estiver em mais uma turnê nacional, sai o LP de vinil, com capa diferente e faixa extra, “Adios, Baggio”, dedicada ao amigo que deu nome à banda e que faleceu no ano passado.
— Era um músico que foi tentar a vida em Salvador nos anos 1970 e voltou frustrado e meio pirado. A música é uma homenagem a ele, de certa forma a continuidade de seus sonhos.