Agora, dá. É com esse slogan que o poeta, jornalista (e de quando em vez nudista) Araripe Coutinho (PR) entra na disputa por uma vaga na Câmara de Vereadores de Aracaju. Catapultado aos holofotes da mídia após a polêmica envolvendo as fotos onde aparece nu em um museu sergipano, Araripe garante que já é nu 24 horas por dia. Além de sem roupa, o poeta diz que está sem apoio, sem jingle e sem carro de som, mas garante que não só está eleito, como será o vereador mais votado de todos os tempos. Ele afirma que será um parlamentar independente e de oposição (ainda que seu partido apoie o prefeito) e relata algumas dificuldades que vai encontrar na campanha: “Aracaju é uma cidade muito provinciana, as pessoas gostam de macho mandando”.
BLOG DO MAX – Qual é a sua plataforma de campanha?
Araripe Coutinho – Tenho vontade primeiro de me tornar um vereador de oposição, independente, mesmo que o meu partido apoie o prefeito eleito. Pode soar como utopia ou hipocrisia, mas não é. A Câmara nas últimas quatro décadas tem sempre dito sim ao Executivo, e isso tem prejudicado o andamento dos projetos pertinentes ao desenvolvimento da cidade. Obras estruturais, o Plano Diretor, enfim, prospecção básica para a cidade que agoniza em meio século de atraso. Então, falar em plataforma sem posicionamento político de independência do Executivo é nadar e morrer na praia.
BM – A campanha seguirá a linha do bom humor ou trará propostas para a cidade?
AC – Claro. Sem dinheiro, tem que ter o humor. Existem casos fantásticos como Rôla, Tiririca, Clodovil. Mas são raros. Humor barato não pega. Gostaria que acontecesse algo novo. O meu número é ótimo 22.224, o meu partido é maravilhoso, o PR – Partido da República. Não tenho um apoio ainda. Não tenho um jingle, um carro de som, um panfleto, só o Heyder Macedo de Natal(RN) está fazendo a minha campanha publicitária, de graça.
BM – Ainda existe preconceito em relação aos homossexuais?
AC – Só existe preconceito. Quero passar o que eu tenho de melhor: saí do armário muito cedo, sou transparente até nas fotos do museu que me deram manchete até na americana CNN, mas bandeira não elege mais ninguém. A não ser que você tenha um sindicato que feche com você.
BM – Qual será o seu slogan?
AC – Agora, dá.
BM – Você espera que os homossexuais votem em você? A categoria é unida?
AC – Claro que não. Se gay votasse em gay eu estaria eleito. O Jean Willys pra ser eleito teve que sair de Salvador, ir pedir voto no Rio. Aracaju é uma cidade muito provinciana, as pessoas gostam de macho mandando. Gay é frágil. Você tem que virar um bbbosta da vida.
BM – Araripe vai tirar a roupa na Câmara, caso seja eleito?
AC – Eu já sou nu 24 horas. Dou a cara pra bater o tempo todo, e pago um preço absurdo. Só eu sei o que é ser eu. “Me chamam de ladrão, de bicha , maconheiro”, aquele jargão de Cazuza. E olhe que eu nem sou chegado a ele (Cazuza!), mas me veio agora! Por isso, tudo que eu fiz foi bem feito. Caí, levantei, sofri, tô na luta e não paro mesmo nunca. Serei o mais votado vereador da história de Aracaju. Porque agora, dá.
BM – Como serão suas inserções no horário eleitoral?
AC – Rápidas e rápidas. Sérias e bem humoradas. Serei eu. Isso já não é o máximo, Max Augusto!?
BM – Você acha que conseguirá se eleger?
AC – Bato três vezes na mesa com sua pergunta de mau agouro. Já estou eleito. Outubro dirá.