* José Lúcio B. Silva
Sempre ao longo da História, observou-se que nenhum sistema, sob quaisquer aspectos resistiu ou se manteve isolado. Isso no campo político, social, econômico, industrial, ou até mesmo familiar ou pessoal. Temos inúmeros exemplos de povos, países e nações que foram derrotadas por sí mesmas devido o seu isolamento: Egito, Grécia, Roma que o digam. Em nossos tempos podemos observar o fenômeno na extinta União Soviética, na própria China, e nas agonizantes Coréia do Norte e na Ilha de Cuba.
No nosso Brasil temos como exemplo o caminho trilhado pelo Partido dos Trabalhadores o PT, que para sobreviver teve que mudar ou adaptar-se totalmente aos moldes sociais democratas chineses, para chegar ao poder. Naturalmente que a nova postura do PT influenciou em todos ou na maioria dos estados brasileiros, inclusive Sergipe.
E em São Cristóvão o que temos como um órgão isolado tentando sobreviver sozinho pelos simples fato de servir de massa de interesse político ou depositário de votos, ou ainda como reserva para detentores de privilégios ou apadrinhados políticos. O famoso e inoperante Serviço Autônomo de Água e Esgoto de São Cristóvão-SAAE.
Todo este arrazoado é para tentar explicar o que enxergo como questões cruciais da cidade: um deles é o Fornecimento de Água da cidade. Totalmente obsoleto e ultrapassado, sem nenhuma perspectiva de melhora a curto ou mesmo a médio prazo. Ele de fato só está atualizado para ser usado na garantia de votos e local para empregar apadrinhados políticos.
Mas, vamos a uma análise racional para tentar justificar o que falamos até agora:
Por que o SAAE não pode continuar gerenciando o nosso fornecimento de água?
1. Está totalmente obsoleto em todo seu equipamento. Ainda existem tubulações de ferro, já existem casos que o caramujo é encontrado no contador bloqueando a passagem da água. As famosas ETA’s não fazem o tratamento correto pois estão defasadas. Quando se limpa uma caixa d’água, o fundo é só lama inclusive com mau cheiro.
2. Em Sergipe só existem mais duas cidades com o serviço de SAAE: Estância e Capela. Quando os prefeitos são partidários ainda existe algum intercambio ou empréstimo de material, quando não, o que vemos é que aconteceu essa semana, Uma bomba quebra e não há outra para substituir privando toda a população de um serviço indispensável.
3. Pelo lado econômico essa autarquia é totalmente inviável, pois o que ela fatura mal cobre as despesas de operação, não tendo a mínima condição de investimento planejado. A todo instante é cobrada pela ENERGISA e o débito está próximo os R$-100.000,00.
4. Mesmo com uma arrecadação mínima sabe-se que sempre é sangrada para cobrir “outras despesas”
5. O pessoal apesar de todo esforço dos mesmos, eles não tem treinamento adequado e/ou atualizado para poder desempenhar a contento as sua tarefas, como também se sentem desestimulados para exercê-las, visto que lhes falta ferramentas, equipamentos e incentivos pessoais.
6. Sem condições financeiras de se reciclar a situação ainda é mais grave no que diz respeito às obrigações sociais, pois é sabido que a dívida com o FGTS e INSS vem de longas datas, sendo constrangedor a situação quando um funcionário aposenta ou tem seu contrato rescindido.
O mais grave de toda situação é que não existe nenhum esforço dos três poderes para solução do problema, já que a responsabilidade não é somente do poder executivo. Existem dezenas de reclamações na justiça tanto contra o órgão em si, como contra o atendimento do pessoal.
Por seu lado, o poder legislativo que deveria ao menos ouvir ou fazer uma campanha entre a população, para ter noção da gravidade do problema, nada faz a respeito, preocupados apenas em discutir quem será o seu presidente na Magna Casa municipal.
É sabido que temos sete ou oito beneficiadoras de água mineral no município. Por que não se faz um esforço ou um estudo para ver a viabilidade de um fornecimento de água digno da quarta cidade mais antiga do Brasil? Aliás, salve engano, um desses empresários apresentou um projeto ao poder executivo (que não deu a mínima atenção) de que em menos de um ano deixaria toda a cidade com toda tubulação reparada sem ferrugem e em cada casa teríamos água mineral até para a descarga.
Naturalmente que um serviço dessa magnitude requer grandes investimentos em poços artesianos e maquinário, portanto requer um custo elevado. Mas, existe custo elevado para uma solução em definitivo e com uma qualidade excepcional? Vocês acham que por questiúnculas políticas, devemos continuar recebendo “água em pasta”? Facesboquianos sancristovenses, se liguem. Reclamar somente não resolve.
*Professor de História-UFS 2002. Ex-administrador de Empresa