Ao velar a coerência de manter-se um partido afastado do DEM, o Partido dos Trabalhadores, ao menos a corrente Articulação de Esquerda, talvez não perceba os espinhos nas rosas vermelhas, mas age contra o sonho do governador aliado Jackson Barreto (PMDB) de suceder a si mesmo, nas eleições de outubro próximo.
Refiro-me ao fato de os petistas Valter Pomar e da deputada genuína Ana Lúcia, nesta terça-feira 21, não apenas ratificarem que o PT Nacional tem a tal resolução que impede uma aliança com o DEM, mas, sobretudo, ventilarem João 2014.
Ao soltarem na imprensa que acreditam em uma candidatura do Negão ao Governo do Estado, os petistas não apenas fazem o marketing do adversário gratuitamente às vésperas de as campanhas ganharem as ruas como também auxiliam aliados do senador Eduardo Amorim no trabalho de frustrar o sonho de JB em ter João no seu palanque.
Sem falar que num momento em que as pesquisas, aliados próximos e, pelo que circula nos bastidores, até o senador Antônio Carlos Valadares, alimentam o projeto na cabeça do prefeito de Aracaju, o que JB menos quer é um PT cogitando João no páreo. Pode até soar mais um estímulo.
Ainda que ninguém comprove que JB estaria tentando fazer um acordo com João, é possível discernir o desejo pela aliança – seja pela postura de JB, que tem evitado criticar o histórico adversário ou mesmo no sentimento do PMDB, quando manifestou isso diretamente nas pessoas do deputado estadual Zezinho Guimarães e do vereador Robson Viana.
Como não há menino em política, evidente que além da ideologia petista estaria também em questão o orgulho petista. Já pensou se vinga uma aliança Jackson e João, tendo a permanência de Valadares no grupo? O PT, que nas duas últimas eleições comandou o processo, tendo no falecido Marcelo Déda o nome do grupo para disputar o maior cargo, nesta projeção, sequer teria como permanecer na majoritária. Quem no PT faria frente às indicações de João e Valadares?
O pior para o PT neste momento é que, como já disse neste espaço, há meses, o partido, ironicamente, está nas mãos de João Alves. Se João fizer acordo com JB, um abraço.
Sem alternativa, cabe, então, ao PT apostar suas fichas em João Alves dar de ombros ao sonho de JB, e ser candidato. Até porque, a esta altura, os petistas devem acreditar também que se isso não acontecer, certamente, João estará bem mais próximo de permanecer com o grupo liderado pelo senador Eduardo Amorim, que passar por cima das incoerências políticas e subir no palanque, até então, adversário histórico.