Os preços dos gêneros alimentícios essenciais subiram, em fevereiro, em nove das 18 capitais onde o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) realiza, mensalmente, a Pesquisa Nacional da Cesta Básica. As maiores elevações foram apuradas em Aracaju (5,31%), Florianópolis (2,49%) e Rio de Janeiro (1,35%). Retrações ocorreram em João Pessoa (-3,47%), Manaus (-3,44%) e Brasília (-2,91%).
Em fevereiro de 2014, Florianópolis foi a capital onde se apurou o maior valor para a cesta básica (R$ 330,75), seguida por Vitória (R$ 328,43) e São Paulo (R$ 325,35). Os menores valores médios foram observados em Aracaju (R$ 225,57), João Pessoa (R$ 255,00) e Salvador (R$ 262,78).
Com base no custo apurado para a cesta de Florianópolis, e levando em consideração a determinação constitucional que estabelece que o salário mínimo deve suprir as despesas de um trabalhador e sua família com alimentação, moradia, saúde, educação, vestuário, higiene, transporte, lazer e previdência, o Dieese estima mensalmente o valor do salário mínimo necessário para uma família de quatro pessoas.
Em fevereiro de 2014, o menor salário pago deveria ser R$ 2.778,63, ou seja, 3,84 vezes o mínimo em vigor, de R$ 724,00. Em janeiro, o mínimo necessário era menor, equivalendo a R$ 2.748,22, ou 3,80 vezes o piso vigente. Em fevereiro de 2013, o valor necessário para atender às despesas de uma família chegava a R$ 2.743,69, o que representava 4,05 vezes o mínimo de então (R$ 678,00).
Variações acumuladas
Nos dois primeiros meses de 2014, oito capitais apresentaram alta nos preços da cesta básica. As maiores elevações ocorreram em Aracaju (4,05%), Florianópolis (3,58%) e Vitória (2,19%). Outras 10 cidades tiveram redução, que oscilaram entre -4,55% em Belo Horizonte e -0,25% no Rio de Janeiro.
Em doze meses – entre março de 2013 e fevereiro último cinco das 18 cidades apresentaram alta: Florianópolis (5,18%), Vitória (4,80%), Belém (4,24%), Rio de Janeiro (2,57%) e Curitiba (0,08%). Nas demais localidades, os recuos oscilaram entre -5,58% (João Pessoa) e -0,10% (Recife).
Cesta x salário mínimo
Em fevereiro, para comprar os gêneros alimentícios essenciais, o trabalhador remunerado pelo salário mínimo precisou realizar, na média das 18 capitais pesquisadas, jornada de 88 horas e 30 minutos, tempo ligeiramente menor que as 88 horas e 51 minutos exigidas em janeiro. Em relação a fevereiro de 2013, a jornada comprometida foi menor, já que naquele mês eram necessárias 94 horas e 57 minutos.
Quando se compara o custo da cesta e o salário mínimo líquido, ou seja, após o desconto referente à Previdência Social, verifica-se que o trabalhador remunerado pelo piso nacional comprometeu, em fevereiro deste ano, 43,73% de seus vencimentos para comprar os mesmos produtos que em janeiro demandavam 43,90%. Em fevereiro de 2013, o comprometimento do salário mínimo líquido com a compra da cesta equivalia a 46,91%.
Comportamento dos preços
O preço do leite diminuiu em 16 localidades, sendo que os maiores recuos aconteceram em Recife (-7,01%), Curitiba (-5,17%), Brasília (-4,75%) e Belém (-4,35%). Houve aumento de preços em duas cidades apenas: Aracaju (0,50%) e Campo Grande (0,44%). Apesar da menor produção do leite devido à seca, houve diminuição do preço do bem, já que o volume de estoque nos laticínios e cooperativas é alto. Isso reduziu o ritmo de compra de matéria prima por parte das empresas. Em 12 meses, houve aumento em todas as capitais, com variações entre 2,53% em Manaus a 18,34% em Aracaju.
O preço do feijão diminuiu em 15 capitais no mês de fevereiro. As maiores quedas ocorreram em Recife (-9,95%), Fortaleza (-7,45%), Natal (-5,97%), João Pessoa (-5,69%), Salvador (-5,49%) e São Paulo (-5,07%). Os aumentos aconteceram em Manaus (5,56%), Aracaju (4,20%) e Belém (2,34%). Na comparação anual, os preços decresceram em 11 capitais, com as variações mais expressivas em Fortaleza (-37,35%), Goiânia (-35,74%), São Paulo (-35,51%) e João Pessoa (-35,32%). As maiores altas acumuladas foram registradas em Florianópolis (27,72%), Rio de Janeiro (17,04%) e Porto Alegre (17,01%). Grandes estoques de feijão, reunidos desde dezembro, seguram o preço ao consumidor.
Porém, há previsão de aumento do valor do grão, diante do calor excessivo e da desvalorização do real, uma vez que parte do feijão consumido internamente vem de fora do país. O açúcar também mostrou, em fevereiro, redução no valor em 15 cidades e estabilidade em Natal. As maiores quedas aconteceram em Brasília (-5,98%), Salvador (-3,83%), São Paulo (-3,78%), Vitória (-3,16%) e Rio de Janeiro (-3,11%). Somente em Aracaju (4,84%) e Curitiba (2,89%) houve elevação.
Fonte: Dieese
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