
Os valores serão devolvidos na mesma conta em que o beneficiário recebe a aposentadoria – Foto: Marcos Oliveira / Estadão
Gilberto Waller Júnior, presidente do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), afirmou que o ressarcimento dos valores de aposentados e beneficiários lesados no esquema de fraude, responsável por um desvio de R$ 6,3 bilhões, ocorrerá via benefício e via benefício e de maneira automática.
“Será feito via benefício, via conta do benefício. Nada de Pix, nada de depósito em conta e nada de sacar em banco”, declarou em entrevista à CBN nesta terça-feira, 6.
Ainda segundo Waller Júnior, o que ainda está em discussão é se o ressarcimento será da instituição ou do poder público. No entanto, o que já está certo é que os valores serão restituídos pela mesma conta onde é depositado o valor do benefício regularmente.
“Da mesma conta que ele recebe, o seu benefício previdenciário vai ser depositado. Por isso eu peço, é para todos, não caia em outros golpes, não assine nada, não abra link, não acredite em ninguém que esteja vendendo facilidade”, explicou.
Ainda não há data para que a devolução ocorra, mas segundo o presidente do INSS, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) pediu agilidade no processo. Embora o plano para o ressarcimento de beneficiários ainda não esteja pronto, está em fase final, conforme Waller Júnior havia adiantado nesta segunda, 5, e deverá ser entregue até a próxima semana.
O que se sabe sobre a fraude
O relatório da Polícia Federal mostrou que o esquema teria como alvo pessoas especialmente vulneráveis, como moradores de zonas rurais, pessoas com deficiência, doentes com impossibilidade de locomoção e analfabetos.
Entidades sindicais e associações que prestam serviços a aposentados cadastravam indevidamente beneficiários do INSS, usando assinaturas falsas, e aplicavam descontos em seus benefícios diretamente da folha de pagamentos. O esquema começou durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) e se aprofundou no atual governo.
O lobista Antonio Carlos Camilo Antunes, o “Careca do INSS”, sócio de 21 empresas, é apontado como o operador central do esquema. Ele teria recebido R$ 53,88 milhões de associações envolvidas e fez repasses milionários para servidores do órgão suspeitos de participação nos crimes.
O relatório da PF citou o então presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, demitido na semana passada, como figura-chave da estrutura do esquema. Ele foi indicado ao cargo por Lupi Woney Queiroz, ex-deputado federal do PDT, exercia o cargo de secretário-executivo da Previdência Social e também participou da reunião do Conselho Nacional da Previdência, em 2023, na qual as primeiras denúncias foram apresentadas.
As medidas para coibir a fraude só foram tomadas um ano depois. Ainda assim, a escolha de um nome ligado diretamente à antiga gestão pode não ser positiva. A oposição já sinaliza que vai cobrar explicações e pode passar a pressionar agora pela saída de Wolney.
Lupí, vencido pela pressão crescente, pediu demissão na sexta-feira, 2. Nos bastidores, o governo avaliava que a permanência de Lupi era insustentável. A saída foi negociada diretamente com Lula.
Em nota, Lupi afirmou que seu nome não foi citado nas investigações, mas reconheceu a gravidade da crise. Ele acrescentou que seguirá acompanhando as investigações e colaborando com o governo para que os recursos desviados sejam devolvidos integralmente aos beneficiários.
Acompanhe também o SE Notícias no Instagram, Facebook e no X
Fonte: Redação Terra