Por Léo Moreno*
Há poucos dias a imprensa mundial anunciara a chegada de mais um herdeiro da realeza britânica, deram ênfase de um evento planetário, o mesmo que a passagem de um cometa, não pude deixar de refletir sobre o assunto, os herdeiros da coroa podem parir igual a preás, não precisam fazer planejamento nenhum, pois todos os custos correrão por conta do povo.
Nesse sentido me pus a refletir sobre a realeza brasileira, aqueles que nascem muito bem e também têm tudo às custas do povo, aqueles que recebem dos pais vultosas heranças quase sempre de origem duvidosa, ou claramente advindas da sangria do erário, com o assento do registro civil, o herdeiro da realeza brasileira, recebe seu primeiro título, irrenunciável, incontestável, a “inocência” que o acompanhará eternamente e logo ao completar a maioridade recebe de presente um emprego público de relevada importância salarial, mas que não precisa naturalmente trabalhar.
Nesse emprego, ou ação social de fachada, ele aparece sempre na mídia direcionada como se o carpinteiro do universo fosse, e na primeira oportunidade, (pleito eleitoral), ele se doa inteiramente, sacrificando-se, colocando seu valoroso nome e sua experiência a disposição do povo, via de regra se elege.
O grande problema da realeza brasileira, que é formada pelos políticos, é que diferente da britânica, aqui eles não esperam o rei morrer ou abdicar, aqui à medida que se elegem eles se tornam todos reis ao mesmo tempo e são sustentados pelos povo e cada membro da família real política que vai se elegendo já pode ir fazendo filho adoidado porque certamente eles também já nascerão bem, inocentes e predestinados a serem sustentados a vida inteira pelo povo, através de salários imorais.
O mais interessante de tudo é a forma como isso acontece, pois alguém poderia dizer até que eles se elegem porque os homens de bem não se candidatam, a verdade não é exatamente assim o grande segredo para a perfeição desse elo sistemático é justamente o fato de que dispõe a lei sobre a candidatura vinculada ao partido e o partido estabelecer a convenção, essa convenção é o filtro, é o gatilho que garante a eleição antes mesmo do voto.
Na convenção se decide que os membros da realeza serão eleitos, nos rigores do sistema, é mínima a possibilidade de entrar alguém que não seja da família real, que não seja herdeiro de outro político, ainda assim um novato com possibilidade de se eleger é alguém que goze de alguma regalia e alta confiança da realeza suja, os demais admitidos na convenção são fragmentados pela cifra condicionada de coeficiente que só servirá mesmo para preencher lugar de alguém, de sangue vermelho, que não tenha sido antes eliminado pelo primeiro filtro da política, utilizado para dela afastar os homens/mulheres de bem, esse filtro é a desonra, a falta de ética, o mau exemplo da cleptomania compulsiva.
Os preparativos eleitorais, mais precisamente as convenções, as coligações, e os acordos espúrios tornam o voto mero ato solene que inconsciente apenas confirma o que foi decidido pelos reis, nos subterrâneos lodosos da politicagem que mantém o nosso país em regime de capitanias hereditárias, sob aparente forma de democracia, e repeito leis.
E importante verificar que a grande maioiria dessas sucessões eleitorais, dessa política vergonhosa de pai para filho, para irmão, para esposa, para sobrinho e etc, também existe condenações por improbidade administrativa, contra os membros da família porque a herança é completa, transferem-se os bens e os péssimos costumes.
Outra característica muito forte no meio é o fato de que a grande maioria dos agentes políticos envolvidos em corrupção, improbidade administrativa, e outros crimes, é de políticos reeleitos, obviamente com a reeleição o político de caráter rasteiro começa a sentir-se dono da coisa pública, dono de mandato, um verdadeiro rei, ai então fica incontrolável, poderoso demais, um semideus, perde de vez o respeito à lei e à justiça, reelegendo-o o eleitor cria um monstro.
Não bastasse toda gama de meios que manipulam os resultados das eleições, há ainda alguns políticos que reunidos em súcias desviam valores inestimáveis do erário, prejudicam sobremaneira a sobrevivência do povo em todos os sentidos, acumulam verdadeiras fortunas e quando chegam ao pleito eleitoral, praticam a criminosa compra de votos, daqueles eleitores menos avisados, que sequer imaginam que o dinheiro com que estão comprando sua dignidade é apenas uma migalha do que lhes fôra roubado durante todo o mandato por aquele político. Igual a um moinho que para bombear a água de um rio para lugares distantes usa a força das suas próprias águas.
A política brasileira precisa urgentemente ser repensada, ou será o fim; precisamos evitar que se reelejam os corruptos ou estamos lhes garantindo imunidades e por isso não poderemos reclamar da ineficiência da justiça, de igual forma devemos evitar a perpetuação de quem quer que seja nos cargos eletivos, ou que se afastando coloquem os parentes no lugar porque os mandatos não são propriedades particulares dessas oligarquias.
Reflitamos quem quer seja aprovado em um concurso público está abrigado a apresentar declaração negativa de efeito positivo de condenações criminais e cíveis, atestar que não responde a inquérito na polícia, (os populares folha corrida e atestado de antecedentes criminais), também na iniciativa privada se exige tais documentos integrantes dos pré-requisitos, até mesmo para os cargos mais humildes, no caso de ser o individuo processado ou estar respondendo a processo ou inquérito, certamente não será admitido, porque sua idoneidade não está comprovada; então porque motivo votamos em um candidato condenado, ficha suja, respondendo a processos, alguns inclusive muitos conhecidos pelas práticas desonestas?
Quando votamos conscientemente em políticos desonestos, ou os defendemos em suas roubalheiras em nome de ideais políticos partidários, não podemos reprimir o batedor de carteira, nem achar ruim o ladrão da saidinha de banco, o ladrão que rouba nosso carro, o celular, o estelionatário que nos leva a economia de uma vida, a falta de médicos, a falta de medicamentos e equipamentos, os atrasos de salários, os buracos nas ruas e estradas, sequestradores enfim, tendo votado nos corruptos, fomos nós mesmos quem institui o caos.
Por conclusão, um país governado por ladrões em quase todas as suas esferas e funções do poder, não pode ser um lugar ideal para se viver, não pode ser cultura pacífica que todos são iguais perante a lei, quando prerrogativas de foro põe a lei diferente para alguns, principalmente em beneficio dos desonestos. Não é aceitável o desculpa horrorosa do rouba, mas faz ou do menos pior, o político corrupto não representará os verdadeiros interesses coletivos nem o Brasil que quero por direito deixar aos mais jovens.
No meu Brasil, o único rei é Jesus.
“De tanto ver triunfar as nulidades; de tanto ver prosperar a desonra, de tanto ver crescer a injustiça. De tanto ver agigantarem-se os poderes nas mãos dos maus, o homem chega a desanimar-se da virtude, a rir-se da honra e a ter vergonha de ser honesto.” [Rui Barbosa]
Por Léo Moreno, Servidor Público aposentado pelo Estado de Sergipe
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